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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Bem-vindo ao Mundo Novo, artigo de Montserrat Martins



Feliz Ano Novo ! Sendo psiquiatra devo desejar, à la Simão Bacamarte, que você seja feliz mas não entre em euforia, caso fique eufórico observe se depois vem a depressão, se os sintomas persistirem procure um médico. E se você, tal como Bernard Marx em Admirável Mundo Novo, sente algum desconforto social e pessoal, pode perceber que à sua volta as pessoas já estão devidamente adaptadas, com uma prescrição adequada às suas necessidades biológicas.

No passado era comum um tipo de “receita de vizinha” em que uma vizinha perguntava o que tomar para dor de garganta e a outra “receitava” um antibiótico, porque “eu tomo e dá certo”. Hoje as vizinhas já trocam receitas não só para si mas para toda família, filhos e netos, que incluem Ritalina, Risperidona, Rivotril, Carbamazepina, Lítio.

O Brave New World chegou para ficar, tal como previsto há setenta anos pelo profético Aldous Huxley, consagrando também o Dr. Simão Bacamarte, alienista machadiano, que completa cento e trinta anos de vida em 2012. É visto com naturalidade que nas instituições para jovens com problemas de conduta o uso do tratamento psiquiátrico se torne amplamente majoritário, o que é relacionado à redução da frequência de tumultos, justificando o acerto da estratégia. Nos colégios, no entanto, ainda surpreende a alguns o uso cada vez mais precoce de medicamentos em crianças, desde pequenas, para melhorar o rendimento escolar e o relacionamento com colegas, professores e pais.

O que esse cenário nos diz sobre nossa sociedade, que prenúncios nos traz para o futuro ? Machado e Huxley nos anteciparam a era atual com suas previsões feitas um século antes. O que temos a dizer para as próximas gerações ? Ingressamos na era da tecnologia biológica comportamental antes de termos investido em uma tecnologia humana relacional. Na falta de tempo para o diálogo, regulamos o nosso equilíbrio emocional com substâncias químicas. Ante as demandas de maior produtividade e das novas tecnologias voltadas ao lazer, desenvolvemos formas de prazer individuais, fazendo com que a principal modalidade de ativismo hoje seja a dos nossos dedos, no videogame. Pode faltar água na cidade, nesse verão ? Ah, sim, nós vimos na TV. Alguém vai resolver. Senão, vamos pagar mais caro pela água, é preciso ganhar mais.

Os livros de Medicina preconizavam, há trinta anos, que uma criança não deveria receber psicofármacos se não estivesse em psicoterapia, um método voltado a abrir espaço para as suas emoções na sua identidade psicológica e na interação com seus familiares. Hoje, mesmo os hospitais-escola universitários já passam direto para a fase de medicalização dos sintomas, para “otimizar” o tempo dispendido em atendimentos e dar conta de uma demanda cada vez mais massificada. Sim, uma sociedade de massas na qual só é onipresente o Big Brother, antecipado por George Orwell em ’1984′.

Definitivamente, você não está sozinho, seja qual for o seu caso. Se já estiver devidamente atendido e medicado, aproveite o que a tecnologia química tem para lhe oferecer. Se ainda busca por alternativas mais naturais para viver em harmonia, encontrará aliados entre os que acreditam que um mundo melhor é possível, para o que não basta nos adaptarmos às regras vigentes, é necessário também compreender nossa natureza mais profundamente.

Não sabemos, hoje, como resolver o problema da água ou do clima, apesar das promessas de que novas tecnologias resolverão tudo, sem grandes preocupações preservacionistas. Pretendemos saber como manter o equilíbrio pessoal e emocional por meios químicos, deixando de atribuir significado a sinais e sintomas como expressão da nossa natureza humana em desequilítbrio, cujas necessidades emocionais e relacionais não são atendidas pelo atual status quo. Nossos dilemas, hoje, são próprios do século XXI, um mundo complexo e sem precedentes, a não ser na imaginação machadiana e de outros gênios proféticos, Huxley e Orwell.

Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra

EcoDebate, 30/12/2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Aumenta número de cidades em situação de emergência em Minas Gerais



Subiu de 31 para 35 os municípios de Minas Gerais em situação de emergência por causa das fortes chuvas, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (28) pela Defesa Civil estadual.


As cidades de Alagoa, Claro dos Poções, Alvinópolis e Timóteo decretaram situação de emergência depois de registrarem pontos de alagamento, deslizamentos de terra e destruição de pontes e estradas nos últimos dias.


Até o momento, mais de 2,08 milhões de pessoas foram afetadas pelos estragos das enxurradas em 97 municípios. De acordo com a Defesa Civil, 7.848 estão desalojadas (tiveram que deixar suas casas) e 374 desabrigadas (perderam a casa). Foram registradas duas mortes em Reduto e Governador Valadares. O número de feridos chega a 31.


A previsão é de que a chuva forte continue até a próxima semana, já que uma frente fria deve ficar sob a região de Minas Gerais. (Fonte: Carolina Pimentel/ Agência Brasil)

Nível do mar sobe cada vez mais rápido no litoral norte de São Paulo ameaçando cidades costeiras


Sobe cada vez mais rápido o nível do mar no litoral norte de São Paulo, aponta pesquisa coordenada pelo professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos de 1944 a 2007 pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, em Santos, Alfredini constatou uma elevação do mar de 74 centímetros por século. Também foi analisada a documentação de outras instituições em Ubatuba, São Sebastião e Caraguatatuba .


Nas últimas décadas, no entanto, o avanço das águas marítimas foi mais rápido. “Nos últimos 20 anos, analisando esses dados, a gente nota que tem havido uma aceleração. Isso aparentemente está ligado ao fato que as temperaturas têm aumentado mais nesse período”, ressaltou o professor. Com isso, a estimativa de Alfredini é que neste século o nível do mar suba cerca de 1 metro.


Um aumento desse nível significa, segundo Alfredini, a perda de 100 metros de praia em áreas com declividades suaves. Essa aproximação das águas pode colocar em risco construções à beira mar. “A quebra da onda vai ficar muito mais próxima das avenidas, onde existem ocupações urbanas. Vai começar a solapar e erodir muros”, disse. “Tubulações que passem perto da praia, como emissários de esgoto, interceptores de águas pluviais, podem vir a ser descalçados e eventualmente até romper”, completou.


Outro fator que ameaça as construções costeiras, verificado no estudo, é o aumento da altura das ondas nas ressacas e tempestades marítimas, além do aumento da frequência desses fenômenos. “Havendo um recrudescimento das ondas, isso também vai provocar mais erosões [nas praias]”, alertou o pesquisador.


A elevação do nível do mar poderá ainda, segundo Alfredini, causar problemas para o abastecimento de água em algumas cidades. Segundo ele, esse processo tende a causar um aumento no volume de água que se infiltra nos rios. “ Portanto, as tomadas de água para abastecimento público e industrial poderão começar a receber água com maior teor de salinidade. E isso pode começar a complicar ou inviabilizar o tratamento da água”.


Para amenizar esses problemas, o pesquisador aponta a necessidade de preparação das cidades afetadas, com a construção, por exemplo, de obras de defesa costeira. “Tem que ter nesses governos municipais, principalmente, que estão em áreas de extremo risco, consciência de que isso é uma realidade”.


Reportagem de Daniel Mello, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 29/12/2011


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mais 5 cidades entram em estado de emergência em MG; já são 31


Mais cinco cidades decretaram estado de emergência em Minas Gerais nesta segunda-feira (26). Segundo balanço da Defesa Civil, já são 31 cidades em emergência desde o final de outubro, quando as chuvas no Estado se intensificaram.


De acordo com a Defesa Civil, 93 municípios foram afetados pelas chuvas. As quatro últimas em emergência – Setubinha, São João do Rio Doce, Vespasiano e Conceição do Pará – devido a enchentes, enxurradas e vendavais causadas pelas chuvas dos últimos dias. Já em Raposos, região central do Estado, houve deslizamento de terra.


Uma frente fria está no Sudeste do país e pode trazer chuvas para grande parte de Minas nas próximas 24 horas, segundo previsão do tempo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).


Ontem uma chuva forte atingiu a região centro-oeste do Estado e provocou elevação do nível do córrego Carapinas na junção com o córrego Estrelas, causando inundações em alguns pontos da cidade de Perdões. De acordo com a Defesa Civil, 59 pessoas ficaram desalojadas.


Segundo a Defesa Civil, até o momento, duas pessoas morreram e 31 ficaram feridas devido às chuvas. Os óbitos ocorreram nas cidades de Reduto e Governador Valadares. Ao menos 7.759 pessoas estão desalojadas e 335, desabrigadas. Mais de 1.952 casas foram danificadas e 73, destruídas.


A orientação da Defesa Civil é a de que todas as pessoas estejam atentas a qualquer sinal de perigo, como deslizamento de terra, mesmo que em pequena quantidade; à queda de árvores; trincas ou rachaduras em paredes; ao rebaixamento de pisos; ao volume excessivo de água em terrenos sem cobertura vegetal. (Fonte: Folha.com)


Tormenta solar não destruirá a Terra em 2012


A Nasa (agência espacial norte-americana) previu alguns anos atrás a ocorrência de uma intensa tempestade solar em 2012.


Segundo as estimativas da NCAR (Centro Nacional de Investigações Atmosféricas), ela seria 30% a 50% mais forte que a anterior e também a maior dos últimos 50 anos.


A tormenta solar não tem, porém, a capacidade de destruir fisicamente a Terra e tampouco as pessoas comuns precisam se precaver contra o fenômeno. Há sites na internet que chegam ao ponto de indicar guias de sobrevivência para a tormenta solar.


O calor que é emitido nas tempestades solares não chega à Terra, mas a radiação eletromagnética e as partículas energizadas podem afetar temporariamente as comunicações, como os GPS e os telefones celulares, da mesma forma que os furacões o fazem.


O prognóstico da próxima tempestade solar tem como base a intensificação da atividade solar, que surge em ciclos com cerca de 11 anos de duração, após longos períodos de calmaria do Sol. Mais recentemente, a Nasa estipulou como 2013 ou 2014 a data provável para acontecer o fenômeno.


A última tempestade solar de grande proporção é de 1958. Uma de suas consequências que costuma ser lembrada é que a aurora boreal pôde ser vista em regiões distantes como o México. (Fonte: Folha.com)


Outro paradigma: escutar a natureza, artigo de Leonardo Boff
Agora que se aproximam grandes chuvas, inundações, temporais, furacões e deslizamentos de encostas temos que reaprender a escutar a natureza. Toda nossa cultura ocidental, de vertente grega, está assentada sobre o ver. Não é sem razão que a categoria central – idéia – (eidos em grego) significa visão. A tele-visão é sua expressão maior. Temos desenvolvido até os últimos limites a nossa visão. Penetramos com os telescópios de grande potência até a profundidade do universo para ver as galáxias mais distantes. Descemos às derradeiras partículas elementares e ao mistério íntimo da vida. O olhar é tudo para nós. Mas devemos tomar consciência de que esse é o modo de ser do homem ocidental e não de todos.
Outras culturas, como as próximas a nós, as andinas (dos quéchuas e aimaras e outras) se estruturam ao redor do escutar. Logicamente eles também veem. Mas sua singularidade é escutar as mensagens daquilo que veem. O camponês do antiplano da Bolívia me diz: “eu escuto a natureza, eu sei o que a montanha me diz”. Falando com um xamã, ele me testemunha: “eu escuto a Pachamama e sei o que ela está me comunicando”. Tudo fala: as estrelas, o sol, a lua, as montanhas soberbas, os lagos serenos, os vales profundos, as nuvens fugidias, as florestas, os pássaros e os animais. As pessoas aprendem a escutar atentamente estas vozes. Livros não são importantes para eles porque são mudos, ao passo que a natureza está cheia de vozes. E eles se especializaram de tal forma nesta escuta que sabem, ao ver as nuvens, ao escutar os ventos, ao observar as lhamas ou os movimentos das formigas o que vai ocorrer na natureza.
Isso me faz lembrar uma antiga tradição teológica elaborada por Santo Agostinho e sistematizada por São Boaventura na Idade Media: a revelação divina primeira é a voz da natureza, o verdadeiro livro falante de Deus. Pelo fato de termos perdido a capacidade de ouvir, Deus, por piedade, nos deu um segundo livro que é a Bíblia para que, escutando seus conteúdos, pudéssemos ouvir novamente o que a natureza nos diz.
Quando Francisco Pizarro em 1532 em Cajamarca, mediante uma cilada traiçoeira, aprisionou o chefe inca Atahualpa, ordenou ao frade dominicano Vicente Valverde que com seu intérprete Felipillo lhe lesse o requerimento,um texto em latim pelo qual deviam se deixar batizar e se submeter aos soberanos espanhóis, pois o Papa assim o dispusera. Caso contrário poderiam ser escravizados por desobediência. O inca lhe perguntou donde vinha esta autoridade. Valverde entregou-lhe o livro da Bíblia. Atahaualpa pegou-o e colocou ao ouvido. Como não tivesse escutado nada jogou a Bíblia ao chão. Foi o sinal para que Pizarro massacrasse toda a guarda real e aprisionasse o soberano inca. Como se vê, a escuta era tudo para Atahualpa. O livro da Bíblia não falava nada.
Para a cultura andina tudo se estrutura dentro de uma teia de relações vivas, carregadas de sentido e de mensagens. Percebem o fio que tudo penetra, unifica e dá significação. Nós ocidentais vemos as árvores mas não percebemos a floresta. As coisas estão isoladas umas das outras. São mudas. A fala é só nossa. Captamos as coisas fora do conjunto das relações. Por isso nossa linguagem é formal e fria. Nela temos elaborado nossas filosofias, teologias, doutrinas, ciências e dogmas. Mas esse é o nosso jeito de sentir o mundo. E não é de todos os povos.
Os andinos nos ajudam a relativizar nosso pretenso “universalismo”. Podemos expressar as mensagens por outras formas relacionais e includentes e não por aquelas objetivísticas e mudas a que estamos acostumados. Eles nos desafiam a escutar as mensagens que nos vem de todos os lados.
Nos dias atuais devemos escutar o que as nuvens negras, as florestas das encostas, os rios que rompem barreiras, as encostas abruptas, as rochas soltas nos advertem. As ciências na natureza nos ajudam nesta escuta. Mas não é o nosso hábito cultural captar as advertências daquilo que vemos. E então nossa surdez nos faz vitimas de desastres lastimáveis. Só dominamos a natureza, obedecendo-a, quer dizer, escutando o que ela nos quer ensinar. A surdez nos dará amargas lições.
Veja meu livro O Casamento do Céu com a Terra: mitos ecológicos indígenas, Moderna, São Paulo 2004.
Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra e cuidar da vida:como evitar o fim do mundo, Record, Rio 2010.
Artigo originalmente publicado no blogue pessoal de Leonardo Boff, @LeonardoBoff
EcoDebate, 28/12/2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Planta carnívora que devora ratos é declarada nova espécie

Uma planta carnívora capaz de digerir pequenos animais – como ratos – foi declarada como uma nova espécie. A “dama de copas”, como é chamada, é uma das maiores plantas carnívoras – chega a 2,5 m de altura – e foi exibida para o público pela primeira vez há sete anos, em uma feira de botânica no Reino Unido. As informações são do site do jornal britânico The Independent.
Segundo a reportagem, somente agora a planta foi oficialmente reconhecida como pertencente a uma nova espécie. A Nepethes robcantleyi tem uma estrutura em forma de jarro com cerca de 40 cm de altura e dentro dela há ácido hidroclorídrico e enzimas (composição similar ao estômago humano) capazes de digerir insetos, pequenos mamíferos e répteis que caírem dentro dela.
O doutor Martin Cheek, especialista em classificação de plantas dos Jardins Botânicos Reais, em Kew, identificou a espécie como nova após a exposição. A espécie foi descoberta por Rob Cantley, ex-policial que atuou em Hong Kong (quando a ilha pertencia ao Reino Unido) e a achou nas Filipinas.
Cantley plantou algumas sementes que germinaram. Hoje, ele vende plantas exóticas originárias da Ásia. “Nós temos ratos e muitas vezes um é pego por essas plantas. Nós temos que ‘pescá-lo’ para fora.”
A planta nunca mais foi registrada nas Filipinas e a floresta onde ela foi achada pela primeira vez foi desmatada – o que pode significar que a espécie já está extinta na natureza. (Fonte: Portal Terra)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

MMA abre consulta pública para o plano sobre biodiversidade

O Ministério do Meio Ambiente está com consulta pública aberta pela internet para o Plano Estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica para 2020. O documento foi preparado e discutido ao longo deste ano em reuniões presenciais com os setores empresariais, sociedade civil ambientalista, academia, governo (federal e estadual) e povos indígenas e comunidades tradicionais. A fase atual busca obter mais contribuições da sociedade brasileira para a elaboração das metas nacionais de biodiversidade para 2020.
As propostas em consulta foram consolidadas um único documento chamado “Documento base da consulta pública” a partir das contribuições do encontro “Diálogos sobre Biodiversidade: construindo a estratégia brasileira para 2020″, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente este ano, em que reuniu cinco setores da sociedade.
O documento considera as 20 Metas Globais de Biodiversidade (Metas de Aichi) e as visões e necessidades específicas de cada um deles, tendo como orientação geral a necessidade de um conjunto de metas para maior efetividade no seu alcance e monitoramento.
Como resultado dos trabalhos das reuniões setoriais, foram gerados 25 documentos (5 para cada uma das 5 reuniões) contendo proposta de metas nacionais de biodiversidade para 2020 e de submetas intermediárias para serem alcançadas nos anos de 2013 a 2017.
A consulta pública fica aberta do dia 19 de dezembro de 2011 até o dia 31 de janeiro de 2012. (Fonte: MMA)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A fome no mundo é um problema político, artigo de Ute Schaeffer
Em tese, há alimentos para todos. Se mesmo assim uma em cada sete pessoas passa fome, pode-se dizer que essa é uma situação politicamente tolerada, argumenta a editora-chefe da Deutsche Welle, Ute Schaeffer.
Um mundo sem fome, com 7 bilhões de pessoas bem alimentadas e bem nutridas, seria possível. Nosso planeta produz alimentos suficientes. A fome não é um problema causado pela natureza ou cuja razão está apenas nas crises. A fome é politicamente tolerada. Ela é aceita porque há “coisas mais importantes”, por exemplo as vozes dos consumidores e agricultores europeus.
Se nós, europeus, levássemos mesmo a sério nossos sermões sobre solidariedade, teríamos que cortar os subsídios agrícolas no continente, revolucionar os sistemas de comércio e aumentar o preço dos alimentos nos países industrializados.
As vozes dos famintos, contudo, não contam. Eles não têm lobby. Passa-se fome sobretudo – por mais bizarro que isso soe – nas regiões onde os alimentos são produzidos, ou seja, no campo, onde as pessoas vivem da agricultura familiar e não têm seus interesses representados nas instituições econômicas multilaterais.
Quando se fala de acordos econômicos e fluxos comerciais globais, essas pessoas não têm voz. Embora sejam numerosas: ainda hoje quase metade da população mundial vive direta ou indiretamente do cultivo de alimentos. Essa grande maioria silenciosa nos países em desenvolvimento paga o preço do nosso sistema econômico: em todo o mundo 1 bilhão de pessoas passam fome ou estão subnutridas.
Bons argumentos por uma política diferente
Os políticos europeus dão sempre a impressão de não saber o que fazer e perguntam como explicar aos eleitores europeus uma mudança tributária em prol dos mais pobres.
Acredito que isso nem seria tão difícil. Se me permitem algumas sugestões: expliquem aos eleitores que o combate à fome serve também à segurança de nossos interesses e de nosso bem-estar! Pois como é que a Europa pretende lidar com os potenciais 150 milhões de refugiados da fome da África subsaariana, que poderão emigrar a partir do ano de 2020?
Expliquem aos eleitores que não queremos pagar impostos duas vezes. Pois hoje consertamos com recursos e projetos destinados à ajuda ao desenvolvimento o que nossa política econômica e nossa ordem econômica mundial destroem. E, como resultado, não produzimos nada, exceto novas formas de dependência entre o mundo desenvolvido e o não desenvolvido. Isso sem contar os ridículos subsídios a uma agricultura não sustentável no Norte.
Beneficiários da fome
Fala-se muito das consequências humanitárias da fome. Mas quem fala daqueles que ganham com a fome? Isso também precisa ser dito com todas as letras: há quem se beneficie desse sistema que produz fome. E essas pessoas somos sobretudo nós, consumidores, que gastamos hoje menos pelos alimentos do que gastávamos há 20 anos. Gostamos de comprar pão por 1 euro e leite por 70 centavos de euro, e dizemos a nós mesmos que alimentos não podem custar caro.
Há 100 anos, os consumidores na Alemanha gastavam dois terços de sua renda com alimentos; hoje são apenas 20%. Entre os que tiram vantagem disso estão os agricultores europeus, que produzem muito além da demanda do mercado e mesmo assim não precisam se preocupar. Altos subsídios lhes garantem uma renda confortável e uma ampla retaguarda política. Os agricultores nos países em desenvolvimento nem ousam sonhar com uma situação como essa.
Entre aqueles que se beneficiam da fome estão também os grandes grupos de agronegócios, que massacram todos os mercados com suas sementes e respectivos agrotóxicos. E também as elites nas capitais do Hemisfério Sul. Em muitas regiões, a política é feita sobretudo para agradar à própria clientela e aos eleitores nas capitais. Ali se decide, por exemplo, quantos recursos serão destinados ao desenvolvimento do campo.
Investimentos no desenvolvimento de regiões interioranas e na agricultura são considerados retrógrados. Países em que 80% do PIB vêm da agricultura acreditam que podem viver sem uma política agrária! Ou ainda mais grave: um país com as dimensões de terras férteis como Moçambique, por exemplo, poderia exportar arroz ou milho para todo o sul do continente africano. Em vez disso, os moçambicanos dependem de importações caras, simplesmente porque a elite política local não se interessa por esse problema.
Em situações como essa, é preciso realizar um trabalho de convencimento, em todos os encontros de cúpula bilaterais e em toda conferência internacional. E isso os países industrializados só vão alcançar quando os países em desenvolvimento estiverem cientes das vantagens que terão, ou seja: mais possibilidades de exportação do que aquelas que eles têm hoje, acesso aos mercados europeus e preços justos de produtos agrícolas no mercado internacional.
Bela mentira do mundo do bem-estar
Quem também se beneficia com a fome são os especuladores do mercado alimentício. Alimentos básicos transformaram-se em objetos de especulação, cujos preços aumentaram em torno de 30% no segundo semestre de 2010. Um mercado lucrativo, ao qual aderem investidores e especuladores, enquanto as pessoas de Porto Príncipe, Dhaka ou Agadez ficam a ver navios por não poderem pagar seus altos preços.
Vamos acabar com as belas mentiras do nosso mundo de bem-estar: a fome e a miséria são causadas apenas em parte por guerras ou catástrofes. E são raramente apenas um problema da população urbana pobre. Não! A fome é o resultado de uma exclusão que é no mínimo tolerada por amplas parcelas da população. As necessidades e penúrias de quem passa fome são colocadas de lado, politicamente apagadas por todos aqueles que se beneficiam com o problema.
Após décadas de dependência e exploração pelas potências coloniais, foram impostos aos países africanos independentes, nos anos 1980, ajustes estruturais radicais por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial: liberalizar, desregular e privatizar eram as palavras de ordem. Essa política, contudo, foi implementada em países sem infraestrutura, sem capital de conhecimento, sem uma economia em funcionamento e sem investidores nacionais. As consequências foram catastróficas, especialmente para a agricultura, mas também para os setores de educação e saúde.
Segurança do mundo desenvolvido em perigo
Com indiferença e ignorância – é assim que a comunidade internacional lida com o escândalo da fome no século 21. Um erro fatídico, não somente por razões morais. Não devemos subestimar a força dos pobres e famintos, e tampouco seu potencial político explosivo. Em 2008, os altos preços dos alimentos já provocaram revoltas dos famintos, desde o Camarões até o Egito. Já nos próximos dez anos, isso nos custará bilhões em forma de programas de ajuda e reparação. A fome põe em risco a estabilidade política – primeiro nas regiões aingidas, depois na Europa.
Quem compreende as correlações envolvidas conclui forçosamente que é necessária uma mudança política radical. Nenhuma reparação, nenhuma ajuda emergencial, nenhuma promessa decorativa, proferida num encontro de cúpula e pouco depois esquecida, será capaz de deter a erosão social e econômica provocada pela fome e pela pobreza em todo o mundo. Da mesma forma que os agricultores no Hemisfério Sul são dependentes de regras comerciais justas e preços justos, as sociedades ricas do Norte são dependentes da estabilidade política e econômica das sociedades do Sul, que crescem rapidamente.
Precisamos adiar nossos interesses de curto prazo – mais crescimento, mais conforto –, para que ninguém mais morra de fome. Já transcorreram mais de quatro décadas desde que o então secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, prometeu numa conferência internacional sobre a alimentação: “Em uma década, nenhuma criança precisará mais ir para a cama à noite com fome”. Hoje, continuamos mais distantes do que nunca desta meta. Um verdadeiro atestado de pobreza!
Autora: Ute Schaeffer (sv)
Revisão: Augusto Valente
Artigo socializado pela Agência Deutsche Welle, DW e publicado pelo EcoDebate, 23/12/2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sobe para 22 o número de cidades mineiras em emergência

A Defesa Civil confirmou, nesta quarta-feira (21), a 22ª cidade em estado de emergência por causa das chuvas em Minas Gerais. O município de Paulistas, no Vale do Rio Doce, foi atingido por um temporal neste domingo (18) e teve diversos pontos de alagamento e deslizamento. Cerca de 180 pessoas ficaram desalojadas na cidade.
Nesta quarta-feira, a chuva deu uma trégua em Minas Gerais. De acordo com o Instituto de Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é que as chuvas diminuam e que haja elevação da temperatura no estado. No Leste e Vale do Rio Doce, regiões bastante afetadas nos últimos dias, apesar da redução das chuvas, o clima é de alerta porque o volume dos rios continuam subindo.
Além de Paulistas, desde o início do período chuvoso, os seguintes municípios decretaram emergência: Mathias Lobato, Espera Feliz, São Sebastião da Vargem Alegre, Vieiras, Dom Joaquim, Leopoldina, Itamarandiba, Faria Lemos, Domingos da Prata, Alpercata, Abre Campo, Ponte Nova, Formiga, Buritizeiro, Mariana, Florestal, Barra Longa, Acaiaca, Belo Horizonte, Itumirim, Jacinto.
Segundo boletim da Defesa Civil Estadual, ao todo 73 municípios foram afetados devido às chuvas. Cerca de 780 pessoas ficaram desalojadas, 93 desabrigadas, 27 feridas e duas morreram. Em relação aos danos materiais, foram constatadas 1.512 casas e 10 pontes danificadas, além de 39 casas e 12 pontes destruídas.
Recorde volume de chuva – A cidade de Belo Horizonte atingiu, nesta terça-feira (20), o recorde de volume de chuva em dezembro dos últimos cem anos de medição pluviométrica, com 606,4 milímetros de precipitação, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O recorde anterior era de 601,3 milímetros, registrado em dezembro de 2008.
Ainda segundo o instituto, o índice de 606,4 milímetros representa 90% de aumento em relação à média esperada para o mês, que é de 319,4 mm. As medições realizadas pelo 5º Distrito do Inmet, na capital mineira, mostram que o maior volume de água registrado em 24 horas foi de 91,4 milímetros no dia 14 de dezembro. Apenas entre os dias 13 e 20, foram registrados 465 milímetros de chuva.
De acordo com Instituto de Meteorologia, a previsão para Belo Horizonte nesta quarta-feira (21) é de céu nublado com possibilidade de pancadas de chuva, com temperaturas variando entre 18ºC e 26ºC. (Fonte: G1)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O dia do juízo sobre nossa cultura? artigo de Leonardo Boff
O final do ano oferece a ocasião para um balanço sobre a nossa situação humana neste planeta. O que podemos esperar e que rumo tomará a história? São perguntas preocupantes pois os cenários globais apresentam-se sombrios. Estourou uma crise de magnitude estrutural no coração do sistema econômico-social dominante (Europa e USA), com reflexos sobre o resto do mundo. A Bíblia tem uma categoria recorrente na tradição profética: o dia do juízo se avizinha. É o dia da revelação: a verdade vem à tona e nossos erros e pecados são denunciados como inimigos da vida. Grandes historiadores como Toynbee e von Ranke falam também do juízo sobre inteiras culturas. Estimo que, de fato, estamos face a um juízo global sobre nossa forma de viver na Terra e sobre o tipo de relação para com ela.
Considerando a situação num nível mais profundo que vai além das análises econômicas que predominam nos governos, nas empresas, nos foros mundiais e nos meios de comunicação, notamos, com crescente clareza, a contradição existente entre a lógica de nossa cultura moderna, com sua economia política, seu individualismo e consumismo e entre a lógica dos processos naturais de nosso planeta vivo, a Terra. Elas são incompatíveis. A primeira é competitiva, a segunda, cooperativa. A primeira é excludente, a segunda, includente. A primeira coloca o valor principal no indivíduo, a segunda no bem de todos. A primeira dá centralidade à mercadoria, a segunda, à vida em todas as suas formas. Se nada fizermos, esta incompatibilidade pode nos levar a um gravíssimo impasse.
O que agrava esta incompatibilidade são as premissas subjacentes ao nosso processo social: que podemos crescer ilimitadamente, que os recursos são inesgotáveis e que a prosperidade material e individual nos traz a tão ansiada felicidade. Tais premissas são ilusórias: os recursos são limitados e uma Terra finita não agüenta um projeto infinito. A prosperidade e o individualismo não estão trazendo felicidade mas altos níveis de solidão, depressão, violência e suicídio.
Há dois problemas que se entrelaçam e que podem turvar nosso futuro: o aquecimento global e a superpopulação humana. O aquecimento global é um código que engloba os impactos que nossa civilização produz na natureza, ameaçando a sustentabilidade da vida e da Terra. A conseqüência é a emissão de bilhões de toneladas/ano de dióxido de carbono e de metano, 23 vezes mais agressivo que o primeiro. Na medida em que se acelera o degelo do solo congelado da tundra siberiana (permafrost), há o risco, nos próximos decênios, de um aquecimento abrupto de 4-5 graus Celsius, devastando grande parte da vida sobre a Terra. O problema do crescimento da população humana faz com que se explorem mais bens e serviços naturais, se gaste mais energia e se lancem na atmosfera mais gases produtores do aquecimento global.
As estratégias para controlar esta situação ameaçadora praticamente são ignoradas pelos governos e pelos tomadores de decisões. Nosso individualismo arraigado tem impedido que nos encontros da ONU sobre o aquecimento global se tenha chegado a algum consenso. Cada pais vê apenas seu interesse e é cego ao interesse coletivo e ao planeta como um todo. E assim vamos, gaiamente, nos acercando de um abismo.
Mas a mãe de todas as distorções referidas é nosso antropocentrismo, a conviccção de que nós, seres humanos, somos o centro de tudo e que as coisas foram feitas só para nós, esquecidos de nossa completa dependência do que está à nossa volta. Aqui radica nossa destrutividade que nos leva a devastar a natureza para satisfazer nossos desejos.
Faz-se urgente um pouco de humildade e vermo-nos em perspectiva. O universo possui 13,7 bilhões de anos; a Terra, 4,45 bilhões; a vida, 3,8 bilhões; a vida humana, 5-7 milhões; e o homo sapiens cerca de 130-140 mil anos. Portanto, nascemos apenas há alguns minutos, fruto de toda a história anterior. E de sapiens estamos nos tornando demens, ameaçadores de nossos companheiros na comunidade de vida. Chegamos no ápice do processo da evolução não para destruir mas para guardar e cuidar este legado sagrado. Só então o dia do juízo será a revelação de nossa verdade e nossa missão aqui na Terra.
Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra e cuidar da vida:como evitar o fim do mundo, Record, Rio 2010.
Artigo originalmente publicado no blogue pessoal de Leonardo Boff, @LeonardoBoff
EcoDebate, 21/12/2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ministério do Meio Ambiente promove campanha para reduzir uso de sacolas plásticas

O Ministério do Meio Ambiente lançou nesta segunda-feira (19), na Rodoviária de Brasília, a segunda fase da campanha Saco é um Saco, que tem por objetivo conscientizar a população para a redução do uso de sacolas plásticas.
A diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentável da Secretaria de Políticas Ambientais do MMA, Laura Valente, distribuiu sacolas reutilizáveis. Segundo ela, é preciso mostrar à população alternativas para que as sacolas plásticas não sejam mais utilizadas. “A melhor coisa a se fazer é consumir só aquilo que precisa. Use uma opção retornável em vez de uma que é danosa ao meio ambiente”, disse.
Ela defendeu campanhas mais efetivas para que a população se conscientize de evitar o uso de sacolas plásticas. “A conscientização é importante quando aliada com campanhas efetivas no setor de mercados, para que não disponibilize mais sacolas. A gente tem que reverter esse hábito de 50 anos”.
A estratégia de lançar a segunda fase da campanha no Natal é para chamar a atenção das pessoas quanto ao uso das sacolas plásticas nas compras de fim de ano. “A escolha da sacola plástica implica problemas para todos, como poluição do solo e mares e a degradação da biodiversidade. Tudo isso é consequência do padrão de consumo que temos e de como tratamos essa questão”, disse Laura Valente.
A campanha agradou a estudante de administração Adriana Batista. “Gostei muito da iniciativa das sacolas reutilizáveis. As pessoas precisam se conscientizar sobre preservação do meio ambiente para as próximas gerações”. Já a contadora Elza Nascimento defende ações mais eficazes dos órgãos que promovem a campanha. “O governo não faz campanhas suficientes. Elas sempre são deixadas de lado depois de algum tempo. Deveria haver maior cobrança e fiscalização. Mas essa campanha é um bom passo”, defendeu.
Uma sacola reutilizável de cinco metros, feita de banners reciclados, foi instalada no dia 15 de dezembro na Rodoviária de Brasília, onde ficará exposta por duas semanas. Foram distribuídos também panfletos informativos sobre ações sustentáveis. Esta segunda fase faz parte da campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco, iniciada em São Paulo, em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Paulista de Supermercados (Apas). Em São Paulo, mais de 100 municípios aderiram à campanha. (Fonte: Agência Brasil)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Chuvas deixam 18 municípios de Minas em estado de emergência

Dezoito municípios de Minas Gerais declararam estado de emergência até a manhã de domingo (18), em consequência de temporais que atingem o estado nos últimos dias. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) já recebeu 42 notificações sobre problemas graves causados pela chuva.
O município de Barra Longa foi o 18º a decretar estado de emergência, depois que o Rio do Carmo transbordou e destruiu pontes e estradas de acesso ao município. Cinco residências foram danificadas e 85 pessoas ficaram desalojadas. Na região metropolitana de Belo Horizonte, durante a madrugada, chuva violenta levou pânico à população de Florestal, a 70 quilômetros da capital. O Ribeirão do Camarão transbordou, 150 casas foram inundadas e 153 famílias foram afetadas, das quais 11 pessoas ficaram desabrigadas. Não houve feridos.
Nas cidades históricas de Mariana e Ouro Preto, também em consequência dos temporais do fim de semana, muitas famílias tiveram que abandonar as casas onde moram, invadidas pelas águas. A situação é pior em Mariana, onde 300 pessoas foram afetadas e o abastecimento de água e de energia elétrica foi cortado.
No município de Acaiaca, a chuva dos últimos dias causou o transbordamento do Rio do Carmo, inundando residências e estabelecimentos comerciais em toda a área do centro da cidade. Ao todo, 159 pessoas estão desalojadas e outras 37 desabrigadas. Acaiaca fica na Zona da Mata, a 154 quilômetros da capital, e tem população de 4.206 habitantes.
O balanço da Defesa Civil, até a tarde deste domingo, registra 459 pessoas desalojadas, 30 desabrigadas, quatro feridas e duas mortas, havendo, ao todo, 21.480 pessoas afetadas em todo o estado pelos temporais e enchentes. Os danos materiais são 1.409 casas danificadas, 38 destruídas, oito pontes danificadas e seis destruídas.
Um dos mortos foi o motociclista Admardo Pereira, de 43 anos, que trafegava por uma estrada do município de Reduto durante um temporal, quando um eucalipto caiu sobre ele. A outra vítima é Poliane Alves de Oliveira, de 27 anos, arrastada pelas águas do Córrego Figueirinha, afluente do Rio Doce, que se elevaram subitamente no município de Governador Valadares.
De acordo com a Defesa Civil de Minas, a zona de convergência do Atlântico Sul permanece atuando sobre a Região Sudeste. Há perspectiva de grande volume de chuva no noroeste. As temperaturas permanecerão estáveis. Choveu, até agora, na capital mineira, 430 milímetros (mm), superando os 320 mm esperados para dezembro. Já choveu 34% acima da média nos primeiros 17 dias do mês. (Fonte: Jorge Wamburg/ Agência Brasil)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Conselho aprova prioridades do Plano Nacional de Recursos Hídricos

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovou na quarta-feira (14) a revisão do Plano Nacional de Recursos Hídricos com 22 prioridades para o quadriênio 2012-2015. É a primeira atualização do plano, lançado em 2006, para fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e a atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Singreh).
O processo da primeira revisão do Plano objetiva avaliar os avanços e desafios dos primeiros 5 anos de sua implementação (2006-2010), com adequações e correções necessárias para o planejamento nacional da gestão dos recursos hídricos. O documento PNRH – Prioridades 2012-2015, aprovado por unanimidade pelos conselheiros, serviu de base para a elaboração do Plano Plurianual do Governo Federal do próximo quadriênio, definindo uma agenda transversal da água.
A decisão do CNRH, de acordo com o gerente de Políticas e Planejamento do Ministério do Meio Ambiente, Franklin de Paula Jr, integra a agenda positiva do Brasil para ser apresentada na Rio+20, prevista para o próximo ano, pelo cumprimento da meta nº 26 da Conferência Rio+10, realizada em Joanesburgo, em 2002.
O Brasil foi o primeiro país das Américas a ter um Plano Nacional de Recursos Hídricos que foi elaborado de forma participativa envolvendo mais de 7 mil pessoas que atuam na gestão hídrica no País. O plano brasileiro é destacado internacionalmente por considerar a água em vários aspectos, como sociais, ambientais, culturais, éticos, técnicos, econômicos, entre outros, diz o gerente do MMA. O documento traz informações sobre disponibilidade e qualidade das águas no país, até o ano de 2020, além de indicar meios para que os vários usos do recurso natural possam ser atendidos de forma satisfatória.
O documento, que irá orientar a implementação do Plano nos próximos quatro anos, foi elaborado por um grupo de trabalho formado por gestores e técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA e da Agência Nacional de Águas (ANA), a partir das propostas das consultas públicas nas 12 Regiões Hidrográficas brasileiras, ocorridas em 2010, e das recomendações da Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos (CTPNRH). (Fonte: Gerusa Barbosa/ MMA)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Os desafios da gestão ambiental no Brasil, artigo de Pedro Ferraz Cruz
 [Correio Braziliense] Publicada em 9 de dezembro, a Lei Complementar nº 140/2011 regulamentou o artigo 23 da Constituição Federal de 1988, que trata da competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios nas questões relativas à gestão ambiental. A nova lei, ao instituir a delegação da execução de ações administrativas como um dos instrumentos de cooperação entre os entes federados, é mais um passo em direção ao federalismo no Brasil, processo de descentralização do poder em curso nos últimos 30 anos.
A gestão compartilhada entre os três níveis do Executivo é um esforço do poder público na tentativa de atender a crescente demanda da população por serviços públicos, sejam na área da saúde, da educação, do saneamento ou na ambiental. A edição da Política Nacional de Meio Ambiente em 1981, Lei nº 6.938, já demonstrava o modelo republicano federativo do Brasil ao instituir o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), do qual fazem parte os órgãos federais, estaduais e municipais de meio ambiente, e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), órgão normativo e deliberativo, além dos conselhos estaduais e municipais, também integrantes do Sisnama.
Outro marco legal, pós-Constituição Federal, foi a publicação da Lei dos Crimes Ambientais (nº 9.605), em 1998, e da Política Nacional de Recursos Hídricos (nº 9.433), em 1997. Ambas ampliaram o poder local ao possibilitar que estados e municípios se tornassem autoridades competentes para fiscalização e ao instituir a criação de comitês de bacias hidrográficas, que são colegiados público-privados responsáveis pela gestão dos recursos hídricos em cada bacia.
O federalismo pleno ainda é uma realidade distante no Brasil, principalmente pela falta de capacidade técnica nos pequenos municípios, falta de transparência, para não falar da maior sujeição do poder público aos desmandos do poder econômico local. A falta de recursos financeiros para institucionalizar as políticas públicas no nível municipal é outra forte barreira à eficácia da gestão descentralizada do combate aos crimes ambientais e da preservação e melhoria da qualidade ambiental.
Segundo o IBGE, em 2008, os 5.564 municípios brasileiros possuíam quase 25 mil servidores na área de meio ambiente, resultando em uma baixíssima média de 4,5 por município. A situação piora quando se trata dos 2.558 municípios com menos de 10 mil habitantes: 31% deles não possuem nenhuma estrutura administrativa na área ambiental. E os 69% restantes (1.767) somam apenas 9% do efetivo total do País, 2.230 servidores.
A descentralização da gestão ambiental é mais problemática que a descentralização da gestão de outros serviços públicos, como o transporte urbano, a segurança e a educação, pois não tem circunscrição territorial, seja urbana ou rural. O meio ambiente é, em sua essência, transfronteiriço, não está contido em um limite administrativo.
Dois municípios banhados pelo mesmo rio poderão executar políticas de tratamento de esgoto absolutamente distintas, uma com alta tecnologia, alto custo e alta eficiência, outra com baixo custo e baixa eficiência, resultando, necessariamente, em baixa efetividade da ação dos governos locais ao constatar-se a permanência da poluição hídrica.
Esse exemplo pode ser transposto para a questão do desmatamento, da poluição atmosférica, das emissões de carbono, do assoreamento dos rios e do tráfico de fauna silvestre. Será extremamente difícil estabelecer limites de competências entre os entes federados pelo simples motivo de um bioma ou um ecossistema perpassar qualquer tipo de limite administrativo.
As assimetrias regionais mostram como a governança ambiental ainda é muito díspare entre municípios do Norte e do Sul do país. Mesmo que regiões mais adiantadas tenham experimentado algumas formas de articulação intermunicipal, ainda não obtiveram êxito as duas principais tentativas: os comitês de bacias hidrográficas e os consórcios intermunicipais para disposição de resíduos sólidos e recuperação da qualidade da água.
Por enquanto, o enfraquecimento dos órgãos federais facilitará o caminho para os crimes ambientais que ultrapassam os estados, como a rede de extração da madeira da Amazônia que é consumida no Sul, a produção de gado no Norte que abastece os mercados do Sudeste, a extração de minérios que são consumidos ao redor do mundo, o carvão do Nordeste que é queimado nos autofornos de Minas Gerais, o petróleo da bacia de Campos que movimenta carros e indústrias nos principais centros urbanos do país.
Os problemas do novo modelo de gestão ambiental brasileiro não serão equacionados somente com a dedicação dos poderes Legislativo e Executivo. As soluções possíveis passam, obrigatoriamente, pela participação da sociedade, por meio do ativismo ambiental, do consumo consciente, do acesso democrático aos recursos naturais. Há um longo caminho pelo qual deverão passar as sociedades e os governos, baseado em educação e comunicação.
Pedro Ferraz Cruz é geógrafo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Artigo originalmente publicado no Correio Braziliense e socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4405.
EcoDebate, 15/12/2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O APOCALIPSE DO CONFORMISMO

Enquanto vivenciamos as “farsetas” do licenciamento ambiental visando legitimar a destruição sócio-ambiental do país, assistimos os fracassos da Conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP-17) – realizado nas últimas duas semanas em Durban na África do Sul.

Ainda que a opinião da ciência e a vontade popular ingênua e bem intencionada mostram-se contra tamanha marcha reversa, os “poderosos” teleguiados pela voracidade do capital desrespeitam as leis ambientais, demonstrando irresponsabilidade e descaso com a questão ambiental e com a opinião pública.

Embora a legislação ambiental seja avançada, ela é regularmente desrespeitada; "o Estado cria artimanhas e “farseia” procedimentos visando a liberação de licenças e arrecadação de ativos em curto prazo, alterando se necessário as leis para facilitar a destruição e oferecer segurança “jurídica” para a dilapidação". (Trecho da nota divulgada em Belo Horizonte, durante Diálogos da Terra no Planeta Água)

A desonra ao mérito fica, ao final, com os colegiados deliberativos compostos por maiorias dispostas a entregar o ouro, as águas, a floresta.....e, também, àqueles que nesta última semana implodiram a gestão ambiental no país com a lei complementar nº 140/2011 que trata da competência para o licenciamento ambiental.

Agora, o Ibama não poderá fiscalizar desmatamentos, pesca, extração mineral, degradação de empreendimentos licenciados pelos Estados e Municípios. É o enfraquecimento da proteção dos recursos naturais, uma vez que, na maioria dos casos, os Estados e Municípios, além de contarem com pouca estrutura, são mais vulneráveis às pressões empresariais e políticas.

E tem mais atrocidades por aí: Decreto presidencial prorrogando multas por desmatamento, a hidrelétrica de Belo Monte descendo a seco na goela do MPF. No MS a média de índios Guarani Caiuá assassinados supera mortes no Iraque. Tudo isso em nome do crescimento econômico, alimento farto para esta governança global perversa.

"Porque somos frequentemente inertes a estas questões, como as do ambiente, que poderão condicionar o futuro bem próximo? Por quê? Comodismo? Conformismo? Medo? Indiferença? Falta de consciência social? O que nos faz ter estas atitudes perante previsíveis tragédias que irão afetar os nossos filhos?" (http://a_verdade_da_mentira.weblog.com.pt/arquivo/118082.html)

Rodrigo Mesquita Costa
Advogado e Analista Ambiental

 



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dilma suspende por mais quatro meses multas por desmatamento

A presidente da República, Dilma Rousseff, assinou um decreto que prorroga por mais quatro meses a suspensão de multas aplicadas a proprietário rurais que descumprem a atual lei ambiental por desmatamento. O texto foi publicado no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira (12).
O decreto anterior que suspendia as multas venceu neste domingo (11), o que deixaria milhares de produtores na ilegalidade. A intenção do governo é esperar a votação do Código Florestal na Câmara, que pode conceder anistia a parte dos produtores que devastaram suas terras. A suspensão das multas vale até 11 de abril de 2012.
Na sexta-feira (9), a assessoria da Casa Civil informou que o decreto estava pronto, mas ainda não havia sido assinado..
Essa é a terceira prorrogação da suspensão das multa. Em novembro de 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia estendido por mais 18 meses o prazo para que produtores rurais façam o registro da reserva legal da propriedade em cartório sem que sejam notificados ou multados pelos órgãos ambientais. A presidente Dilma, por sua vez, prorrogou a suspensão mais uma vez, de 11 de junho deste ano para o último dia 11 de dezembro.
De acordo com líderes do governo e da oposição, o projeto que altera o Código Florestal – aprovado no último dia 5 no Senado – só deverá ser votado na Câmara dos Deputados em 2012. A proposta foi aprovada na Câmara em maio, mas como foi modificada no Senado, deverá passar por nova análise dos deputados. (Fonte: Priscilla Mendes/ G1)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Greenpeace classifica resultado da COP-17 como fracasso

A ONG internacional Greenpeace criticou duramente a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17) – realizada nas últimas duas semanas em Durban -, descreveu-a como uma “fracasso” e afirmou que os governos participantes “deveriam se sentir envergonhados”. “As negociações de Durban acabaram da mesma forma como começaram: em fracasso”, diz um comunicado divulgado no site da entidade. “Os governos preferiram ouvir os poluidores ao povo”.
O Greenpeace acusa os líderes que participaram da Conferência de terem fracassado no reforço de medidas anteriores de proteção do clima e se manterem “à margem de novas normas globais para lutar contra a mudança climática”. “Nos perguntamos como (os líderes) poderão continuar olhando nos olhos de seus filhos e netos quando voltarem para casa”, ressalta a organização.
O Greenpeace lembra ainda que, na conferência de dois anos atrás, realizada em Copenhague, os políticos prometeram um fundo de US$ 100 bilhões para ajudar os países mais pobres a enfrentar a mudança climática, mas critica a falta de ação sobre a proposta. “Vieram a Durban dois anos depois apenas planejando desenhar uma maneira para recolher e distribuir o dinheiro. E acaba que nem sequer conseguiram fazer isso”, acrescenta a nota.
Apesar do pacto obtido na COP-17 para prorrogar o Protocolo de Kyoto – único acordo de caráter legalmente vinculante contra a mudança climática -, o Greenpeace alega que houve poucos avanços na cúpula. A organização menciona Estados Unidos, União Europeia, China e Índia como obstáculos para um acordo com nações menos desenvolvidas. “Nos decepcionaram e seu fracasso será medido com a vida dos pobres, os mais vulneráveis e menos responsáveis pela crise da mudança climática”. (Fonte: Portal Terra)