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segunda-feira, 12 de março de 2012

Biblioteca científica digital brasileira torna-se referência mundial


O conhecimento sem fronteiras. Essa é a ideia que move o desenvolvimento de bibliotecas internacionais de acesso múltiplo e gratuito. E o Brasil é referência no assunto com o Programa SciELO que, em 2012, conquistou pela segunda vez o primeiro lugar entre os 60 maiores portais abertos de informação científica do mundo no Ranking Web of World Repositories (Webometrics), elaborado pelo Laboratório Cybermetrics do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC) da Espanha.

A coleção brasileira é líder de uma rede presente em 16 países, como Chile, Cuba, Argentina, México. Outras 12 coleções SciELO também foram destacadas. “A rede SciELO é atualmente o principal programa de publicação de periódicos de qualidade do mundo em desenvolvimento e um dos mais importantes de acesso aberto globalmente”, conta Abel Packer, coordenador operacional do programa.

O SciELO Brasil nasceu com o objetivo de melhorar a qualidade dos periódicos nacionais por meio da publicação online e a medição do desempenho ou impacto, maximizando a visibilidade, acessibilidade e o uso da pesquisa científica brasileira. O projeto piloto começou em 1997 com apenas 10 periódicos e, atualmente, tem 240 publicações indexadas. O programa fechou 2011 com uma média diária de 1,2 milhão de downloads e 36 milhões de artigos baixados por mês de forma gratuita.

“Para promover a presença ubíqua na web, adotamos o acesso aberto. Foi uma decisão pioneira. O acesso aberto como metodologia e movimento de publicação científica não havia se consolidado ainda”, lembra Packer. Entre os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), os periódicos brasileiros perdem somente para os da China em desempenho medido pelo fator de impacto.

A biblioteca eletrônica foi desenvolvida pela Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (BIREME/OPAS/OMS). “Fazer boa ciência inclui a capacidade de publicar periódicos de qualidade que, integrados no fluxo internacional de informação científica, viabilizem também a comunicação de pesquisas de qualidade de interesse local. Nesse sentido, o SciELO é multilíngue e contribui para equacionar a publicação nos idiomas inglês, espanhol e português”, explica.

Mas se hoje o SciELO Brasil é uma referência, o programa enfrentou algumas resistências quando surgiu. “Na época, a publicação científica online estava começando e havia muitas dificuldades, dúvidas, desconfianças e resistências. Muitos se entrincheiraram na defesa do papel”, comenta Packer.

Limitações técnicas, como a qualidade dos monitores, dificultavam a leitura diretamente no computador. A publicação online chegou a ser tachada como de baixa qualidade e alguns editores temiam a perda de autonomia ao ingressar na coleção. “Essas resistências e dúvidas foram superadas logo nos primeiros dois anos de operação porque o programa rapidamente adquiriu a condição de referência de qualidade ao mesmo tempo em que o número de acessos aos artigos cresceu de forma exponencial, particularmente com a indexação no Google Scholar”, diz Packer.

A inovação que gerou desconfianças hoje é um instrumento imprescindível para os pesquisadores brasileiros. “Os sistemas nacionais de financiamento e avaliação passaram a considerar a indexação no programa como referência de qualidade, e os periódicos, após ingressarem no SciELO, passaram a receber mais submissões”.

Um grande desafio é qualificar ainda mais os periódicos para ampliar a visibilidade e o impacto internacional. Existem barreiras que precisam ser superadas: “por um lado, está o aumento na proporção de artigos no idioma inglês. Em segundo lugar, o desenvolvimento das condições de gestão e operação que atraiam manuscritos de melhor qualidade do Brasil e do exterior”, explica Packer.

Além disso, o coordenador enfatiza a necessidade de profissionalização dos processos editoriais, assim como a internacionalização dos conselhos, com o aumento da participação de pesquisadores de referência do exterior. E para manter a posição no ranking de Top Portais, a biblioteca eletrônica brasileira deve aumentar ainda mais a presença nos índices bibliográficos internacionais e nos buscadores de conteúdos da web, particularmente o Google Scholar. “Por outro lado, temos que viabilizar a operação das coleções nos dispositivos móveis como os tablets e smartphones”, ressalta o coordenador do programa. (Fonte: Portal Terra)

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