Uma modificação feita por cientistas no vírus da gripe aviária tem gerado polêmica no mundo científico. Dois laboratórios, da Holanda e dos Estados Unidos, criaram um vírus mutante do H5N1 e o tornaram transmissível entre humanos. A novidade acendeu o debate sobre biossegurança, já que, em mãos erradas, a descoberta pode se tornar uma arma biológica capaz de provocar pandemias letais.
Com medo de que a informação comprometa a segurança pública e caia nas mãos de terroristas, o governo americano solicitou às duas revistas mais prestigiadas na área científica – a americana Science e a britânica Nature – que não divulguem o estudo na íntegra. As publicações anunciaram que estão avaliando o pedido, mas destacaram a preocupação em censurar informações importantes para os estudiosos da gripe.
Benefícios
O H5N1 já provocou surtos em toda Ásia e alguns países da Europa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o H5N1 infectou até agora 570 pessoas no mundo (nenhum caso no Brasil) e matou 331 – uma taxa de mortalidade de quase 60%.
Por enquanto, o vírus que circula é transmitido apenas entre as aves e delas para seres humanos, sem poder de contágio de uma pessoa para outra.
Com a modificação recém-criada, no entanto, o vírus passa a ser transmissível pelo ar, como um vírus da gripe comum, o que o torna extremamente contagioso para os humanos. “Esse vírus modificado está dentro de dois laboratórios e de lá pode escapar acidentalmente ou acabar caindo em mãos que não estão interessadas na parte de pesquisa”, explica a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Outro risco em divulgar detalhes do estudo é que, segundo ela, com as informações da mutação gênica do H5N1, outros laboratórios podem desenvolvê-lo, aumentando as chances de se perder o controle sobre ele. (Fonte: Gazeta do Povo/PR)
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