Atualmente uma pessoa em cada grupo de sete passa fome no mundo, alertou ontem (30) o diretor-geral do Fundo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva. Segundo ele, o quadro atual tem de ser revertido e um momento importante para a discussão de propostas nesse sentido será a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A expectativa é que, no evento, os líderes mundiais se empenhem em debater ações para garantir a alimentação e atender às demandas de cerca de 9 bilhões de pessoas – população mundial estimada para 2050.
“Nós não podemos chamar [o que ocorre] de desenvolvimento sustentável, enquanto essa situação persistir, enquanto quase um em cada sete homens, mulheres e crianças é deixado para trás, vítima de desnutrição”, disse Graziano. “A busca da segurança alimentar pode ser o fio condutor que liga os diferentes desafios que enfrentamos e ajuda a construir um futuro sustentável. Na Rio+20, temos a oportunidade de ouro para explorar a convergência entre as agendas de segurança alimentar e sustentabilidade.”
Pelos dados da ONU, em 2050 as pessoas terão uma renda mais elevada e a demanda por alimentos será maior, pressionando o sistema agrícola. O cálculo é que a produção de alimentos deverá ser 60% maior do que a atual para evitar que 300 milhões de adultos, jovens e crianças passem fome no mundo.
Graziano disse hoje que a expectativa é que durante a Rio+20, de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro, seja reiterado o empenho no comprometimento de reduzir a fome e a desnutrição no mundo, a partir de diretrizes sobre o direito à alimentação e à posse da terra para alcançar a segurança alimentar de forma equitativa e com base no desenvolvimento sustentável.
Para FAO, o ideal é investir também nos sistemas agrícolas, que servem como base para a alimentação no mundo. No relatório Rumo ao Futuro que Queremos: Acabar com a Fome e Fazer a Transição para Sistemas Sustentáveis de Agricultura e Alimentação, o órgão apela aos governos para que invistam nos sistemas agrícolas e em infraestrutura que sirva de base para a alimentação no mundo.
Também há recomendações sobre o estímulo à geração de empregos, para que as pessoas recebam salários adequados e consigam se alimentar de forma correta. Para Graziano, é fundamental apoiar a agricultura familiar, sobretudo, nos países em desenvolvimento. “Com isso, estaremos contribuindo para as nossas metas de desenvolvimento sustentável”, disse ele.
Reportagem de Renata Giraldi, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 31/05/2012
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