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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Astrônomos detectam quasar mais distante já encontrado

Uma equipe de astrônomos detectou, com o auxílio de telescópios poderosos como o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do Observatório Europeu do Sul (ESO), detectou o quasar mais distante. Os resultados dos estudos do grupo é tema da revista “Nature” desta semana.
Quasares são galáxias muito brilhantes e distantes da Terra. Possuem a massa de milhões de sóis, porém confinada em espaços tão “pequenos” quanto o Sistema Solar. Os especialistas acreditam que cada uma delas possa conter um buraco negro de grandes dimensões em seu centro. Segundo os astrônomos, quasares são os objetos mais luminosos do Universo.
No caso do quasar estudado agora – o nome dado pelos astrônomos é ULAS J1120+0641 -, o grupo de pesquisadores afirma que o objeto está localizado a 12,9 bilhões de anos-luz de distância. Isso significa que a radiação emitida pela galáxia demorou 12,9 bilhões de anos para chegar até a Terra e ser detectada pelos telescópios daqui.
A estimativa dos especialistas é que o quasar contenha um buraco negro com 2 bilhões de vezes a massa do Sol. Segundo o grupo, Outros tipos de objetos já foram detectados a distância maiores que ULAS J1120+0641, mas nunca tão brilhantes.
Começo do Universo – A teoria mais aceita atualmente afirma que o Universo tem aproximadamente 13,7 bilhões de anos de idade. Como a luz de ULAS J1120+0641 demorou 12,9 bilhões de anos para chegar até nós, o que os telescópios detectaram é, na verdade, a imagem do quasar quando o cosmo tinha apenas 700 milhões de anos.
Naquela época, o espaço ainda era repleto de gás e poeira, material que depois iria compôr os planetas e estrelas atuais. (Fonte: G1)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os oceanos à beira de uma catástrofe ‘sem precedentes na história humana’
A vida marinha encara a extinção em massa “dentro de uma geração humana” O estado dos mares é “muito pior do que pensávamos”, diz um painel global de cientistas. Por Michael McCarthy
Os oceanos do mundo encaram uma perda de espécies sem precedentes, comparável às grandes extinções em massa da pré-história, sugere hoje um importante relatório. Os mares estão se degenerando muito mais rapidamente do que qualquer um havia previsto, diz o relatório, por causa do impacto cumulativo de um número de severas agressões individuais, que vão do aquecimento do clima e a acidificação da água marinha até a poluição química disseminada e a grosseira sobrepesca.
A combinação desses fatores agora ameaça o ambiente marinho com uma catástrofe “sem precedentes na história humana”, de acordo com o relatório de um painel de cientistas marinhos de ponta, reunidos em Oxford no começo deste ano pelo Programa Internacional sobre o Estado do Oceano (IPSO) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A dura sugestão feita pelo painel é que a extinção potencial de espécies, de peixes grandes, num extremo da escala, até minúsculos corais, na outra, é diretamente comparável às cinco grandes extinções em massa do registro geológico, durante as quais boa parte da vida do mundo morreu. Elas vão do “evento” Ordoviciano-Siluriano de 450 milhões de anos atrás à extinção Cretáceo-Terciária de 65 milhões de anos atrás, que foi aquela que, acredita-se, extinguiu os dinossauros. Acredita-se que o pior desses eventos, no fim do período Permiano, 251 milhões de anos atrás, eliminou 70% das espécies terrestres e 96% de todas as espécies marinhas.
O painel de 27 cientistas, que levou em consideração as pesquisas mais recentes em todas as áreas da ciência marinha, concluiu que “uma combinação de agressões está criando as condições associadas a todas as principais extinções de espécies na história da Terra”. Eles também concluíram que:
·                         A intensidade e a rapidez da degeneração dos oceanos é muito maior que qualquer um havia previsto.
·                         Muitos dos impactos negativos que foram identificados são piores que as piores previsões.
·                         Os primeiros passos de uma significativa extinção global já podem ter sido dados.
“As descobertas são chocantes”, disse o Dr. Alex Rogers, professor de biologia da conservação na Universidade Oxford e diretor científico do IPSO. “Quando consideramos o efeito cumulativo do que a humanidade faz aos oceanos, as implicações tornam-se muito piores do que havíamos percebido individualmente”.
“Esta é uma situação séria, que exige ação inequívoca em todos os níveis. São consequências para a humanidade que terão impacto durante o nosso tempo de vida e, pior, durante o tempo de vida dos nossos filhos e das gerações vindouras”. Ao considerar as pesquisas recentes, o painel de especialistas “encontrou indícios firmes” de que os efeitos da mudança climática, junto com outros impactos induzidos pelos humanos, como a sobrepesca e o esgotamento de nutrientes devido à agricultura, já provocaram um declínio dramático na saúde dos oceanos.
Não apenas há declínio severo em muitas espécies de peixes, ao ponto de extinção comercial em alguns casos, e uma extinção regional de alguns tipos de habitat em ritmo “sem paralelo”, como é o caso dos mangues e pradarias marinhas, mas alguns ecossistemas inteiros, como os recifes corais, podem desaparecer dentro de uma geração.
O relatório diz: “A crescente hipoxia [baixo nível de oxigênio] e anóxia [ausência de oxigênio, conhecida como zonas marinhas mortas], combinadas com o aquecimento do oceano e a acidificação, são os três fatores que estiveram presentes em todos os eventos de extinção em massa na história da Terra”.
“Há fortes indícios científicos de que esses três fatores estão se combinando no oceano novamente, exacerbados por múltiplas agressões severas. O painel científico concluiu que um novo acontecimento de extinção é inevitável se a atual trajetória de danos continua”.
O painel apontou uma série de indicadores de como a situação é grave. Disse, por exemplo, que um único descoloramento em massa de corais em 1998 matou cerca de 16% de todos os recifes corais do mundo, e apontou que a sobrepesca já reduziu alguns estoques de peixes comerciais e populações de espécies “bycatch” (capturadas involuntariamente) em mais de 90%.
O painel também revelou que novas pesquisas científicas sugerem que os poluidores, incluindo-se os químicos que retardam a combustão e os almíscares sintéticos encontrados em detergentes, estão sendo acompanhados nos oceanos polares e que esses químicos podem ser absorvidos por partículas plásticas minúsculas no oceano que são, por sua vez, ingeridas pelos peixes que se alimentam nas profundezas.
As partículas plásticas também ajudam no transporte de algas, aumentando a ocorrência de florescimentos algais tóxicos – que também são causados pelo influxo de poluição rica em nutrientes vindas das terras agricultadas.
Os especialistas concordaram que, quando estas e outras ameaças se somam, o oceano e seus ecossistemas são incapazes de se recuperar, já que são constantemente bombardeados com ataques múltiplos.
O relatório estabelece uma série de recomendações e convoca Estados, corpos regionais e as Nações Unidas para que coloquem em vigor medidas de conservação dos ecossistemas oceânicos, e em particular exige a adoção urgente de melhor governança dos altos-mares que estão, em larga medida, desprotegidos.
“Os principais especialistas do mundo em oceanos estão surpresos com a magnitude e a intensidade das mudanças que estamos observando”, diz Dan Laffoley, conselheiro sênior de ciência marinha e da conservação no IUCN. “Os desafios para o futuro dos oceanos são vastos mas, ao contrário das gerações anteriores, nós agora sabemos o que deve acontecer. A hora de proteger o coração do nosso planeta é agora, hoje e urgente”.
As conclusões do relatório serão apresentadas na ONU esta semana, quando os delegados iniciarem as discussões sobre a reforma da governança dos oceanos.
Original aqui. Michael McCarthy é editor de meio ambiente do jornal inglês “The Independent”. Tradução de Idelber Avelar
Reportagem na Revista Fórum, republicada pelo EcoDebate, 29/06/2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Código Florestal está no centro dos debates nesta semana no Senado

O Código Florestal estará no centro dos debates no Senado nesta semana. Na quinta-feira (30), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participará de audiência pública promovida conjuntamente pelas comissões de Meio Ambiente (CMA) e de Agricultura (CRA). Na sexta (1º), serão as organizações e cooperativas do setor agropecuário a discutir o assunto com os senadores da CRA.
Nesta semana, os senadores também poderão votar em Plenário o projeto de lei da Câmara (PLC 1/10), que regulamenta o licenciamento ambiental e define competências da União, dos estados e dos municípios com relação ao setor. A proposta, de autoria do deputado Sarney Filho (PV-MA), tramita em regime de urgência , mas só pode ser votada depois que o Plenário deliberar sobre a medida provisória 526/11, que autoriza a União a conceder crédito de até R$ 55 bilhões ao BNDES.
Ainda com relação a questões ambientais, a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) vai promover uma audiência na terça-feira (28) sobre política de resíduos sólidos e poderá votar projeto sobre substituição de embalagens plásticas por similares biodegradáveis. (Fonte: Agência Senado)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Supernova deixaria Hemisfério Sul sem noite por um mês

Entre todos os fenômenos descritos na Ciência, a explosão de uma supernova está entre os mais potentes no que diz respeito à liberação de energia. Ao explodirem, essas estrelas produzem objetos extremamente brilhantes, os quais declinam até se tornarem invisíveis, passadas algumas semanas ou meses. Se muito próxima da Terra, uma supernova poderia liberar radiação gama e X suficiente para aquecer a superfície do nosso planeta e fazer a atmosfera e os oceanos evaporarem.
Contudo, conforme explica o astrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Kepler Oliveira, essa possibilidade não representa uma ameaça, já que as explosões realmente perigosas teriam que ocorrer a menos de 30 anos-luz de distância e não existe nenhuma candidata a supernova tão perto do nosso planeta. Por outro lado, explosões a uma distância bem maior podem acontecer e, mesmo longe, o brilho seria tão intenso que praticamente faria a noite virar dia por um mês inteiro.
Eta Carinae – A próxima explosão de uma supernova a ser observada na nossa vizinhança pode ser a de Eta Carinae, uma estrela a 7,5 mil anos-luz do nosso planeta. Visível apenas no Hemisfério Sul, ela chegou a rivalizar com Sirius no ano de 1843 como uma das estrelas mais brilhantes do céu.
Décadas depois, foi observado que Eta Carinae estava perdendo sua luz até que, surpreendentemente, ela dobrou de brilho. Graças às pesquisas realizadas pelo professor do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP) Augusto Damineli foi possível provar que a estrela é na realidade um sistema duplo e passa por eventos de baixa excitação, algo como “apagões”, a cada 5 anos e meio. E o próximo já tem data: será no inverno de 2014.
Felizmente, quando Eta Carinae explodir, a maior parte da energia liberada será espalhada ou absorvida pela imensidão do espaço. Por estarmos a uma distância suficientemente grande da estrela, a explosão de raios gama também não atingirá a Terra. Não é possível prever com exatidão quando isso vai acontecer, mas quando o astro se for, a luminosidade será como a de 10 luas no Hemisfério Sul. “Seria praticamente um mês sem noite”, diz Damineli.
Supernovas no passado – Enquanto supernovas foram observadas em galáxias vizinhas, elas são eventos raros na Via Láctea, e as que observamos nem fizeram um “espetáculo” como o que pode ser causado por Eta Carinae. “Nos anos 1054, 1572 e 1612 explodiram como supernovas estrelas dentro de um raio de cerca de 7500 anos-luz, que foram visíveis durante o dia, mas como o planeta Venus, que é a estrela D’alva”, diz Oliveira.
Tipos – Há dois tipos básicos de Supernova, o tipo I e o II. O tipo II é uma estrela de massa maior que o Sol, que exaure seu combustível nuclear. Quando isso acontece, a região central da estrela colapsa devido à sua alta gravidade. Forma-se um núcleo muito compacto, que será o seu remanescente, como uma estrela de nêutrons ou até um buraco negro. Quando o resto da estrela cai em direção a esse núcleo, ele ricocheteia com alta energia. Daí acontece a explosão.
Acredita-se que a Supernova tipo I seja um remanescente estelar de massa mais baixa, como uma anã branca que ganha matéria de uma estrela companheira, num sistema duplo. Ao atingir certo limite de massa, iniciam-se reações nucleares de forma explosiva, que antes a estrela não tinha condições de iniciar. (Fonte: Angela Joenck Pinto/ Portal Terra)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Olhares direcionados ao meio ambiente
 [Por Luana Copini para o EcoDebate] Príncipe Charles escreve livro sobre sustentabilidade em parceria com ambientalistas. Canais de televisão, como o Discovery Chanel, exibe a série Planeta Humano, documentando o momento evolutivo do homem e suas formas de sobrevivência. São Paulo tem em sua grade de programação a Virada Sustentável. Mas e a sociedade, também tem registrado em sua agenda um compromisso ambiental?
A um ano da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20), algumas pessoas não sabem o que ela significa, ou até mesmo que ela exista. Questionadas 23 pessoas na Praça da República, em São Paulo, no dia 09 de maio, 7 delas sabiam de sua existência, 3 sabiam seu propósito e 13 não sabiam nem o que significa RIO+20.
A conferência visa à renovação e o engajamento dos líderes mundiais com olhar sob o desenvolvimento sustentável do planeta. O encontro será realizado no Rio de Janeiro em 2012 e serão abordados diversos temas, entre eles a contribuição da economia verde para o desenvolvimento sustentável, a eliminação da pobreza com foco sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável, os resultados da prática da Agenda 21.
A exemplo dela tiveram outras, como por exemplo a ECO-92, também no Rio de Janeiro, a Conferência de 1972 na Suécia, o encontro de 2002 na África do Sul, e a Conferência de Nagoya, no Japão.
Algumas diretrizes são aplicadas nestes encontros, como por exemplo, o Protocolo de Quioto que visa a redução de gases que causam o efeito estufa e a Agenda 21 que busca uma reflexão diante do desenvolvimento sustentável.
Para o professor José Pedro de Oliveira Costa, pesquisador da Universidade de São Paulo, que participou da Conferência de Nagoya, no Japão, decisões estabelecidas no encontro vão depender do desenvolvimento de novas tecnologias, controle e redução da população humana e compensações ambientais.
De acordo com o Itamaraty o setor florestal no Brasil é responsável também pela geração de emprego. É responsável por cerca de 3,5% do PIB, 8,4% das exportações e pela geração de 6,5 milhões de empregos diretos e indiretos. A exploração de recursos naturais encontra-se amparada por dispositivos previstos na Constituição Federal, no Código Florestal, na Lei de Crimes Ambientais, na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e na nova Lei de Gestão de Florestas Públicas de 2006.
Mas para o pesquisador, um dos princípios do equilíbrio sustentável é a preservação. “É necessário para a nossa sobrevivência na terra que 1/3 das áreas sejam designadas para proteção integral, 1/3 para áreas de uso sustentável e o restante para uso extensivo”.
Só a consciência e o conhecimento destas atitudes não bastam. Para o professor, isto tudo tem que sair do papel. “Para a proteção integral de nossa biodiversidade, ou até mesmo de nossas florestas, será preciso criar muitas áreas protegidas e manter em boas condições aquelas de visitação pública”, completa Costa.
Biodiversidade, fatores climáticos, gases poluentes, desequilíbrios ambientais, todos estes assuntos estão e estarão em pauta nestas conferências caminhando paralelamente ao desenvolvimento sustentável. “Na Amazônia, por exemplo, é preferível que aquelas populações utilizem as terras com consciência, com agricultura e não desmatamento para grandes plantações de soja ou criação de gado”, completa o pesquisador.
Luana Copini é participante do Projeto Repórter do Futuro, que visa à interação de alunos de jornalismo e da sociedade civil sob estudos e experiências com relação à Amazônia e ao meio ambiente.
EcoDebate, 22/06/2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Vida nos oceanos pode enfrentar extinção sem precedentes, diz estudo

Um novo estudo indica que os ecossistemas marinhos enfrentam perigos ainda maiores do que os estimados até agora pelos cientistas e que correm o risco de entrar em uma fase de extinção de espécies sem precedentes na história da humanidade.
O levantamento foi feito realizado por especialistas que integram o Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), uma entidade formada por cientistas e outros especialistas no assunto.
Eles concluíram que fatores como a pesca excessiva, a poluição e as mudanças climáticas estão agindo em conjunto de uma forma que não havia sido antecipada.
A pesquisa reuniu especialistas de diferentes disciplinas, incluindo ambientalistas com especialização em recifes de corais, toxicologistas e cientistas especializados em pesca.
“As conclusões são chocantes. Estamos vendo mudanças que estão acontecendo mais rápido do que estávamos esperando e de formas que não esperávamos que fossem acontecer por centenas de anos”, disse Alex Rogers, diretor científico do IPSO e professor da Universidade de Oxford.
Plástico – Entre as mudanças que estão ocorrendo antes do esperado estão o derretimento da camada de gelo no Ártico, na Groenlândia e na Antártida, o aumento do nível dos oceanos e liberação de metano no leito do mar.
O estudo observou também que existem efeitos em cadeia provocados pela ação de diferentes poluentes.
A pesquisa observou, por exemplo, que alguns poluentes permanecem nos oceanos por estarem presos a pequenas partículas de plástico que foram parar no leito do oceano. Com isso, há um aumento também do poluentes que são consumidos por peixes que vivem no fundo do mar.
Partículas de plástico são responsáveis também por transportar algas de parte a parte, contribuindo para a proliferação de algas tóxicas, o que também é provocado pelo influxo para os oceanos de nutrientes e poluentes provenientes de áreas agrícolas.
O estudo descreveu ainda como a acidificação do oceano, o aquecimento global e a poluição estando agindo de forma conjunta para aumentar as ameaças aos recifes de corais, tanto que 75% dos corais mundiais correm o risco de sofrer um severo declínio.
Ciclos – A vida na Terra já enfrentou cinco ”ciclos de extinção em massa” causados por eventos como o impacto de asteroides e muitos cientistas que o impacto de diferentes ações exercidas pelo homem poderá contribuir para um sexto ciclo.
“Ainda contamos com boa parte da biodiversidade mundial, mas o ritmo atual da extinção é muito mais alto (do que no passado) e o que estamos enfrentando é, certamente, um evento de extinção global significativa”, afirma o professor Alex Rogers.
O relatório observa ainda que eventos anteriores de extinção em massa tiveram ligação com tendências que estão ocorrendo atualmente, como distúrbios no ciclo de carbono, acidificação e baixa concentração de oxigênio na água.
Os níveis de CO2 que estão sendo absorvidos pelos oceanos já são bem mais altos que aqueles registrados durante a grande extinção de espécies marinhas que ocorreu há 55 milhões de anos, afirma a pesquisa.
Entre as medidas que o estudo aconselha sejam tomadas imediatamente estão o fim da pesca predatória, especialmente em alto mar, onde, atualmente há pouca regulamentação; mapear e depois reduzir a quantidade de poluentes, como plásticos, fertilizantes agrícolas e detritos humanos; e reduzir de forma acentuada os gases do efeito estufa.
As conclusões do relatório serão apresentadas na sede da ONU, em Nova York, nesta semana, durante um encontro de representantes governamentais sobre reformas na maneira de gerenciar os oceanos. (Fonte: G1)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sustentabilidade e cuidado: um caminho a seguir, artigo de Leonardo Boff
Há muitos anos, venho trabalhando sobre a crise de civilização que se abateu perigosamente sobre a humanidade. Não me contentei com a análise estrutural de suas causas, mas, através de inúmeros escritos, tratei de trabalhar positivamente as saidas possíveis em termos de valores e princípios que confiram real sustentatibilidade ao mundo que deverá vir. Ajudou-me muito, minha paricipação na elaboração da Carta da Terra, a meu ver, um dos documentos mais inspiradores para a presente crise. Esta afirma:”o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”.
Dois valores, entre outros, considero axiais, para esse novo começo: a sustentabilidade e o cuidado.
A sustentabilidade, já abordada no artigo anterior, significa o uso racional dos recursos escassos da Terra, sem prejudicar o capital natural, mantido em condições de sua reprodução, em vista ainda ao atendimento das necessidades das gerações futuras que também têm direito a um planeta habitável.
Trata-se de uma diligência que envolve um tipo de economia respeitadora dos limites de cada ecossistema e da própria Terra, de uma sociedade que busca a equidade e a justiça social mundial e de um meio ambiente suficientemente preservado para atender as demandas humanas.
Como se pode inferir, a sustentabilidadae alcança a sociedade, a política, a cultura, a arte, a natureza, o planeta e a vida de cada pessoa. Fundamentalmente importa garantir as condições físico-químicas e ecológicas que sustentam a produção e a reprodução da vida e da civilização. O que, na verdade, estamos constatando, com clareza crescente, é que o nosso estilo de vida, hoje mundializado, não possui suficiente sustentabildade. É demasiado hostil à vida e deixa de fora grande parte da humanidade. Reina uma perversa injustiça social mundial com suas terríveis sequelas, fato geralmente esquecido quando se aborda o tema do aquecimento globl.
A outra categoria, tão importante quanto a da sustentabilidade, é o cuidado, sobre o qual temos escrito vários estudos. O cuidado representa uma relação amorosa, respeitosa e não agressiva para com a realidade e por isso não destrutiva. Ela pressupõe que os seres humanos são parte da natureza e membros da comunidade biótica e cósmica com a responsabilidade de protege-la, regenerá-la e cuidá-la. Mais que uma técnica, o cuidado é uma arte, um paradigma novo de relacionamento para com a natureza, para com a Terra e para com os humanos.
Se a sustentabilidade representa o lado mais objetivo, ambiental, econômico e social da gestão dos bens naturais e de sua distribuição, o cuidado denota mais seu lado subjetivo: as atitudes, os valores éticos e espirituais que acompanham todo esse processo sem os quais a própria sustentabilidade não acontece ou não se garante a médio e longo prazo.
Sustentabilidade e cuidado devem ser assumidos conjutamente para impedir que a crise se transforme em tragédia e para conferir eficácia às praticas que visam a fundar um novo paradigma de convivência ser-humano-vida-Terra. A crise atual, com as severas ameaças que globalmente pesam sobre todos, coloca uma improstergável indagação filosófica: que tipo de seres somos, ora capazes de depredar a natureza e de por em risco a própria sobrevivência como espécie e ora de cuidar e de responsabilizar-nos pelo futuro comum? Qual, enfim, é nosso lugar na Terra e qual é a nossa missão? Não seria a de sermos os guardiães e e os cuidadores dessa herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram que é esse Planeta, vivo, que se autoregula, de cujo útero todos nós nascemos?
É aqui que, novamente, se recorre ao cuidado como uma possível definição operativa e essencial do ser humano. Ele inclui um certo modo de estar-no-mundo-com-os-outros e uma determinada práxis, preservadora da natureza. Não sem razão, uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade e que culmina em Heidegger e em Winnicott defina a natureza do ser humano como um ser de cuidado. Sem o cuidado essencial ele não estaria aqui nem o mundo que o rodeia. Sustentabilidade e cuidado, juntos, nos mostram um caminho a seguir.
Leonardo Boff é autor de “O Cuidado necessário”: na vida,na ecologia, na saúde,na educação, a sair pela Vozes.
Artigo originalmente publicado no Blog pessoal de Leonardo Boff

Reflorestar não resolverá problema do aquecimento, diz estudo

Apesar de que as florestas são importantes sumidouros de carbono, os projetos de reflorestamento só terão um impacto limitado no aquecimento global, destacou um estudo publicado este domingo (19) na revista científica Nature Geoscience.
Vivek Arora, da Universidade de Victoria, no Canadá, e Alvaro Montenegro, da Universidade de St. Francis Xavier, também no Canadá, desenvolveram cinco modelos de reflorestamento durante 50 anos, de 2011 a 2060. Os cientistas examinaram seus efeitos no solo, na água e no ar se a temperatura da superfície terrestre aumentasse 3º C em 2100 com relação aos níveis pré-industriais de 1850.
O resultado demonstra que, mesmo se todas as terras cultivadas do mundo forem reflorestadas, isto só bastaria para reduzir o aquecimento global em 0,45º C no período 2081-2100. Isto se explica em particular porque precisa-se de décadas para que os bosques sejam suficientemente velhos para captar o CO2 que fica estancado durante séculos na atmosfera.
Um reflorestamento de 50% das terras cultivadas só limitaria a elevação da temperatura em 0,25º C. Evidentemente, nenhuma destas projeções é realista, uma vez que as terras cultivadas são essenciais para alimentar a população do planeta, onde em 2050 viverão 9 bilhões de pessoas.
Segundo os outros três modelos, reflorestar as regiões tropicais é três vezes mais eficaz para “evitar o aquecimento” do que fazê-lo em latitudes mais elevadas ou em regiões temperadas. Os bosques são mais escuros do que as terras cultivadas e, portanto, absorvem mais calor. Plantar florestas em um solo coberto de neve ou de cerais de cor clara diminui o denominado “efeito albedo”, que é a quantidade de luz solar refletida do solo para o espaço.
“O reflorestamento em si não é um problema, é positivo, mas nossas conclusões indicam que não é uma ferramenta para controlar a temperatura se gases de efeito estufa continuarem a ser emitidos como se faz atualmente”, disse Montenegro.
“O reflorestamento não pode substituir a redução de emissões de gases de efeito estufa”, concluiu o estudo. O desmatamento, sobretudo nas selvas tropicais, é causador de 10% a 20% das emissões de gases de efeito estufa do planeta. (Fonte: Portal Terra)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Portal colaborativo vai compartilhar dados sobre biodiversidade no Brasil

Para concentrar dados científicos sobre a biodiversidade brasileira e disponibilizar de forma fácil e gratuita o acesso à informação, o Ministério da Ciência e Tecnologia anunciou nesta quarta-feira (15) a criação do portal colaborativo para internet ‘Wikiflora’.
Nos moldes da ‘Wikipedia’, enciclopédia digital onde os internautas contribuem com diversas informações, o banco de dados nacional vai guardar pesquisas sobre a fauna e flora encontradas no país, realizadas por instituições acadêmicas do Brasil ou de fora, além de organizações ambientais convidadas pelo governo federal.
Entretanto, somente pessoas ou entidades autorizadas pelo ministério ou pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que coordenará a parte de conteúdo do portal, poderão inserir informações ou mesmo editá-las.
A plataforma do site será elaborada pela companhia norte-americana IBM, que disponibilizará funcionários da empresa para inserir as informações no portal colaborativo. O desenvolvimento do novo site deverá começar ainda este mês, com previsão de lançamento para setembro. O valor investido no projeto não foi divulgado. (Fonte: Globo Natureza)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Código Florestal: Falta o essencial, segundo cientistas
Mudanças no Código Florestal só são justificáveis se acompanhadas de políticas públicas que aproveitem de forma eficiente todo o potencial produtivo do Brasil, dizem especialistas
Desde sua criação, em 1965, o Código Florestal sofreu inúmeras modificações que só fizeram aumentar as críticas a essa legislação. A polêmica sobre o tema, portanto, não é nova. Já era de se esperar o embate no Congresso em torno da votação do substitutivo que vem sendo discutido desde 2009. A aprovação no Plenário da Câmara dos Deputados, no dia 24 de maio, quase um ano após aprovado o texto pela Comissão Especial da mesma casa, reacendeu os debates. A matéria ainda será objeto de análise e votação no Senado Federal.
Sob o ponto de vista da produção agrícola e agropecuária, os argumentos que defendem pontos polêmicos do texto são muito fortes. Mas não são menos convincentes os argumentos opostos, a favor da sustentabilidade ambiental. Porém, a questão que diz respeito a todos, indistintamente, talvez tenha sido pouco debatida no calor das discussões.
“O problema da agricultura brasileira não está nas restrições da lei ambiental. O que falta é política agrícola para aproveitar melhor todo o potencial produtivo deste país. Essa opinião não é só minha, mas de toda a comunidade científica”, afirma o professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.
A questão levantada pelo professor Rodrigues está elucidada em documento produzido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC). Intitulada O Código Florestal e a Ciência: contribuições para o diálogo, a publicação, de junho de 2010 (disponível para download em www.sbpcnet.org.br), fornece subsídios técnico-científicos para diversas questões relativas ao novo Código Florestal.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também divulgou estudo, no dia 8 de junho, contabilizando as perdas de áreas de Reserva Legal (RL), caso aprovado o PL 1.876/99-C com o texto que passou na plenária da Câmara. (leia texto na página ao lado).
Ambos os documentos – o elaborado pela comunidade científica e o produzido pelo Ipea – trazem informações sobre os prejuízos não só aos sistemas florestais como à produtividade agropecuária em geral e, em última análise, a toda a sociedade, caso adotada a nova legislação, que pretende anistiar os passivos ambientais de determinados tipos de propriedades rurais.
Para os cientistas, as mudanças no Código Florestal brasileiro são apenas justificáveis caso sirvam de base “para políticas públicas inovadoras dentro do conceito do ordenamento territorial brasileiro e do planejamento da paisagem”.
Política agrícola – Ao contrário da visão vigente, de que Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL) são “improdutivas”, tais faixas “deveriam ser consideradas como parte fundamental do planejamento agrícola conservacionista das propriedades”, mostra o documento da SBPC. Seria necessário um “cuidadoso planejamento integrado” compatibilizando os zoneamentos agrícola e ecológico-econômico, dentro de um novo conceito de “paisagens produtivas sustentáveis”.
A comunidade científica recomenda a implantação de “políticas públicas mais consistentes”, que garantam a todos os produtores a integração de tecnologias disponíveis a seus sistemas produtivos. “A percepção das RLs e das APPs como uma oportunidade deve ser acompanhada de políticas de Estado de apoio à agricultura que simplifiquem e facilitem os trâmites burocráticos. Para concretizar essa proposta, é indispensável uma articulação entre os órgãos federais, estaduais e municipais, visando à implementação da legislação ambiental, que não pode ficar sob a responsabilidade exclusiva do proprietário ou possuidor rural”, traz o estudo da SBPC.
A despeito da falta de planejamento na área agrícola, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de diversos gêneros agropecuários e, ainda, ocupa posição de destaque na produção de biocombustíveis. Porém, é justamente em função do processo histórico de ocupação do território brasileiro que aumentaram as pressões sobre o ambiente.
O levantamento da SBPC mostra que existem hoje no Brasil 61 milhões de hectares de terras degradadas, que poderiam ser recuperadas e usadas na produção de alimentos. Estima-se que o impacto da erosão ocasionado pelo uso agrícola das terras no Brasil é da ordem de R$ 9,3 bilhões anuais, que poderiam ser revertidos pelo uso de tecnologias conservacionistas e pelo planejamento de uso da paisagem.
O Censo Agropecuário de 2006 mostra que 38,7% do território nacional correspondia naquela época ao espaço agrícola brasileiro, ocupado por imóveis rurais. Do total de terras com potencial agrícola (5,5 milhões de km), 42,6% eram ocupados pelas principais atividades agrícolas do País, sendo a principal delas a agropecuária (18,6% do território brasileiro ou 48,1% do espaço agrícola). No entanto, a taxa de lotação das pastagens na pecuária extensiva ainda é baixa, com cerca de 1,1 cabeças/ha. Para o professor Ricardo Rodrigues, “qualquer alteração no Código Florestal deve prever o uso adequado de nossas áreas agrícolas”.
“Um pequeno investimento tecnológico, especialmente nas áreas com taxas de lotação inferiores a meia cabeça por hectare, pode ampliar essa capacidade, liberando terras para outras atividades produtivas e evitando novos desmatamentos”, mostra o levantamento da SBPC.
Reportagem de Sylvia Miguel, do Jornal da USP, publicada pelo EcoDebate, 15/06/2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Crise que mudará hábitos de consumo já está a caminho, artigo de Thomas L. Friedman
Você deve se perguntar se daqui a alguns anos nós olharemos para a primeira década do século XXI – quando preços dos alimentos dispararam, preços da energia subiram, a população mundial cresceu, tornados arrasaram cidades, inundações e secas estabeleceram recordes, populações foram desalojadas e governos ameaçados pela confluência de tudo isso – e nos perguntaremos: o que estávamos pensando?
A reportagem é de Thomas L. Friedman, do The New York Times e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 11-06-2011.
Como foi que não entramos em pânico quando havia evidências óbvias de ter cruzado algumas linhas vermelhas de crescimento/clima/recursos naturais/população todas de uma vez? “A única resposta pode ser a negação”, argumenta Paul Gilding, veterano empresário ambientalista australiano que descreve este momento em um livro intitulado The Great Disruption: Why the Climate Crisis Will Bring On the End of Shopping and the Birth of a New World (A grande ruptura: por que a crise climática trará o fim da compulsão da compra e o nascimento de um novo mundo, em tradução livre).
“Quando se está cercado por algo tão grande que requer que se mude tudo na maneira de pensar e ver o mundo, negar é a resposta natural. Mas quanto mais se espera, maior será a resposta requerida.” Gilding cita o trabalho da Global Footprint Network, uma aliança de cientistas que calcula quantos “planetas Terra” precisaremos para sustentar nossas taxas de crescimento correntes. O grupo mede quanta área de terra e água é necessária para produzir os recursos que consumimos e absorver nosso lixo, usando a tecnologia existente.
Estamos crescendo a uma taxa que está usando os recursos da Terra bem mais rapidamente do que eles podem ser sustentadamente repostos, de modo que estamos comendo o futuro. Neste momento, o crescimento global está usando o equivalente a 1,5 Terra. “Ter apenas um planeta torna esse problema realmente significativo”, diz Gilding. Isso não é ficção científica.
Quando estive no Iêmen, no ano passado, vi um caminhão-tanque entregando água na capital, Sanaa. Por quê? Porque Sanaa pode ser a primeira cidade grande do mundo a ficar sem água dentro de uma década. É isso que ocorre quando uma geração de um país vive a 150% de capacidade sustentável.
“Se você cortar mais árvores do que planta, ficará sem árvores”, escreve Gilding. “Se colocar nitrogênio adicional num sistema de água, mudará o tipo e a quantidade de vida que a água pode suportar. Se engrossar o lençol de gás carbônico da Terra, a Terra ficará mais quente. Se fizer todas essas e outras ao mesmo tempo, mudará a maneira como o sistema todo do planeta Terra se comporta, com impactos sociais, econômicos e na sustentação da vida. Isso não é especulação, é ciência do colegial.”
É também um assunto atual. “Nos milhares de anos de civilização da China, o conflito entre humanidade e natureza nunca foi tão grave como é hoje”, disse recentemente o ministro do Meio Ambiente da China, Zhou Shengxian. “A diminuição, deterioração e exaustão de recursos e o desequilíbrio do ambiente ecológico se tornaram gargalos e empecilhos graves ao desenvolvimento econômico e social da nação.” O que o ministro chinês está nos dizendo, diz Gilding, é que a Terra está cheia. Estamos usando agora tantos recursos e eliminando tanto lixo na Terra que atingimos uma espécie de limite.
A economia vai ter de encolher em termos de impacto físico.” Não mudaremos sistemas, contudo, sem uma crise. Mas não se preocupem, estamos chegando lá. Estamos hoje apanhados em dois circuitos. Um é que aceleração do crescimento populacional e aumento do aquecimento global juntos provocam uma elevação dos preços dos alimentos. Uma elevação dos preços dos alimentos causa instabilidade política no Oriente Médio, que provoca uma alta nos preços do petróleo, que acarreta preços mais altos dos alimentos, que provocam mais instabilidade. Ao mesmo tempo, a produtividade aumentada significa que menos pessoas são necessárias em cada fábrica para produzir mais coisas. Sendo assim, se quisermos mais empregos, precisaremos de mais fábricas. Mais fábricas produzindo mais coisas causam mais aquecimento global. Aí os dois circuitos se encontram.
Solução
Gilding é, ao final, um “eco-otimista”. Quando o impacto da Grande Ruptura iminente nos atingir, diz ele, “nossa resposta será proporcionalmente dramática, nos mobilizando como ocorre nas guerras. Mudaremos numa escala e velocidade que mal conseguimos imaginar hoje, reformando por completo nossa economia, incluindo nossos setores de energia e transporte, em poucas décadas”.
Nós perceberemos, ele prevê, que o modelo de crescimento movido pelo consumo está quebrado e que temos de mudar para um modelo de crescimento mais movido pela felicidade, com pessoas trabalhando menos e ganhando menos. “Quantas pessoas”, pergunta Gilding, “deitadas em seus leitos de morte dizem “gostaria de ter trabalhado mais duro construindo mais valor para acionistas” e quantas dizem “gostaria de ter jogando mais bola, lido mais livros para meus filhos, caminhado mais?”"
Para isso, é preciso um modelo de crescimento baseado em oferecer mais tempo para as pessoas gozarem a vida, mas com menos coisas.” Parece utópico? Gilding insiste que é realista. “Estamos a caminho de uma escolha movida por crise”, diz ele. “Ou permitiremos que o colapso nos atinja ou desenvolveremos um novo modelo sustentável. Escolheremos a segunda. Podemos ser lentos, mas não somos estúpidos.”
(Ecodebate, 13/06/2011) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tempestade solar pode afetar satélites e redes elétricas na Terra

Uma tempestade solar incomum, localizada por um observatório espacial da Nasa, poderá perturbar a atividade dos satélites, assim como das comunicações e das redes elétricas na Terra esta quarta-feira, alertaram autoridades.
Desde 2006 não se via uma tempestade solar desta magnitude, segundo a meteorologia nacional americana (NWS).
“O Sol sofreu em 7 de junho uma tempestade de força mediana (M-2), com emissão de massa coronal (CME, na sigla em inglês) visualmente espetacular”, noticiou o observatório dinâmico solar da agência espacial americana, em um comunicado.
O centro de previsões espaciais da NWS descreveu o fenômeno como “espetacular” e “suscetível de provocar uma tempestade geomagnética de pequena a moderada, em 8 de junho, a partir das 15h (horário de Brasília), aproximadamente”.
Esta tempestade “contém uma quantidade importante de prótons de alta energia, superior a 100 megaelétron-volts (MeV)”, algo que não ocorria desde dezembro de 2006, segundo o comunicado.
A tempestade geomagnética poderia provocar perturbações nas redes elétricas, especialmente nos satélites GPS, e obrigar os aviões a modificar seu itinerário ao sobrevoar as regiões polares, explicou um porta-voz. (Fonte: G1)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sustentabilidade: adjetivo ou substantivo? artigo de Leonardo Boff
É de bom tom hoje falar de sustentabilidade. Ela serve de etiqueta de garantia de que a empresa, ao produzir, está respeitando o meio ambiente. Atrás desta palavra se escondem algumas verdades mas também muitos engodos. De modo geral, ela é usada como adjetivo e não como substantivo.
Explico-me: como adjetivo é agregada a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa. Exemplo: posso diminuir a poluição química de uma fábrica, colocando filtros melhores em suas chaminés que vomitam gases. Mas a maneira com que a empresa se relaciona com a natureza donde tira os materiais para a produção, não muda; ela continua devastando; a preocupação não é com o meio ambiente mas com o lucro e com a competição que tem que ser garantida. Portanto, a sustentabilidade é apenas de acomodação e não de mudança; é adjetiva, não substantiva.
Sustentabilidade como substantivo exige uma mudança de relação para com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. A Terra está viva e nós somos sua porção consciente e inteligente. Não estamos fora e acima dela como quem domina, mas dentro como quem cuida, aproveitando de seus bens mas respeitando seus limites. Há interação entre ser humano e natureza. Se poluo o ar, acabo adoecendo e reforço o efeito estufa donde se deriva o aquecimento global. Se recupero a mata ciliar do rio, preservo as águas, aumento seu volume e melhoro minha qualidade de vida, dos pássaros e dos insetos que polinizam as ávores frutíferas e as flores do jardim.
Sustentabilidade como substantivo acontece quando nos fazemos responsáveis pela preservação da vitalidade e da integridade dos ecossistemas. Devido à abusiva exploração de seus bens e serviços, tocamos nos limites da Terra. Ela não consegue, na ordem de 30%, recompor o que lhe foi tirado e roubado. A Terra está ficando, cada vez mais pobre: de florestas, de águas, de solos férteis, de ar limpo e de biodiversidade. E o que é mais grave: mais empobrecida de gente com solidariedade, com compaixão, com respeito, com cuidado e com amor para com os diferentes. Quando isso vai parar?
A sustentabilidade como substantivo é alcançada no dia em que mudarmos nossa maneira de habitar a Terra, nossa Grande Mãe, de produzir, de distribuir, de consumir e de tratar os dejetos. Nosso sistema de vida está morrendo, sem capacidade de resolver os problemas que criou. Pior, ele nos está matando e ameaçando todo o sistema de vida.
Temos que reinventar um novo modo de estar no mundo com os outros, com a natureza, com a Terra e com a Última Realidade. Aprender a ser mais com menos e a satisfazer nossas necessidades com sentido de solidariedade para com os milhões que passam fome e com o futuro de nossos filhos e netos. Ou mudamos, ou vamos ao encontro de previsíveis tragédias ecológicas e humanitárias.
Quando aqueles que controlam as finanças e os destinos dos povos se reunem, nunca é para discutir o futuro da vida humana e a preservação da Terra. Eles se encontram para tratar de dinheiros, de como salvar o sistema financeiro e especulativo, de como garantir as taxas de juros e os lucros dos bancos. Se falam de aquecimento global e de mudanças climáticas é quase sempre nesta ótica: quanto posso perder com estes fenômenos? Ou então, como posso ganhar comprando ou vendendo bonus de carbono (compro de outros paises licença para continuar a poluir)? A sustentabilidade de que falam não é nem adjetiva, nem substantiva. É pura retórica. Esquecem que a Terra pode viver sem nós, como viveu por bilhões de anos. Nós não podemos viver sem ela.
Não nos iludamos: as empresas, em sua grande maioria, só assumem a responsabilidade socio-ambiental na medida em que os ganhos não sejam prejudicados e a competição não seja ameaçada. Portanto, nada de mudanças de rumo, de relação diferente para com a natureza, nada de valores éticos e espirituais. Como disse muito bem o ecólogo social uruguaio E. Gudynas: “a tarefa não é pensar em desenvolvimento alternativo mas em alternativas de desenvolvimento”.
Chegamos a um ponto em que não temos outra saída senão fazer uma revolução paradigmática, senão seremos vítimas da lógica férrea do Capital que nos poderá levar a um fenomenal impasse civilizatório.
Leonardo Boff, Teólogo e Filósofo, é autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.
EcoDebate, 08/06/2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

MPF/MG quer impedir construção de mais um condomínio às margens de Furnas

O entorno dos reservatórios artificiais é considerado área de preservação permanente, onde é proibido o parcelamento do solo.
O Ministério Público Federal em Passos (MG) expediu três recomendações para evitar a construção de mais um condomínio de luxo às margens do Lago de Furnas.
Desta vez, trata-se do Condomínio Lago Vitória, que é capitaneado pela empresa Viani Participações e Empreendimentos Ltda. Na rede mundial de computadores, o site oficial do empreendimento oferece lotes a partir de 240 m² e marinas com aproximadamente 2.000 m².
O problema, segundo o MPF, é que o condomínio anuncia sua instalação em área de preservação permanente, onde é expressamente proibido o parcelamento do solo.
O Código Florestal brasileiro considera área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação situadas ao redor dos lagos e reservatórios dágua naturais ou artificiais, como é o caso de Furnas. Ao regulamentar esse dispositivo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu, por meio da Resolução nº 302/2002, que essa área, quando localizada em zona rural, terá a largura mínima, em projeção horizontal, de cem metros. Ou seja, é proibido construir até 100 metros de distância dos lagos.
A mesma resolução do Conama fixou também os critérios para a caracterização do que seria uma área rural ou urbana. No caso do Condomínio Lago Vitória, a área é rural, porque não possui densidade demográfica mínima, nem sequer quatro equipamentos básicos de infraestrutura urbana, entre eles, rede de abastecimento de água, rede de esgoto, distribuição de energia elétrica e iluminação pública ou recolhimento e tratamento de resíduos sólidos urbanos.
Apesar de todas as vedações legais, o Município de Capitólio insiste em aprovar o parcelamento do solo em área de preservação ecológica, inclusive baixando decreto que declara indevidamente aquela área rural como área urbana, afirma a procuradora da República Ludmila Oliveira.
Lei inconstitucional - Essa é a segunda vez que o MPF insurge-se contra a construção de condomínios no local. Em outra ação (ACP n. 2813-20-2010.4.01.3804), a Justiça Federal impediu a comercialização de lotes do Condomínio Marinas Portobello exatamente pelas mesmas razões: construção em área proibida. Os réus recorreram e a decisão, em caráter liminar, foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
Segundo o MPF, os empreendedores, os órgãos estaduais ambientais e o Município de Capitólio têm fundamentado suas pretensões na Lei estadual n. 18.023/2009, que reduziu a área de proteção de 100 para 30 metros.
O problema é que essa lei é inconstitucional, porque a competência supletiva dos Estados em matéria ambiental não pode tornar ineficaz a legislação federal, observa Ludmila Oliveira. Além disso, a lei estadual é inaplicável aos rios federais e suas respectivas margens - caso do Rio Grande, cujas águas formam o Lago de Furnas -, pois a própria Constituição da República impede que o Estado-membro reduza e torne incongruente proteção a bem da União.
Esse também foi o entendimento da Justiça Federal - em primeira e segunda instâncias - ao analisar a ação do MPF. O desembargador federal Jirair Aram Meguerian, ao negar o recurso dos réus, afirmou que não é razoável admitir que competência supletiva dos estados, em caminho contrário à legislação federal, possa diminuir, em considerável proporção, área de proteção ambiental estabelecida por ato normativo federal, e ressaltou que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já firmou entendimento no sentido de que as resoluções editadas pelo Conama são normas de caráter geral às quais devem estar vinculadas as normas estaduais e municipais.
Cartórios também devem seguir lei - As recomendações foram enviadas ao prefeito de Capitólio (MG), à empresa Viani Participações e Empreendimentos Ltda e ao Cartório de Registro de Imóveis de Piumhi (MG), que é o responsável pela escritura do condomínio.
Ao prefeito, o MPF recomenda que não seja aprovado o parcelamento da área para implantação do empreendimento, ou, caso isso já tenha ocorrido, que o ato de aprovação do parcelamento seja anulado.
O cartório foi recomendado a não efetuar o registro do parcelamento do imóvel e a empresa a não efetuar esse parcelamento.
Prefeitura, empreendedor e cartório terão 30 dias para informar o acatamento ou não da recomendação.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Minas Gerais.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Brasil detém a maior área de florestas tropicais do planeta

Seguindo a recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), que declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas, o Brasil prepara uma série de atividades para este ano. O país é detentor da maior área de florestas tropicais do planeta e o segundo em extensão de florestas, perdendo só para a Rússia, onde predominam as florestas temperadas.
De acordo com o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros, as atividades de divulgação, do Brasil, referentes ao Ano Internacional de Florestas, vão ressaltar a importância da proteção e envolvimento do homem com as florestas.
“Quando se fala em maior área de florestas tropicais, isso significa e faz uma diferença grande em termos de biodiversidade, diferentemente de quando se fala de florestas temperadas. Porque a biodiversidade é significativamente maior do que nas florestas temperadas”, observou Medeiros.
Para o diretor, essa característica faz com que o Brasil assuma um papel de destaque no que diz respeito a uma política nacional e no sentido de chamar a atenção para a relação do homem com a floresta. “A ideia é realmente aproveitar o Ano Internacional como uma forma de difundir a importância da preservação, como algo essencial para garantir a qualidade e o desenvolvimento das comunidades humanas e integrar um pouco mais o homem com a floresta.”
Ele lembrou ainda da importância da relação dos biomas florestais com o clima global. “No momento em que o planeta inteiro sofre não só uma crise de biodiversidade, mas, agora, de forma até mais emblemática e séria, esses efeitos das mudanças climáticas e a vinculação estreita das florestas com a regulação do clima do planeta, essa indicação do Ano Internacional de 2011 é importante para auxiliar neste movimento”, afirmou.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) instituiu como tema do Dia Mundial do Meio Ambiente, que se comemora neste domingo (5) o slogan Florestas: a Natureza a seu Serviço. E a Índia foi escolhida como anfitriã das comemorações. Segundo o Pnuma, o tema “ressalta a relação intrínseca entre qualidade de vida e saúde dos ecossistemas florestais e, abrange, também, o Ano Internacional das Florestas da ONU”.
O dia 5 de junho foi recomendado como a data comemorativa do meio ambiente pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. No Brasil, foi implantada em 1982, como parte do calendário de atividades de conscientização ambiental, a Semana Nacional do Meio Ambiente
No mundo, ambientalistas, cientistas, pesquisadores e a sociedade civil fazem mobilizações, realizam paradas, concertos, campanhas, divulgam estudos com o objetivo de chamar a atenção de seus governantes sobre os problemas causados pelo aquecimento do planeta e as necessidades de implantação de políticas públicas com o objetivo de preservar o meio ambiente. Com o tempo, surgiu a necessidade de ampliar as celebrações com a criação da Semana Mundial do Meio Ambiente.
Os cientistas destacam a importância da realização de estudos sobre a interferência do homem na natureza e suas influências para o planeta Terra. Segundo o coordenador-geral das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, Carlos Oití Berbert, a situação do planeta tende a se agravar com o aumento da população, que deve chegar a 11,2 bilhões de habitantes até o final do século.
“As novas tecnologias que têm surgido rapidamente têm ajudado a entender, primeiro, o planeta Terra. Em segundo lugar, a entender os fenômenos que acontecem na Terra. Há questão de 50 anos, não era possível, por exemplo, se prever uma erupção vulcânica. Hoje, já conseguimos prever com segurança. Ainda não se pode prever um terremoto, mas a ciência está desenvolvendo uma metodologia que, um dia, vai permitir a previsão de terremotos”, observa.
Berbert afirma que manter um ambiente com qualidade e saudável é dever de todos: governantes, empresários, pesquisadores, cientistas e cidadãos. “A ciência está ajudando na resolução de problemas, como deslizamentos de encostas e no planejamento territorial urbano. Está resolvendo problemas, também, de despoluição de águas superficiais e vai desenvolver soluções para despoluição eventual da água subterrânea, que vai ser uma das principais, senão a principal, fonte de abastecimento humano no futuro”. (Fonte: Deogracia Pinto/ Radiobrás)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que comemorar na Semana do Meio Ambiente? artigo de Heitor Scalambrini Costa
No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia, A criação desta data foi estabelecida pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1972 marcando a abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano.
O meio ambiente e a ecologia passaram a ser uma preocupação em todo o mundo, em meados do século XX. Porém, foi ainda no séc. XIX que um biólogo alemão, Ernst Haeckel (1834-1919), criou formalmente a disciplina que estuda a relação dos seres vivos com o meio ambiente, ao propor, em 1866, o nome ecologia para esse ramo da biologia. Haeckel foi um naturalista que ajudou a popularizar o trabalho de Charles Darwin.
Este ano a Semana do Meio Ambiente está inserida no contexto global do Ano Internacional das Florestas, declarado pela Organização das Nações Unidas, e a nível nacional em sintonia com a Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela Igreja Católica Apostólica Romana.
O tema da Campanha da Fraternidade de 2011 é “Fraternidade e a Vida no Planeta” e está voltada para o meio ambiente. A Igreja propõe como objetivo geral: contribuir para a conscientização das comunidades sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e motivá-las a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema e preservar as condições de vida no planeta.
Nesta data estabelecida pela ONU, em comemoração ao primeiro grande encontro internacional dedicado à temática ambiental, Gaia não tem muito o que festejar.
No caso do Brasil há uma forte contradição do governo entre o que se prega nos debates internacionais e o que se pratica no dia-a-dia. Somos conhecidos mundialmente até pouco tempo, devido ao setor energético ter praticamente metade do seu atendimento por fontes renováveis de energia, possuindo um eficaz sistema de gestão integrada das usinas hidrelétricas e uso de biomassa. Após a desastrosa privatização desse setor, com seu desmantelamento, os planejadores atuais identificam agora a necessidade de instalação de mega-hidroelétricas na região Amazônica, a instalação de usinas nucleares e de termoelétricas a combustíveis fósseis para atender a demanda futura de energia elétrica em nosso país. Assim caminhamos na contra mão das ações que estão em desenvolvimento em outros países que tem privilegiado as fontes renováveis de energia em suas matrizes energéticas.
Em Pernambuco o momento vivido deve ser analisado criticamente, pois seu atual crescimento econômico obedece a uma mentalidade que tem base na visão do século passado do “crescimento a qualquer custo”, ignorando a dimensão sócio-ambiental. Pois então vejamos as ações propostas e em execução, e respondamos a pergunta “O que comemorar na Semana do Meio Ambiente?”.
Barragem de Morojozinho
Esta barragem a ser construída em Nazaré da Mata (50 km de Recife), prevê o corte de 6,24 ha de Mata Atlântica, no riacho Morojozinho, no Engenho Morojó. Lembrando que em Pernambuco a Mata Atlântica ocupa menos de 2,5% da cobertura original.
Implantação e pavimentação do contorno rodoviário do Cabo de Santo Agostinho
A chamada “Via Expressa” prevê a ligação viária entre a BR-101 e o distrito de Nossa Senhora do Ó. O principal impacto ambiental é representado pela supressão de vegetação de Mata Atlântica. Dos 11,8 hectares a serem suprimidos, 2,6 ha estão localizados nas margens de riachos, em Áreas de Preservação Permanente (APP).
Usina Termoelétrica Suape II
A construção da usina termelétrica Suape II, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, localizado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, há 40 km ao sul de Recife. A potência instalada será de 380 MW, e consumirá óleo combustível, uma sujeira só para o meio ambiente. O projeto pertence a um grupo formado pela Petrobrás e a Nova Cibe Energia (Grupo Bertin), cujo início de operação comercial está prevista para janeiro de 2012. Estima-se a emissão anual de pelo menos 2 milhões de toneladas de CO2, (considerando que para cada tonelada equivalente de petróleo-tep se produz 3,34 toneladas de CO2, e que 1 m3 de óleo combustível é igual 0,946 tep).
Previsão de outra Termoelétrica em Suape III
Anunciada
em julho de 2010 durante a reunião do Conselho Estadual de Políticas Industriais, Comerciais e de Serviços (Condic). Esta nova térmica a ser instalada também no Complexo Industrial e Portuário de Suape, consumindo óleo combustível, terá um potencia instalada de 1.450 MW. Estima-se preliminarmente que a emissão anual será de 8 milhões de toneladas de CO2 .
Ampliação do Complexo Industrial e Portuário de Suape
Recentemente foi autorizado pela Assembléia Legislativa o desmatamento para a ampliação do Complexo Industrial e Portuário de Suape de 691 hectares (tamanho aproximado de 700 campos de futebol) de mata nativa, sendo 508 de mangue, 166 de restinga e 17 de Mata Atlântica. Inicialmente previsto o desmatamento de 1.076,49 hectares de vegetação nativa, mas foi reduzido devido a pressão de organizações da sociedade civil pelo absurdo proposto.
Governo estadual disputa instalação de usina nuclear
Anunciado que o Estado vai entrar na disputa para receber uma das duas centrais nucleares que o governo federal planeja instalar no Nordeste. É sabido que no artigo 216 a Constituição Estadual, proíbe a instalação de usinas nucleares enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia elétrica de outras fontes. Logo, terá que mudada a Constituição Estadual para instalar esta usina em Pernambuco.
Construção de Pequena Central Hidroelétrica (PCH)
Desmatamento de vegetação nativa autorizado pela Assembléia Legislativa de 7,4 hectares visando o alagamento de uma área para a formação do reservatório da PCH de 6,5 MW denominada Pedra Furada, localizada nos municípios de Ribeirão e Joaquim Nabuco, na Mata Sul, distante a 87 km do Recife.
Termope (Termoelétrica de Pernambuco)
Foi iniciada a construção a partir de 2001, como parte do Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT) do Governo Federal. Entrou em operação em 2004, e esta localizada no Complexo Industrial e Portuário de Suape com potência instalada de 532 MW, e a plena carga consome 2 milhões de m3 de gás natural. Emissões anuais de CO2 são estimadas em 1,8 milhões de toneladas (considerando que para cada tonelada equivalente de petróleo se produz 2,12 toneladas de CO2, onde .1 m3 de gás é igual a 0,968 tep). O terreno ocupado possibilita a duplicação da usina podendo atingir a potência de 1.064 MW.
A construção de um estádio e da cidade da copa, para a Copa do Mundo de 2014
Resultará no desmatamento de uma área considerável do fragmento da Mata Atlântica de São Lourenço da Mata, situada a 20 km de Recife. O projeto da Cidade da Copa prevê uma área de 239 hectares para construção de todos os equipamentos (previstos prédios residenciais e um hospital). O estádio ocupará cerca de 40 ha desse total.
A implantação do Estaleiro Construcap S.A.
Para a instalação desta planta naval, que irá ocupar 40 ha, a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) concedeu a licença de instalação autorizando a supressão de 28 ha de mangue (berçário natural de centenas de espécie) na ilha de Tatuoca. Sendo que as atividades típicas desse tipo de empreendimento poluem em todas suas formas, e a mão de obra necessária não é na sua grande maioria, oriunda da comunidade, e seu entorno, com vêm falando os interessados e o governador.
Heitor Scalambrini Costa é Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco
EcoDebate, 03/06/2011