Pesquisar este blog

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Escadaria maia com maior hieróglifo do país é encontrada na Guatemala


Arqueólogos americanos e guatemaltecos anunciaram nesta quinta-feira que encontraram uma escadaria maia que contém os escritos hieróglifos da civilização pré-colombiana mais longos encontrados até agora na Guatemala e que fazem referência ao 13 B’aktun, calendário maia de longa contagem.

A descoberta aconteceu em abril, no projeto arqueológico La Corona, no departamento de Petén, que faz fronteira com o México e o Belize, informou o americano coordenador do projeto, Marcelo Canuto, em entrevista coletiva. Ele explicou que a escadaria, que contém retratos de reis e textos hieróglifos que seriam os mais longos, foi encontrada durante uma pesquisa realizada por estudantes das universidades Del Vale (Guatemala), Tulane e Texas (Estados Unidos).

Canuto disse que essa é uma das descobertas epigráficas mais significativas das últimas décadas na Guatemala, já que data do ano de 696 d.C. O arqueólogo comentou que os últimos três blocos da escadaria fazem referência ao 13 B’aktun, que termina em 21 de dezembro. Canuto disse que La Corona, no município de San Andrés, foi um dos sítios arqueológicos “mais saqueados”, e muitos painéis de hieróglifos foram vendidos nos EUA e na Áustria, entre outros países.

Segundo o especialista, o descobrimento da escadaria deixa claro mais uma vez que os antigos maias usavam seus calendários para promover mensagens positivas. Canuto, que também é diretor do Middle American Research Institute da Universidade de Tulane, explicou que o local foi encontrado em meados de 1990, mas foi apenas em 2005 que os arqueólogos começaram a trabalhar e, em 2008, foi estabelecido o projeto.

O arqueólogo Tomás Barrientos, da Universidade del Vale, apontou que os textos falam do final do 13 B’aktun, que erroneamente foi associada com o fim do mundo. “Este texto fala da história política de La Corona e não de profecias”, esclareceu. Segundo Barrientos, a data aparece em um dos painéis que se referem à visita do governante maia mais poderoso da época, Yuknoon Yich’aak K’ahk, de Calakmul, no ano 696 d.C. à La Corona.

“Este foi um período de caos político na região maia, onde este rei teria sentido a necessidade de se referir ao grande ciclo do tempo que termina em 2012″, disse, por sua vez, o arqueólogo David Stuart, da Universidade do Texas, que está há 15 anos estudando a região. Canuto encerrou a entrevista com um anúncio: “estamos fazendo um mapa do local para entender a vida social, política e econômica da região”. (Fonte: Portal Terra)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

ECO92 à Rio+20: parte IV, as perspectivas do futuro


Miguel Milano*



188 países se reuniram na Rio+20, mas a melhor ação foi nos eventos paralelos. Foto: Tribarte

Não foi diferente do esperado! Não obstante os 188 países representados, com mais de 100 chefes de estado ou governo presentes, e os cerca de 45 mil participantes, entre delegados (12 mil), observadores de ONGs e equivalentes (10 mil), jornalistas (4 mil) e o que mais puder entrar nessa conta (quase 20 mil), não se foi além das previsões pessimistas de que não obteríamos na Rio+20 nenhum encaminhamento efetivo para o futuro das sociedades humanas no nosso planeta.

Não quero dizer que o planeta, ou mais precisamente a civilização humana globalizada, terá de esperar mais 20 anos para ter alguma resposta organizada à crise ambiental em curso e que se agrava a cada momento, mas não temos nada para celebrar. Com europeus, americanos e japoneses em crise e sem disposição de abrir a carteira, e os emergentes ainda apostando que dá para espremer o planeta até a última gora em benefício do seu crescimento econômico, o paradigma do desenvolvimento sustentável ficou para ser alcançado mais à frente. As autoridades dizem que não andamos para trás. Era mesmo só o que faltava no presente contexto.

Mas o Rio de Janeiro esteve em festa. Hotéis com 95% de ocupação, preços nas alturas, insustentáveis, e passeatas de fazer inveja aos desfiles de escolas de samba – pelo menos na quantidade e qualidade das plumas. Na diversidade ímpar das manifestações, nossos índios e aqueles de outros países não deixaram por menos no show da arte plumária. Coitadas dos ameaçados gaviões reais, araras azuis, papagaios, araras jubas e tantas outras espécies, muitas ameaçadas.

"Nada de dar valor e pagar pela biodiversidade. Abaixo o capital! Parece que o melhor mesmo é ter as florestas derrubadas, os rios poluídos e represados e a biodiversidade destruída, pelo menos se for preciso pagar para tê-los íntegros."

O Aterro do Flamengo, onde aconteceu a “cúpula dos povos” foi a concentração, a avenida sambódromo e também a dispersão da grande festa. E foi lá que eu vi, irados representantes da sociedade civil rejeitar com veemência o que chamaram de mercantilização da natureza e da vida. Nada de dar valor e pagar pelas florestas em pé! Nada de dar valor e pagar pelos rios vivos! Nada de dar valor e pagar pela biodiversidade. Abaixo o capital! Parece que o melhor mesmo é ter as florestas derrubadas, os rios poluídos e represados e a biodiversidade destruída, pelo menos se for preciso pagar para tê-los íntegros.
Eu não vi, mas nem precisava, porque estavam mais que bem representados pelos chefes de estado e as trupes diplomáticas nacionais presentes, a atuação da turma da indústria do carbono: carvão, petróleo, gás, automóveis e afins. Acho que foi discreta, pois com representação oficial nem precisou se contrapor à sociedade civil com bloco carnavalesco próprio.

Eventos paralelos apontaram o futuro

Mas a Rio+20 dos eventos paralelos também teve momentos de reflexões importantes, eventualmente memoráveis. De partida, no dia 14, aconteceu a “Reunião da indústria pela sustentabilidade”, com direito a palestras de Gro Brundtland, Izabella Teixeira e Antonio Patriota, na qual os diversos setores industriais do país apresentaram propostas de e para a sustentabilidade. No dia 15, o “workshop internacional de negócios e biodiversidade”, evento do Instituto LIFE em parceria com o secretariado da Convenção da Diversidade Biológica e a CNI (Confederação Nacional da Indústria), contou com as presenças de, entre outros, Thomas Lovejoy e Pavan Sukhdev. Em ambos eventos a biodiversidade, a natureza e o meio ambiente tinham valor e o que se buscava, de certa forma, era como dar preço e de quem cobrar. Afinal, se a mercantilização da natureza e do meio ambiente está na raiz dos problemas do planeta, na lógica mercantil o assunto também aparece como parte da solução.

No “Humanidades 2012”, no Forte de Copacabana, tive o prazer de ouvir o filósofo e economista Eduardo Giannetti da Fonseca dizer que as metodologias de cálculo do PIB são, no mínimo, toscas, para então exemplificar: uma comunidade que vive numa condição em que a água é simplesmente captada e distribuída por gravidade e sem tratamento e, por tanto, sem custo, não tem o “valor” desse serviço no PIB; mas se essa mesma comunidade destruir as florestas e poluir a água, que requererá tratamento, em geral caro, aí “custo” vira PIB. Ou seja, destruir gera crescimento do PIB e conservar gera estagnação - fato econômico concreto que é verdadeira estupidez. No mesmo evento foi possível ouvir o economista inglês Tim Jackson defender a prosperidade sem crescimento, que depois do exemplo de Giannetti, parece uma possibilidade óbvia mas que ninguém quer ver.

"Lovejoy provocou para que pensássemos na possibilidade de aplicação do conceito contábil de depreciação aplicado a custos como abastecimento de água por exemplo, para a criação de fundos de pagamentos pela manutenção ecossistemas"

Na mesma toada Lovejoy provocou para que pensássemos na possibilidade de aplicação do conceito contábil de depreciação aplicado a custos com certos serviços, como abastecimento de água por exemplo, para a criação de fundos de pagamentos pela manutenção de florestas e outros ecossistemas geradores de benefícios associados. Esta uma idéia que tem conexão estreita com a nova Certificação LIFE para negócios e biodiversidade, que reconhece ações de empresas para conservação levando antes em conta sua “pegada ambiental” mas evitando o chamado “greenwashing” (limpeza ecológica da imagem) ou o “pay for trash” (pagar para poluir) e assegurando uma equivalência mínima entre impacto gerado e conservação realizada, numa aproximação do conceito de neutralização de emissões aplicada à biodiversidade. Inovadora, esta iniciativa nacional recebeu as bênçãos do secretariado executivo da Convenção da Diversidade Biológica e está em franca expansão internacional, a começar por cinco países da América Latina. Empresas e marcas como O Boticário e Natura, conhecidas por ações de proteção e uso da biodiversidade, como também a Posigraf, o braço gráfico do Grupo Positivo, poderão se beneficiar da iniciativa, que avança rápido.

Também tem me chamado a atenção os avanços na cadeia do alumínio, produto intensivo em energia e por isso mesmo freqüentemente repudiado, inclusive por mim mesmo. Estimando-se que cerca de 85% de todo alumínio industrializado no planeta desde o início de sua produção no início do século passado siga em circulação útil, via reciclagem, o produto segue de alta utilidade e potencial . Hoje em dia, uma lata de refrigerante ou cerveja leva cerca de apenas 30 dias entre sair da gôndola do mercado e voltar para lá novamente, cheia. A Novelis, multinacional do setor de alumínio laminado, derivada da Alcan e hoje controlada pelo grupo indiano Aditya Birla, com fábricas em mais de uma dúzia de países, entre eles o Brasil, detém cerca de 20% do mercado mundial de laminados e tem planos arrojados: passar dos atuais cerca de 20% de matéria prima reciclada no processo produtivo para 80% até 2020 (no Brasil já passa de 50%), quando, na prática terá um novo negócio. Nesse processo terá aumentado seu consumo de energia, mas seus clientes, Coca Cola, Jaguar e BMW entre inúmeros outros, contarão com alumínio laminado energeticamente muito mais econômico, com ganhos para toda a cadeia produtiva e o planeta.

Precisamos de mais iniciativas assim, como a da Novelis na eco-eficiência e do Boticário na conservação, dando exemplo no rumo da sustentabilidade, e também de instituições como LIFE reconhecendo esses passos, para que não esperemos pela Rio+40 para, quem sabe, ver os governos adiar de novo decisões urgentes ou, mais provavelmente, discutir quem paga a conta das ações mitigadoras das catástrofes ambientais mais regulares que enfrentaremos.


*Miguel S. Milano é Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciências Florestais. Ele também é membro do conselho de administração da Associação O Eco, responsável pela publicação do site ((o))eco.

ECO92 à Rio+20: parte III, a utopia amaina mas persiste


Miguel Milano*


Final desapontador da Rio+20 não é o fim da utopia. Foto: divulgação

Juntas, as duas primeiras partes deste artigo certamente trazem um gosto de derrota. Embora seja certo que em números absolutos quase nada tenha melhorado no planeta desde 1992, nem tudo é tão ruim que indique uma derrota apocalíptica.

Entre as raras exceções positivas estão os avanços mundiais no estabelecimento de áreas protegidas na forma de parques e reservas, chamadas aqui de unidades de conservação. O Brasil é a grande liderança neste setor nas últimas décadas, não obstante nossa capacidade de gestão das áreas criadas seguir vergonhosa, especialmente quando comparada com vizinhos sul-americanos e nações africanas.

Nas mudanças comportamentais, mais difíceis de medir, há fatos que dão esperança. O conceito de “eco-eficiência”, incorporando o melhor da ciência e da técnica à idéia de sustentabilidade, é um deles. Tudo o que vem acontecendo em termos de redução no consumo de energia, água e matéria-prima nos processos produtivos, associado à concomitante menor geração de resíduos e de emissões atmosféricas, é em boa medida decorrente da melhor e mais prática aplicação deste conceito, mesmo que não justifique muitos dos rótulos de “verde” ou “sustentável”, aplicados a produtos por donos de negócios ou sistemas de certificação carentes de base técnico-científica e de meios de verificação independentes.

A dita nova “economia verde”, de baixo carbono, em boa medida sustentada na combinação de novas tecnológicas e crescimento econômico fundamentado na redução da pressão sobre os recursos naturais e os serviços ambientais do planeta, valorizando-os, é outro promissor avanço dos últimos tempos. Mas, sem qualquer ceticismo quanto às suas potencialidades, é necessário reconhecer que estas não andam par e passo com a expansão do consumo mundial decorrente da justa inclusão de milhões de pessoas à economia de mercado, como acontece no Brasil, Índia e China, por exemplo.

Exemplos a celebrar


"A China, freqüentemente citado como país perdulário em termos ambientais, tem investido pesado em tecnologias ambientais, notadamente, no reflorestamento, dando curso hoje aos dois maiores programas de reflorestamento do planeta"
Há uma longa distância a percorrer para termos políticas públicas e leis consistentes globalmente aplicáveis ao combate às mudanças climáticas e às perda da biodiversidade, duas das mais urgentes questões ambientais planetárias por seus efeitos socioeconômicos. Mas há indícios positivos nesse caminho, sendo um dos mais expressivos a política européia de redução de emissões, que levou a um mercado de carbono hoje superior aos US$ 100 bilhões/ano, sendo só em compensações via projetos de MDL (mecanismos de desenvolvimento limpo) cerca de US$ 17 bilhões/ano. No rastro desse mercado e por ele influenciado, o mercado voluntário de carbono, fora de quaisquer obrigações legais de redução de emissões, já ultrapassa os US$ 400 milhões/ano.

Nos Estados Unidos, sempre pródigos em soluções de mercado para problemas ambientais, a avaliação de alternativas de investimentos para manter a capacidade de abastecimento de água da cidade de Nova Iorque levou o governo municipal a investir mais de US$ 4 bilhões em pagamentos aos proprietários de terras pela manutenção das florestas protetoras na bacia hidrográfica que supre a cidade, um valor alto, mas menos da metade dos US$ 8 bilhões necessários para novos reservatórios e redes, além de adicionais US$ 400 milhões/ano em manutenção.

Há exemplos mais próximos a nós, também inspiradores, como o do México, onde o pagamento de uma taxa sobre o uso da água permitiu ao governo captar recursos da ordem de US$ 15 milhões em 2003 para pagar aos proprietários de terras que mantém florestas protetoras de mananciais, volume que passou a US$ 150 milhões em 2010.

A pressão populacional e de consumo está mudando o paradigma de que os serviços ambientais prestados pelo planeta de forma gratuita podem seguir assim. Do que já sabemos da história das civilizações, pagar serviços ambientais é a única saída para manter a infraestrutura natural que nos presta regulação climática e hidrológica e nos fornece bens e serviços oriundos da biodiversidade, como recursos genéticos e fármacos.

Visão que vem da Ásia

É por isso que a China, freqüentemente citado como país perdulário em termos ambientais, tem investido pesado em tecnologias ambientais, notadamente, no reflorestamento, dando curso hoje aos dois maiores programas de reflorestamento do planeta, um comercial visando abastecimento de madeira e outro conservacionista visando restauração de serviços ambientais. Mas o país não fica nisso, estendendo os avanços às tecnologias industriais, com resultados estupendos.

Em cerca de uma década, a China não apenas conquistou a tecnologia para produção de painéis fotovoltaicos como se tornou líder mundial na sua produção. De forma similar vem alterando em velocidade surpreendente a tecnologia utilizada nas suas termelétricas, equiparando-as às mais modernas do planeta. Com isso tudo, projeta reduções de emissões da ordem de 40-45% em relação ao PIB per capita em 2020, em comparação a 2005.

A vizinha Coréia do Sul lançou sua política de “baixo carbono e crescimento verde” em agosto de 2008 durante o aniversário de 60 anos do país, como orientação paradigmática para o seu desenvolvimento dos próximos 60 anos. Os pilares da política da Coréia são: um comitê presidencial com 40 integrantes, sendo 14 ministros e 36 personalidades do setor privado, sob liderança do primeiro ministro; uma estratégia desdobrada em planos quinquenais com metas nas áreas de redução de emissões, de adaptação às mudanças climáticas, de criação de tecnologias verdes e de melhoria da qualidade de vida com base em estilos mais sustentáveis, que contam com investimentos anuais de 2% do PIB; e um arcabouço legal consistente.

Em novembro de 2009, o governo coreano adotou uma meta de redução de 30% das emissões até 2020, unilateralmente decidida e anunciada em Copenhague. Ainda que com forte rejeição inicial por parte do empresariado, o resultado foi um “boom” na economia verde nacional que recebeu, apenas das 30 maiores corporações do país, um total de US$ 13 bilhões em investimentos entre 2008 e 2010. Sem grandes surpresas o país se tornou também um pólo regional de atração de estudantes universitários, passando de cerca de 12 mil estudantes estrangeiros em 2000 para 90 mil em 2012, especialmente em áreas tecnológicas, com aulas ministradas em inglês nas principais universidades.

Em suma, visão de longo prazo parece não faltar a governos e empreendedores asiáticos, também na utopia da sustentabilidade.

Aguardemos para ver o que a Rio+20, através do coletivo de governos presentes, nos legará – se avanços animadores ou apenas retrocessos dourados por bonitas declarações vazias.




*Miguel S. Milano é Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciências Florestais. Ele também é membro do conselho de administração da Associação O Eco, responsável pela publicação do site ((o))eco.

Declaração final da Cúpula dos Povos


((o))eco
27 de Junho de 2012


A Rio+20 acabou no dia 22/06 e junto com o evento oficial, o maior evento paralelo da Rio+20: a Cúpula dos Povos. A declaração final faz duras críticas às instituições multilaterais que, segundo a Cúpula, estão a serviço do sistema financeiro e não dão respostas ousadas para o problema ambiental e humanitário que o mundo precisa enfrentar:

“As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro”.

A Cúpula dos Povos na Rio +20 por Justiça Social e Ambiental ocorreu paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), organizado pela sociedade civil. O evento paralelo foi um sucesso de público, reunindo cerca de 30 mil pessoas por dia no Aterro do Flamengo.

 clique aqui para fazer o download.

clique para ler a Declaração final da Cúpula dos Povos

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Boaventura de Sousa Santos: ‘A economia verde é um cavalo de tróia invisível’



Para Boaventura de Sousa Santos, a RIO + 20 demonstra que a sociedade não tem razões para ter esperanças nos governos e que o momento é de união de agendas entre as esquerdas.

Cumprindo uma extensa agenda de compromissos na Cúpula dos Povos desde o dia 14 de junho, quando participou da oficina ‘Saúde, sustentabilidade e bien vivir’ promovida pela Universidade Popular de Movimentos Sociais em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos participou de duas atividades de conversa com os participantes do evento no Aterro do Flamengo nesta terça-feira (19). Quem foi ao Clube Boqueirão, na mesa organizada pela ONG italiana A SUD, e em seguida à tenda da Economia Solidária pôde ouvir um balanço antecipado da conferência oficial e seus (fracos) resultados, assim como uma reflexão sobre as esquerdas no cenário político atual. Para Boaventura, os movimentos sociais e organizações que atuam em defesa da justiça ambiental e social precisam, mais do que nunca, se unir em agendas agregadoras expressadas por meio de campanhas únicas.

Rio+20

Para Boaventura, a conferência oficial das Nações Unidas foi capturada por interesses privados, que travam a discussão e pode ser comparada ao Fórum Econômico Mundial, baseado em Davos na Suíça, que reúne todos os anos chefes de Estado e grandes empresários. “A novidade de 2012 em relação à 2001 é que naquele ano, o Fórum Econômico Mundial se realizou em Davos, enquanto que Porto Alegre sediava a primeira edição do Fórum Social Mundial. Hoje, o Fórum Econômico está acontecendo no Riocentro e o Fórum Social no Aterro do Flamengo. Entre nós, um oceano de morros e táxis, um oceano de apartheid social que o Rio turístico esconde”, criticou.

O sociólogo comparou a principal proposta da ONU para a Rio + 20 – que prevê mecanismos de financeirização da natureza e é conhecida como economia verde – ao presente de gregos a troianos. “É um Cavalo de Tróia instalado na praia, é invisível e enorme. A economia verde é a cortina de fumaça que estão estabelecendo a nossa volta, porque é a melhor maneira para o capital global, financeiro, sobretudo, ter acesso à gestão dos recursos globais”.

Seguindo a conturbada negociação do documento da Rio + 20, intitulado ‘O futuro que queremos’, Boaventura acredita que o texto sai esvaziado. “Nem as propostas do G77 [bloco formado pelos países em desenvolvimento] mais China vão poder ser aprovadas. O grande Fundo do Desenvolvimento Sustentável foi recusado. O acesso universal à saúde foi recusado pelos Estados Unidos. A alteração dos sistemas de governo do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, do Conselho de Segurança obviamente nem a Europa nem os Estados Unidos querem ouvir falar”, enumerou, completando: “Penso que é um retrocesso em relação à 1992, que produziu compromissos obrigatórios, se seguiram as convenções e por outro lado as responsabilidades comuns diferenciadas, isto é, os países ricos têm que pagar mais porque poluem mais e há mais tempo, nada disso é neste momento pacífico.

Por todas essas razões, o sociólogo português sustenta que não temos muitas razões para ter esperanças no plano intergovernamental e destaca o papel que a Cúpula dos Povos desempenha para dar voz às demandas e críticas da sociedade civil mundial. “O que mudou de positivo em relação à 92 é o que se passa na Cúpula dos Povos. Nós temos hoje consciência socioambiental, existem organizações, movimentos mais fortes do que antes. Por exemplo, a agenda socioambiental começa a ser transversal e entra em movimentos como o Sintagma na Grécia, dos indignados em Madrid, dos jovens urbanos da Inglaterra e também no Ocuppy Wall Street. Em todos eles, a questão ecológica aparece de maneira profunda, como o Bem Viver. A maneira como se organiza a vida cotidiana nos acampamentos é um testemunho de outra maneira de viver e estar com a natureza, um modelo que tem como horizonte a justiça social e ambiental”, destacou.

Ecologia de saberes

No entanto, Boaventura acredita que ainda não temos uma nova cultura socioambiental. Para chegar lá, ele sustenta que é preciso resgatar os fundamentos da economia política. “Não adianta pensar que a luta de classes não é importante porque já vimos que o colonialismo, o sexismo e o capitalismo andam junto, portanto, não faz sentido lutar pelo meio ambiente se não se luta pelas comunidades quilombolas, pelos territórios dos indígenas, pelos povos de rua, pela seguranças dos travestis, contra os massacres de homossexuais”, citou.

Elementos de todas as culturas dos povos articulados ao conhecimento produzido nas universidades podem criar uma nova economia de saberes, necessária, segundo o sociólogo, para alcançar novas formas de pensar o poder e a democracia. “A Constituição da Bolívia diz que há três formas de economia: privada, pública e comunitária. E há sete formas de propriedade, dentre elas a pública, a comunal, a privada, a associativa, a cooperativa. Ou seja, pluralizar as economias. A mesma Constituição também diz que as formas da democracia são várias: representativa, participativa, comunitária. Nas nossas teorias eurocêntricas, nunca nos demos conta que para além da democracia representativa e da participativa poderia existir a comunitária. É a democracia das populações ribeirinhas, dos indígenas, das populações quilombolas”, disse.

Para ele há uma “demodiversidade”, uma diversidade de democracias que circulam na sociedade com uma diversidade cognitiva de saberes, uma diversidade de poderes. “Seria um erro grave pensarmos que podemos transformar o mundo sem tomar o poder, agora não podemos transformar o poder sem mudar o poder”. Nesse sentido, Boaventura acredita que os partidos, os movimentos e organizações sociais não são as únicas formas de fazer política. “Os indignados mostraram que nós da esquerda tínhamos sido muito elitistas porque sempre consideramos que para fazer política era preciso estar organizado em partido, sindicato, movimento social ou ONG, não levando em conta que esmagadora maioria da população não está organizada em partido não é membro de movimento ou associação. E olhamos para eles como se fossem despolitizados. Ora é essa gente que hoje está na Ocuppy Wall Street. Nós negligenciamos qual é o patamar a partir do qual a indignação é tão grande que a pessoa sai à rua. Temos que estudar onde está o patamar de indignação”, propôs.

Agendas agregadoras

Boaventura relatou que a maior lição tirada da atividade organizada pela Universidade Popular dos Movimentos Sociais foi a necessidade de construir agendas agregadoras. Ele relatou o caso do representante dos moradores de rua que, a princípio, não queria se articular com representantes de outros movimentos populares no encontro. “Eu perguntei: Porque não se uniu? Quanta gente do LGBT, quantos travestis não vivem na rua? Ao fim da atividade, o Samuel do movimento da população de rua estava articulado não só com o LGBT, mas também com o movimento de educação popular da saúde porque tinha chegado à conclusão que a luta dos povos de rua se integra ao SUS em pontos muito específicos. Portanto, nós temos um problema em articular as agendas”.

Para ele, o grande desafio é identificar quais são essas agendas agregadoras nas quais devemos nos concentrar. “A agenda socioambiental é agregadora, mas ela por vezes é muito vaga”, pontuou. O sociólogo acredita que lutas agregadoras são aquelas em que populações do campo e da cidade conseguem confluir suas demandas. O professor citou o exemplo do norte da Colômbia, onde a luta contra a privatização da água articulou camponeses com moradores da cidade, todos à favor do acesso à água potável por um bom preço. No Brasil, Boaventura acredita que a campanha contra os agrotóxicos e pela vida pode ter essa dimensão. “O agronegócio se assenta no conceito de produtividade, que consiste em extrair o máximo da terra em um ciclo de produção. Essa é a diferença para a agricultura camponesa porque o camponês extrai o máximo da terra, mas não em um ciclo porque sabe que ao fim de uma colheita a terra, assim como nós, precisa repousar. Isso é absolutamente incompatível com lógica de produtividade capitalista, que quer máximo lucro em um ciclo de produção. Por isso, a monocultura capitalista precisa dos agrotóxicos”, expôs.

O professor lembrou que há três anos, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo, produtos que, em alguns casos, foram proibidos na Europa há mais de vinte anos por comprovadamente causarem doenças como câncer e diabetes. “Esse movimento tem um potencial enorme de unir o campo e a cidade porque envenena os camponeses e contamina suas águas, mas obviamente contamina a alimentação da cidade, e ao contaminá-la, também produz câncer, causa aos urbanos muitas enfermidades”.

Para Boaventura, o grande problema político dos movimentos sociais é centrarem-se nas suas agendas. “Essas agendas são facilmente cooptáveis, como vemos hoje nos conselhos de saúde, e por outro lado não veem a floresta. A floresta é o sistema político corrupto. Nós não podemos ter políticas sustentáveis com políticos insustentáveis. Cada político corrupto é um político insustentável. E porque ele é corrupto? Será porque é má pessoa? Porque não foi à missa ontem? Não tem nada a ver com isso. A corrupção é um sistema”, argumentou.

Para ele, o sistema da corrupção encontrou terreno mais fértil com a crescente indistinção entre mercado político dos valores que não se compram nem vendem com o mercado econômico dos valores que se compram e se vendem. “Hoje, o mercado político é igual ao mercado econômico. A corrupção é endêmica. Por isso que as parcerias público-privadas são efetivamente parcerias privadas-privadas. Não zelam pelo interesse público, mas pelo interesse de seus bolsos. E sendo assim, é curioso que o Brasil avance nas parcerias público-privadas sem olhar a experiência da Europa. Em Portugal e na Espanha, essas parcerias foram consideradas as maiores fontes de corrupção e estão todas em tribunal”.

Para ele, não podemos vencer as nossas lutas sem alterar o sistema político. Boaventura também criticou o Código Florestal: “O código sem-vergonha seria possível se a bancada ruralista não tivesse 400 membros no Congresso Nacional? Eles servem ao sistema politico brasileiro que tem que ser reformado. Também o sistema eleitoral, o sistema da democracia participativa, o sistema dos tribunais. Vejam, há mecanismos da Constituição de 1988 que nunca foram aplicados porque não foram regulamentados, como o plebiscito e o referendo. Precisamos por em prática. Não é apenas lutar por orçamentos participativos, mas por essas outras medidas do sistema político”.

Matéria de Maíra Mathias – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), publicada pelo EcoDebate, 27/06/2012

Quase metade dos brasileiros não controla uso de água, aponta pesquisa


Pesquisa encomendada ao Ibope pela organização não governamental WWF-Brasil revela que o brasileiro desperdiça água, mesmo sabendo como economizar o recurso natural.

Os dados divulgados nesta terça-feira (26) informam que 48% da população admite gastar água em suas casas com pouco controle, 30% demoram mais de dez minutos no banho e 29% dos domicílios no Nordeste sofrem com a constante falta do insumo.

Apesar de a indústria ser frequentemente apontada como a vilã do desperdício, a produção agrícola é listada como responsável por 70% do gasto de água no país e pelo maior desperdício desse recurso.

O levantamento faz parte do “Programa Água para a Vida”, parceria entre a WWF e o banco inglês HSBC, e mostra que houve melhora da consciência nacional em relação a importância dos recursos hídricos, em relação aos últimos cinco anos, quando foi feito o primeiro estudo.

Poluição dos rios – A pesquisa foi feita com 2.002 pessoas no fim de 2011 em 26 estados e apontou que, apesar de a indústria ser vista como a maior poluidora por 77% da população, a poluição das águas por uso doméstico muitas vezes supera a poluição industrial nas grandes cidades.

O consumo médio diário de água por habitante no Brasil é de 185 litros, considerado normal e muito próximo do índice da Comunidade Europeia, que consome cerca de 200 litros diários por pessoa.

O gasto médio, porém, passa longe do consumo diário registrado em regiões secas como o semiárido brasileiro – abaixo de 100 litros diários -, e de partes da África subsaariana, abaixo de 50 litros.

A pesquisa mostrou ainda que apenas 1% dos entrevistados reconhece que o desmatamento é uma das causas do agravamento do problema de água no Brasil.

“O tema água doce, seus problemas e oportunidades, ainda precisa ser melhor compreendido pelo cidadão brasileiro. A urbanização crescente do país nas últimas décadas levou mais de 80% da população a morar nos grandes centros. O descompasso entre o reconhecimento do problema e a tomada de atitudes precisa ser compreendido. A visão sobre a água é limitada, assim como a percepção dos seus problemas”, avalia Maria Cecília Wey de Brito, presidente do conselho diretor do WWF-Brasil, ao analisar a pesquisa.

A Agência Nacional de Águas (ANA) é desconhecida de 87% das pessoas ouvidas na pesquisa. (Fonte: G1)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Extrativismo sustentável ainda é pouco explorado no Cerrado


O extrativismo no Cerrado ainda é pouco explorado, mas pode ser mais uma opção sustentável para o bioma. O exemplo vem de um casal de Brasília, que investe nos sabores de espécies nativas para fabricar sorvetes e picolés. O proprietário da sorveteria, Bartolomeu Rodrigues, explica que eles se associaram a cooperativas de catadores, que são capacitados para colher os frutos preservando o ecossistema.


“Eu quero que aquela árvore da qual a fruta foi catada esteja no ano seguinte no mesmo local e produzindo da mesma forma. Então não pode simplesmente chegar lá depredando a natureza, tem que catar de forma racional. São colhidos 70% dos frutos, os 30% restantes ficam para os bichos, que mantêm o Cerrado vivo”.


No entanto, Bartolomeu lembra que muitas áreas de extrativismo estão sendo degradadas. Essa perda de biodiversidade é irrecuperável, já que falta tecnologia para fazer o reflorestamento da vegetação nativa do Cerrado.


A esperança começa a surgir com as pesquisas. A engenheira florestal Eneida Silveira coordena um grupo na Universidade de Brasília que conseguiu, pela primeira vez, cultivar mudas de plantas do Cerrado em laboratório, apesar da dificuldade para se propagar essas espécies pelos meios clássicos, como o uso de sementes.


“Nossa pesquisa procura desenvolver protocolos de propagação de espécies de interesse econômico, no caso medicinais ou frutíferas, para a criação de um sistema sustentável para o Cerrado. Outro ponto importante é que muitas plantas do Cerrado são medicinais, mas muito pouco estudadas sob esse aspecto. Consequentemente, se nós tivéssemos uma pesquisa avançada nesse sentido, poderíamos produzir medicamentos a partir de plantas do Cerrado”.


Entre as espécies com as quais a professora Eneida trabalha estão o marmeleiro-do-cerrado, a sucupira-preta, mama-cadela, carobinha, copaíba e canela-de-ema. A pesquisadora lembra que as estações de muita chuva e de forte seca prejudicam o desenvolvimento das plantas. Também faltam estudos que mostrem como seria o crescimento com adubo e irrigação. Além disso, as sementes perdem a viabilidade muito rapidamente.


Matéria de Akemi Nitahara e Beatriz Arcoverde, do EBC, publicada pelo EcoDebate, 26/06/2012

Saneamento básico seria o problema ambiental número um no Brasil


Saneamento básico é o maior problema ambiental do Brasil estando à frente do desmatamento ou execução de projetos para a obtenção de energia, segundo o professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Brasília, Oscar Netto. Em sua avaliação, “em média, todo brasileiro vai se deparar, em algum momento do seu dia, com problemas ambientais causados pela falta de saneamento. Sobretudo no que se refere a saneamento urbano, nós temos um grade desafio pela frente”, explica.


A Região Norte do Brasil é onde o problema de falta de coleta e tratamento de esgoto é pior. Enquanto a média nacional de coleta de esgoto nas residências é 44,5%, no Norte do país é apenas 6,2%, segundo dados de 2009 do Ministério das Cidades, quando foi concluído o último Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto.


Em artigo publicado pela Agência Brasil, o professor exemplifica a situação citando o caso da última enchente do Rio Negro, no Amazonas. “A falta de coleta e destinação adequada dos detritos sólidos agravou um evento natural periódico devido ao lixo que boiava e causava contaminação”.


Oscar Netto acredita que a população deva cobrar das autoridades medidas para que esse quadro, da falta de saneamento básico, seja transformado e exigir que o assunto esteja no topo das políticas públicas. A mesma crítica ele estende ao movimento ambientalista que não estaria se dedicando com afinco a essa questão.


O diretor adjunto de Campanhas do Greenpeace, Nilo D’Ávila, discorda que o assunto seja esquecido pelo movimento ambientalista. Ele admite que esta não seja uma bandeira da organização da qual faz parte, mas garante que há outras organizações não governamentais (ONGs) no país trabalhando para que seja dada mais atenção à limpeza de rios e aterros sanitários.


Na opinião de D’Ávila, a falta de dedicação à questão do saneamento básico é dos governos. Ele, contudo, acha que o Brasil também não está indo bem nas outras frentes da batalha ambiental. A queda do desmatamento apresentada pelo governo nas últimas semanas, para ele, está mais relacionada a questões econômicas do que à eficiência na fiscalização. “Você percebe que a curva do desmatamento e do dólar são parecidas. O desmatamento na Amazônia é ligado à exportação de commodities. O dólar alto e a impunidade que existe nas questões ambientais levam as pessoas a cometerem ilícitos. Tanto que o desmatamento caiu, mas 80% dele ainda é ilegal”, diz. (Fonte: Amda)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ambientalistas lançam carta de repúdio ao documento da Rio+20


Após uma série de manifestações contrárias, com protestos dentro do Riocentro, líderes de ONGs e ambientalistas apresentaram hoje a carta “O futuro que não queremos”, uma crítica formal ao documento da Rio+20. O documento é assinado por personalidades do setor como o cientista Thomas Lovejoy, a ex-senadora Marina Silva, a ativista Severn Suzuki, e o diretor-executivo do Greenpeace Kumi Naidoo.

Na carta, assinada por líderes de vários setores na condição pessoal, é reclamada a falta de ambição e de comprometimento com as gerações futuras.

“O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20”, inicia a carta. “O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92.”

Durante apresentação da carta, em uma sala lotada do Riocentro, ambientalista criticaram o documento final que será assinado pelos chefes de Estado, que foi negociado com a liderança do Brasil. “A Rio+20 está se tornando na verdade a Rio-20. Nós não podemos aceitar este documento, pois ele não traduz o que nós queremos que aconteça, no tempo que aconteça, para salvar as gerações futuras”, disse Kumi Naiddo.

Camilla Toulmin, economista britânica e diretora do International Institute for Environment and Development (IIED), criado há mais de 40 anos, afirmou que ao olhar o documento ficou alarmada. “Depois de quatro anos de crise econômica, eu esperava dos lideres uma mensagem urgente de um novo modelo econômico, construído em cima de novos valores e não de uma divida ecológica. Para a vantagem de muitos e não de poucos”, disse.

Camilla ironizou os negociadores do documento ao perguntar, durante discurso, de que planeta eles teriam vindo. “Eu fico aqui imaginando de que planeta vem os negociadores. Eles parecem estar numa outra realidade distante de onde as pessoas estão hoje. Nós temos um grande desafio pela frente, mas todas estas decisões foram postergadas”, disse.

Wael Hmaidan, o jovem libanês que na quarta-feira (20) na plenária da conferência da Rio+20 falou aos chefes de estado de sua indignação com o documento, disse que ele foi vendido como histórico, mas que na verdade era um verdadeiro lixo.

Severn Suzuki, que discursou aos chefes de estado em 1992 e ficou conhecida como “a menina que calou o mundo”, acredita que o documento da Rio+20 é histórico. “Esta declaração vai ser uma prova da falha do sistema de governança mundial. O que significa quando os lideres mundiais se juntam e não podem trabalhar para o bem da humanidade?”, perguntou.

“Eu não sou mais jovem, mas eu sou mãe. Eu sou uma mãe como muitos de vcs. E eu sei que como vocês eu vou trabalhar o resto da minha vida para que meus filhos tem o futuro que queremos”, disse.

O grupo busca mais assinatura e entregará sua carta aos governos.

Veja abaixo a íntegra da carta:

A RIO+20 que não queremos

“O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20.

O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Tem cooperação e sintonia com a sociedade e seus anseios, e não apenas as cômodas posições de governos.

Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos.

A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.

Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento.” (Fonte: Maria Fernanda Ziegler/ Portal iG)

Áreas inteiras de Mata Atlântica são liberadas para desmatamento em MG


Na mata fechada é possível encontrar clareiras e fornos de carvão ainda acesos. No norte de Minas Gerais, o chamado Triângulo do Desmatamento é considerado pela ONG SOS Mata Atlântica como a região que mais destruiu esse tipo de bioma no país.


O triângulo é formado pelos municípios de Jequitinhonha, Ponto dos Volantes e Águas Vermelhas. Nos últimos dois anos, a região desmatou cerca de 3 mil hectares de Mata Atlântica.


Na entrada do município a placa indica que Águas Vermelhas respeita o meio ambiente, mas o município foi responsável por quase 20% de todo o desmatamento em Minas Gerais entre 2010 e 2011.


A ONG usou imagens de satélite e fez sobrevoos. Márcia Hirota é diretora da SOS Mata Atlântica. As imagens servem de documento no relatório preparado pela fundação.


Parte de uma área no município de Águas Vermelhas, no norte de Minas Gerais, que há menos de um ano era ocupada por mata nativa já tem o plantio de eucalipto.


A lei 11.428, de 2006, deixa expresso que o corte de vegetação primária no Bioma Mata Atlântica só pode ser autorizado em caráter excepcional para obras de utilidade pública, pesquisa científica e práticas preservacionistas. No caso de matas em outros estágios de regeneração, caberá ao órgão estadual competente conceder a licença ambiental.


Não é difícil encontrar tratores derrubando e arrumando toras recém-cortadas. Trabalhadores de uma carvoaria que colocavam toras nos fornos confirmaram que retiraram a madeira de uma área de mata nativa.
No local fica a fazenda Paty, que pertence ao fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito, conhecido como Seu Dadá, que mora em Vitória da Conquista, na Bahia.


O fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito não quis dar entrevista, mas por meio de nota informou que a propriedade foi o primeiro imóvel da região a conseguir autorização para a supressão da cobertura vegetal nativa com destoca para a produção de carvão vegetal nativo e o cultivo de eucalipto. Ele enviou ainda cópia dos documentos emitidos pela Secretária de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Um dos documentos, que vence em janeiro de 2014, permite a supressão de 50 hectares de mata nativa e outro para 90 hectares, que vence em agosto deste ano.


Em Minas Gerais, muitos fazendeiros têm licença para o desmate. Desde 2011, é a Supram, Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o órgão que concede as licenças no estado. O escritório regional do Alto Jequitinhonha, responsável pela atuação na região, fica em Diamantina, distante quase 500 quilômetros de Águas Vermelhas. Segundo a superintendente Eliana Piedade Machado, as autorizações são aprovadas por uma comissão formada por vários órgãos ambientais. De 2008 para cá, foram conseguidas 180 licenças de desmate na região, num total de 18 mil hectares.


“É uma região que tem um desenvolvimento socioeconômico muito precário. A gente tem que pensar também na realização de atividades econômicas. Por muitos anos, a economia local se baseou na cadeia produtiva do carvão. Hoje, a gente tem a citricultura chegando fortemente na região. É uma atividade econômica. A região precisa também se desenvolver. O grande desafio é conciliar esse desenvolvimento com a preservação ambiental”, justifica Eliana.


As autorizações concedidas no município de Águas Vermelhas se basearam na avaliação que as áreas são de Mata Atlântica Secundária, em estágio inicial de regeneração. Por isso, é exploração pode ser permitida. Para caracterizar o estado de uma vegetação são analisados fatores como o porte das árvores, a densidade das matas e a existência de espécies vegetais protegidas por lei. (Fonte: Globo Natureza)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Rio+20: Quando a economia e o capitalismo se pintam de verde, artigo de Esther Vivas



[EcoDebate] O verde vende. Desde a revolução verde, passando pela tecnologia verde, o crescimento verde até chegar aos “brotos verdes”, que teriam que nos tirar da crise. A última novidade: a economia verde. Uma economia que, contrariamente ao que seu nome indica, não tem nada de “verde”, além dos dólares que esperam ganhar com a mesma aqueles que a promovem.


É que a nova ofensiva do capitalismo global por privatizar e mercantilizar massivamente os bens comuns tem na economia verde o seu máximo expoente. Justamente em um contexto de crise econômica como a atual, uma das estratégias do capital para recuperar a taxa de lucro consiste em privatizar os ecossistemas e converter “o vivo” em mercadoria.


A economia verde vai ser, precisamente, o tema central da agenda da próxima Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, a celebrar-se de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, vinte anos depois da Cúpula da Terra da ONU que em 1992 teve lugar na mesma cidade. E duas décadas depois, onde nos encontramos? Onde ficaram os conceitos como “desenvolvimento sustentável” –criados na citada cúpula? Ou ratificação da Convenção sobre Mudança Climática, que sentou as bases do Protocolo de Kyoto? Ou o Convênio sobre a Diversidade Biológica que se lançou naquela ocasião? Em papel amassado nem mais nem menos. Hoje estamos muito pior que antes.


Nestes anos não só não se conseguiu freara mudança climática, a perda da biodiversidade, parar o desmatamento de florestas… mas sim que, ao contrário, estes processos não fizeram mais que agudizar-se e intensificar-se. Assistimos, pois, uma crise ecológica sem precedentes, que ameaça o futuro da espécie e da vida no planeta, e que tem um papel central na crise de civilização que enfrentamos.


Uma crise ambiental que evidencia a incapacidade do sistema capitalista para sairmos do “beco sem saída” em que sua lógica de crescimento sem limites, do beneficio a curto prazo, do consumismo compulsivo… nos têm conduzido. E esta incapacidade para dar uma “saída” real, nós temos visto claramente após as fracassadas cúpulas do clima de Copenhague (2009), Cancún (2010), Durban (2011) ou na cúpula sobre biodiversidade em Nagoya (Japão, 2010), etc., onde acabou se impondo interesses políticos e econômicos particulares em detrimento das necessidades coletivas da maioria das pessoas e ao futuro do planeta.


Nestas cúpulas se apresentam falsas soluções à mudança climática, soluções tecnológicas, desde nucleares, passando pelos agrocombustíveis até a captura e armazenamento de CO2 sob a terra, entre outras. Medidas que tentam esconder as causas estruturais que nos conduzem a crise ecológica atual, que buscam fazer negócio com a mesma e que não farão nada além de aprofundá-la.


Os vínculos estreitos entre aqueles que ostentam o poder político e o econômico explicam esta falta de vontade para dar uma resposta efetiva. As políticas não são neutras. Uma solução real implicaria uma mudança radical no atual modelo de produção, distribuição e consumo, enfrentar-se a lógica produtivista do capital. Tocar o núcleo duro do sistema capitalista. E aqueles que ostentam o poder político e econômico não estão dispostos a isso, a acabar com sua “galinha de ovos de ouro”.


Agora vinte anos mais tarde nos querem “vender a moto” da economia verde como saída da crise econômica e ecológica. Outra grande mentira. A economia verde somente busca fazer negócio com a natureza e a vida. Se trata da neocolonização dos recursos naturais, aqueles que ainda não estão privatizados, e busca transformá-los em mercadoria de compra e venda.


Seus promotores são, precisamente, aqueles que nos conduziram a situação de crise em que nos encontramos: grandes empresas transnacionais, com o apoio ativo de governos e instituições internacionais. Aquelas companhias que monopolizam o mercado da energia (Exxon, BP, Chevron, Shell, Total), da agroindústria (Unilever, Cargill, DuPont, Monsanto, Procter&Gamble), das farmacêuticas (Roche, Merck), da química (Dow, DuPont, BASF) são as principais impulsionadoras da economia verde.


Assistimos a um novo ataque aos bens comum onde quem sai perdendo somos os 99% e nosso planeta. E especialmente comunidades indígenas e camponesas do Sul global, cuidadoras dos ecossistemas, que serão expropriadas e expulsas de seus territórios em beneficio das empresas transnacionais que buscam fazer negócio com os mesmos.


Com a cúpula da Rio+20 se busca criar, o que poderíamos chamar, “uma nova governança ambiental internacional” que consolide a mercantilização da natureza e que permita um maior controle oligopólico dos recursos naturais. Em definitivo, despejar o caminho as empresas transnacionais para apropriar-se dos recursos naturais, legitimando umas práticas de roubo e usurpação. A resposta está em nossas mãos: dizer “não” e desmascarar um capitalismo e uma economia que se pinta de verde.


*Esther Vivas, Colaboradora Internacional do Portal EcoDebate, é coautora de ‘Planeta indignado. Ocupando el futuro. Artigo publicado em Público, 17/06/2012.
**Tradução Paulo Marques.


EcoDebate, 21/06/2012

Documento final da Rio+20 privilegia a economia, diz Marina Silva


A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva criticou nesta quarta-feira (20) o acordo firmado entre os 193 países que participam da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Segundo ela, o documento proposto pelo Brasil e aceito pelos outros países privilegiou apenas a economia, e não a sustentabilidade.


“A crise econômica está sendo privilegiada [na negociação]. O documento é uma pá de cal na Rio+20″, disse, em rápida entrevista concedida no fim da tarde, no Riocentro, onde ocorre o Segmento de Alto Nível da conferência, com chefes de Estado e governo dos países participantes. Em entrevistas anteriores, a ex-ministra havia usado a mesma expressão para dizer que a Rio+20 era uma “pá de cal na Rio92″.


“O erro não é colocar 100 bilhões no FMI, é não colocar 100 bi em um fundo ambiental. Venceu a tese norte-americana. Prevaleceu a tese de que esforços são bilaterais. Que cada país tem que fazer as suas ações. Há um consenso de que o documento não é satisfatório”, disse.


Reação das ONGs – Assim como Marina, organizações não-governamentais (ONGs), descontentes com os resultados da Rio+20 até agora, querem que a expressão “com plena participação da sociedade civil” seja removida do parágrafo introdutório do documento-base da conferência. “As ONGs não apoiam esse texto de maneira nenhuma”, disse Wael Hmaidan, da Climate Action Network International, que discursou em nome do chamado “major group” de organizações sociais na abertura da sessão de alto nível da conferência, na manhã desta quarta.


Segundo Hmaidan, o documento aprovado pela diplomacia, intitulado “O Futuro que Queremos”, está “totalmente fora de contato com a realidade”. “Exigimos que as palavras ‘com plena participação da sociedade civil’ sejam removidas do texto”, disse Hmaidan, para uma audiência que incluía vários ministros, presidentes e outros chefes de Estado. Uma petição online, até agora assinada por mais de 35 ONGs (incluindo duas brasileiras: Vitae Civilis e Idec), critica o processo de negociação da ONU e pede mais participação da sociedade civil nas decisões.


A frase que as ONGs querem alterar é o primeiro parágrafo do documento que descreverá os resultados da Rio+20, se aprovado formalmente pelos chefes de Estado ao final da conferência, nesta sexta-feira. O trecho diz: “Nós, chefes de Estado e de governos e representantes de alto escalão, tendo nos reunido no Rio de Janeiro, Brasil, de 20 a 22 de junho de 2012, com plena participação da sociedade civil, renovamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e com assegurar a promoção de um futuro economicamente, socialmente e ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as gerações presentes e futuras”.


Manifestação nas ruas – Milhares de pessoas ocuparam a Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, na tarde desta quarta, em protesto coletivo realizado em função da Rio+20. Segundo estimativa da Polícia Militar divulgada às 18h30, cerca de 20 mil pessoas acompanhavam a passeata.


Carros de som, bandeiras, faixas, artistas e até uma escola de samba apoiavam as mais variadas causas, em um clima pacífico. Segundo o Centro de Operações Rio, devido aos protestos, a pista lateral da Avenida Presidente Vargas chegou a ter duas faixas interditadas, mas, às 16h35, foi liberada.


Ativistas de meio ambiente, trabalhadores rurais e urbanos, estudantes, professores e índios desfilavam pela avenida separados por espécies de alas, um grupo na frente do outro, lembrando, do alto, os desfiles carnavalescos na Marquês de Sapucaí.


Alguns cantavam em coro (com direito a coreografia), outros apitavam de cara pintada e líderes de movimentos comandavam os seus companheiros de ideais ao microfone.
Durante a interdição, o trânsito foi desviado pela CET-Rio para as ruas Carmo Neto, Benedito Hipólito e Marquês de Pombal.


No sentido oposto, na Praça da Bandeira, o desvio foi pela Avenida Marechal Floriano. A CET-Rio colocou 95 agentes para monitorar o trânsito no local.


A Avenida Rio Branco ficou interditada por mais de quatro horas, na altura da Avenida Presidente Vargas. A retenção chegou até a Avenida Francisco Bicalho e Rua Francisco Eugênio, na Zona Portuária da cidade.
Outro prostesto, que também aconteceu no Centro da cidade nesta tarde, reuniu funcionários em greve da Cedae, concessionária pelo abastecimento de água. A categoria fechou uma faixa da Avenida Presidentes e realizou um “apitaço”.


Também nesta tarde, cerca de 100 jovens protestaram no Centro da cidade. Entre as reivindicações, os manifestantes reclamavam dos investimentos na Copa de 2014 e cobravam a legalização da maconha.


Samba – Até uma escola de samba participou da manifestação. Convidada pelo alemão Holgen Güssefeld, idealizador do Bread Tank (tanque de pães), que faz sucesso na Rio+20, a Acadêmicos de Vigário Geral serviu como abre-alas da obra, com passistas, inclusive uma mirim, e ritmistas.


“O tanque é um exemplo de transformação de uma coisa ruim em uma boa. Se esta transformação se realizar no mundo, será razão de alegria, aqui representada pela escola de samba”, explicou o colaborador do World Future Council.


Em meio a marcha, por volta das 16h, um grupo de 20 índios caminhou em sentido contrário à passeata, carregando um toco de madeira, em protesto contra o desmatamento. Algumas pessoas ficaram assustadas, mas não houve tumulto.


Crianças, como o pequeno João Guilherme, de 3 anos, também foram bem-vindas na marcha. Trazido pelo pai, o funcionário público, Paulo Nagae, o pequeno parecia se divertir em meio à barulheira. “Acho que um evento dessa magnitude, dessa nobreza, tem que ser prestigiado. É uma obrigação para nós estar aqui e acho importante trazer ele para dar o exemplo”, disse o pai. (Fonte: G1)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

‘Juntos somos uma voz alta demais para ser ignorada’, diz canadense


A canadense Severn Cullis-Suzuki, que ficou conhecida como “a menina que silenciou o mundo por cinco minutos” por seu discurso feito para delegados e chefes de Estado na Rio-92, voltou a emocionar a plateia no evento Rio+Social, que acontece num hotel da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, para discutir o uso da tecnologia, da mídia digital e das ações sociais para ajudar a desenvolver soluções sustentáveis para enfrentar os maiores problemas do planeta.

Na tarde desta terça-feira (19), ela disse que para construir um mundo melhor não é preciso muito dinheiro.
“Todos temos voz, vamos usá-la. Juntos seremos uma voz alta demais para ser ignorada”, disse.

Ela lembrou que, quando tinha 12 anos, veio do Canadá para lembrar aos líderes do mundo do que estava em jogo: “o futuro da minha geração, o futuro de todas as gerações”.

“Pedi a eles que não se esquecessem do motivo pelo qual estavam aqui. ‘Somos seus filhos, vocês decidirão em que mundo viveremos’, eu disse a eles”, contou a jovem.

Para Severn, hoje os temas em debate na Rio+20 são mais sérios, relevantes e urgentes: “A poluição mudou o clima, mais de um bilhão de pessoas vivem sem energia, crianças ainda morrem de desidratação e pessoas vivem na miséria, sem comida nem água. Mas 1% da população continua a enriquecer. Devemos fazer mais”, pediu ela.

A canadense ressaltou ainda a importância das mídias sociais.

“Em 1992, eu era uma menina falando para um grupo. Hoje, graças à tecnologia, pelas mídias sociais temos um megafone que devemos usar para fazer as mudanças”.

O futuro que o mundo quer – Para ela, insistir em mudanças para um mundo melhor não é banalidade, é esperança para o futuro com base na expressão de pessoas ao redor de todo o mundo.

“Este é o futuro que o mundo quer: respirar ar e beber água fresca. Um mundo onde todos tenham direito a energia e aos benefícios da energia limpa do sol e dos ventos. Pobreza será problema do passado. Crianças terão o alimento de que precisam. Jovens terão direito ao trabalho, e as comunidades, o direito de progredir. Os problemas do ambiente pedem um entendimento do pensamento ecológico do planeta Terra e a Rio+20 é a oportunidade de mover para frente a agenda da sustentabilidade”, disse.

Severn lembrou que esta semana as Nações Unidas trouxeram à mesa governos, setor privado e sociedade civil para discutir a sustentabilidade.

“As nações têm que trabalhar umas com as outras. Os negócios têm que ter responsabilidade corporativa. As organizações da sociedade civil têm que ser as mais responsáveis possíveis”, pediu a jovem. (Fonte: Lilian Quaino/ G1)

Países aprovam rascunho da Rio+20 que vai para chefes de Estado


Em plenária informal no Riocentro, os países participantes da Rio+20 aprovaram o texto que será levado para negociação dos chefes de Estado a partir desta quarta.

“Os países estão revelando suas posições, grandes grupos [de países] já aprovaram o documento como está, como Estados Unidos, União Europeia e o G77+China. (…) Ao aceitar o documento, o país tem o direito de dizer em que ponto ele ficou decepcionado (…) Todo mundo está infeliz, mas isso é um bom sinal”, disse o porta-voz do secretariado da ONU na conferência, Nikhil Chandavarkar.

Os chefes de Estado avaliam o documento de quarta a sexta-feira, também no Riocentro.

Após a reunião, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, conversou com o G1 a respeito da decisão. “Estou extremamente satisfeito. Todos concordaram. É um consenso.”

Em coletiva após a decisão, o governo brasileiro considerou a aprovação “uma vitória”.

Segundo Nikhil Chandavarkar, o texto liberado não sofreu alterações na plenária. Ele citou que o bloco europeu e os países africanos ficaram insatisfeitos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente não ter virada uma agência, mas citou que o texto “fala de fortalecimento”.

Os Estados Unidos também teceram comentários críticos em alguns pontos, disse o porta-voz, sem revelar detalhes.

Os tópicos sobre finanças (meios de implementação) e oceanos também foram aprovados “exatamente como está o texto”, disse Chandavarkar. “Foi expressado um consenso. Há um acordo”, complementa.

O ministro da Relações Exteriores Antonio Patriota comandou a reunião, que tem também a presença do secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e dos embaixadores André Corrêa do Lago e Luiz Alberto Figueiredo.

O encontro aconteceu no Riocentro em uma sala lotada, com diversos diplomatas acompanhando em pé a votação. De acordo com o comitê de organização da Rio+20, 850 delegados assistem à sessão.

O texto – O primeiro rascunho desta terça foi enviado às delegações por volta das 7h30 e sugere a criação de um fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas, reforçando que o tema deverá ser discutido com maior importância a partir da conferência do Rio de Janeiro.

Com 49 páginas, o texto tem 283 parágrafos – quatro a menos do que o rascunho anterior. Nenhum deles possui a marcação “ad ref”, que significa “provisoriamente aprovado”, segundo explicação do negociador-chefe brasileiro, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, dada no sábado (16).

Entre outras coisas, o fórum proposto poderia “oferecer liderança política, orientação e recomendações para o desenvolvimento sustentável” e, acompanhar e rever o progresso na implementação de compromissos como os contidos na Agenda 21 e no Plano de Implementação de Johannesburgo.

“Decidimos estabelecer um fórum universal intergovernamental de alto nível político, contruído sob a força, experiência, recursos e modalidades de participação inclusivas da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, e susequentemente substituindo a Comissão.”

Na segunda-feira (18), o embaixador aposentado Flávio Perri, que escreve no blog do G1 Traduzindo a Rio+20, afirmou que a criação do fórum seria “a germinação de uma nova realidade”.

Responsabilidades diferenciadas – O documento apresentado pelo Brasil, como presidente da Rio+20, reafirma um dos Princípios do Rio, criado em 92, sobre as “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.

Esse era um ponto de conflito para os países desenvolvidos que defendiam a divisão igualitária da responsabilidade sobre o desenvolvimento sustentável.

Meios de implementação – Ao contrário do texto anterior, o atual reconhece necessidades diferenciadas para os países ricos e os em desenvolvimento.

“Reafirmamos que países em desenvolvimento precisam de recursos adicionais para o desenvolvimento sustentável”, diz o texto.

Foi proposta a criação de um processo intergovernamental, sob a tutela da Assembleia Geral das Nações Unidas, para avaliar as necessidades financeiras de cada país e a eficácia de seus instrumentos, para preparar uma estratégia efetiva de financiamento do desenvolvimento sustentável, o que facilitaria a mobilização de recursos e seu uso para atingir as metas.

Erradicação da pobreza – Houve ainda uma alteração na parte do documento que estabelece a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta hoje. O texto anterior incluía o termo “pobreza extrema”, que foi modificado para “pobreza”.

O documento recomenda ainda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.

Esse sistema atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e potenciais parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de desenvolvimento sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e informar sobre metodologias para avaliar essas políticas.

Pnuma – O documento diz que as nações signatárias estão comprometidas a fortalecer o papel do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma) e consolidar de forma progressiva sua sede em Nairóbi (no Quênia). Como na versão anterior do documento, não está prevista a transformação do órgão em uma agência da ONU.

Uma das sugestões para ser aprovada pela Assembleia Geral da ONU em sua próxima sessão é adotar uma resolução que permita que o Pnuma aumente suas fontes financeiras e receber contribuições voluntárias para “preencher seu mandato”.

Oceanos – O documento sugere o estabelecimento também de um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos, na sigla em inglês) que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos, além de seus recursos.

Segundo o documento, os países reconhecem a importância dos mares para erradicação da pobreza, crescimento econômico sustentável e segurança alimentar, e se comprometem a proteger e restaurar “a saúde, resistência e a produtividade dos ecossistemas marinhos para manter sua biodiversidade”.

No trecho que trata sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o texto sugere a criação dessas metas durante o segmento de alto nível da Rio+20. Entretanto, apresenta mudanças quanto à versao do documento apresentado no sábado.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – O documento anterior apontava que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) deveriam ser baseados na Agenda 21 e no Plano de Implementação de Joanesburgo, respeitando os Princípios do Rio, em particular as responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Agora, o novo documento fala que os ODS devem ser criados “levando em conta as diferentes circunstâncias, capacidades e prioridades nacionais”, ou seja, reconhece as particularidades de cada país.

Em seguida, o texto estabelece que, a partir da conferência, será criado um processo intergovernamental para desenvolver os objetivos globais. Com isso, seria criada uma comissão de coordenação para elaborar os objetivos até setembro de 2012, que terá um ano (até setembro de 2013) para apresentar uma proposta. O prazo estipulado para que os Objetivos entrem em vigor é a partir de 2015.

O documento aponta ainda que os ODS devem levar em conta metas e indicadores para que cada país possa adaptá-los a sua realidade e níveis de desenvolvimento.
 (Fonte: G1)

Para quem ainda não está convencido da crise ambiental, crônica de Paulo Sanda






[EcoDebate] Se você ainda não está convencido da necessidade urgente de mudar os rumos do sistema em que vivemos, vamos imaginar a seguinte cena;


Você e sua família, vivem em uma pequena ilha.


Os recursos desta ilha são limitados, mas se renovam.


O alimento, a bebida, enfim tudo que vocês precisam a natureza nesta ilha fornece.


Vocês usam a água da lagoa para beber para higiene, usam a madeira da mata em suas casas, fazer fogo, etc. Existem algumas cabras, que dão o leite que vocês tomam, aves das quais recolhem ovos. Enfim, os recursos existem, são utilizadas mas visivelmente limitados.


O que vocês farão?


Irão fazer banheiros ao redor da lago e jogar suas fezes dentro da água que usam para beber, cozinhar e banhar?


Matarão as cabras que dão o leite que tomam, e as aves que dão os ovos, para poderem comer a carne?


Derrubarão todas as árvores para fazer grandes construções? Arrancarão os coqueiros?


Ou ainda o que acontecerá, se algumas pessoas repentinamente acharem que tem mais direito que as outras? Que a água pertence a somente elas, os coqueiros, as árvores, as cabras, aves, etc? Estas começam a abusar de tal maneira dos recursos, que começa a faltar para os demais. Será que por mais pacíficos que os outros sejam, será que os excluídos desta farra de alguns sobre o que deveria ser de todos, uma hora não irá causar revolta?


Pois bem, o nosso planeta acreditem ou não, tem limites, os recursos naturais não são infinitos.


E quem raios deu aos que tem mais poder e dinheiro, a posse do bem comum da humanidade e da vida?


Sabem quem deu esta posse ao poder e ao dinheiro?


A violência. Sim desde os primórdios era assim, e continua.


Os primeiros reis, não passavam de salteadores, ladrões que se propuseram a guardar as “posses” dos outros. Cresceram em força e tornaram se reis, então seu governo foi legitimado, a opressão passou a ser até divinizada.


Veio o sistema democrático. Democrático para quem cara pálida?


Os governos e os sistemas estão desacreditados, existe um grito por uma anarquia. Não anarquia apenas no sentido de desordem, bagunça. Sim desordem, no sentido de todos poderem exercer sua liberdade de viver, é complexo, mas o que urge não é um novo poder. Mas um esvaziamento completo dos poderes. É o conviver com o outro e com a vida.


Os poderes, não podem salvar, pois antes de mais nada, eles sempre querem, é salvar a si mesmos. E para se resguardarem, é preciso que outros morram. Não fosse assim, porque das guerras?


Não acredita ainda?


Paciência, o pior é que estamos no mesmo barco.


Mas vou continuar a falar no seu ouvido, se você deixar. Quem sabe um dia conseguimos nos convencer, antes que seja tarde.


Pois estamos no mesmo barco, não precisamos querer a mesma coisa nem da mesma forma. Até porque afirmar isto iria contra meu próprio discurso. Mas é preciso respeitar a vida.


E agora estou falando é da nossa. Pois o planeta existia sem nós, os dinossauros passaram, e o planeta continuou.


Paulo Sanda é Teólogo, chefe escoteiro, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH e tem sido ativo participante das manifestações Belo Monte NÃO, em São Paulo.


EcoDebate, 20/06/2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

Os 20 anos entre a ECO92 e a Rio+20: parte II, o legado


Miguel Milano*

Fazenda de cana-de-açúcar. Largas extensões de terra usadas para produzir combustível "sustentável". (Foto: Sweeter Alternativ)


Bonito, Mato Grosso do Sul -- Com a proposta mágica do desenvolvimento sustentável, acrítico e de consumo fácil, o conceito de sustentabilidade, de origem biológica, bem mais antigo e cientificamente consistente, se tornou espetacularmente popular servindo para pintar de verde tudo e qualquer coisa ao mesmo tempo, ainda que sem qualquer conexão com o propósito original. Tanto é assim que, talvez, sejam duas das palavras de origem científica, nos mais diversos idiomas, mais usadas do planeta. Conforme ouvi do eminente professor e honesto conservacionista, Fernando Fernandez, da UFRJ, uma rápida e simples busca no Google, dá a dimensão da situação: só a palavra sustainable aparece 184 milhões de vezes enquanto sustainability outras 89,3 milhões, sustentável 17 milhões e sustentabilidade outras 15 milhões, num total de mais de 300 milhões de citações, ou 0,3 bilhão, em apenas duas línguas! Se juntarmos outras línguas importantes do mundo o número certamente passa da casa do bilhão de referências, incorporando variações para todos os gostos e interesses. Assim, não é necessário muito esforço para lembrar de expressivos equívocos em termos de sustentabilidade na arena das políticas públicas, do mundo empresarial privado e campo da sociedade civil. Vejamos alguns deles.
A energia hidroelétrica, definida como renovável e, portanto, "sustentável", tem justificado quaisquer quantidades de represas, muitas delas inaceitáveis quanto aos seus impactos ecológicos e, mesmo, sociais. O etanol, combustível verde do Brasil, porque produzido de cana-de-açúcar, tem sua sustentabilidade frequentemente questionada devido aos prejuízos ambientais do seu processo produtivo e ao duvidoso saldo do seu balanço energético – não bastasse isso, com a descoberta do pré-sal, nada sustentável, desapareceu do discurso nacional como resposta para a crise energético-ambiental mundial. A expansão da agropecuária sobre remanescentes florestais de todos os rincões brasileiros, destacadamente a Amazônia, tem sido justificada como meio para manter o crescimento "sustentável" das exportações, que não incorporam nos seus preços nem a mínima parte das suas externalidades ambientais. Neste caso, além de insustentável, porque veículo de seu potencial fracasso amanhã em decorrência de mudanças climáticas para as quais contribui, é também um equívoco estratégico como opção de desenvolvimento, embora negócio politicamente vigoroso como mostrou a bancada ruralista ao impor fragorosas derrotas ao governo nas votações do Código Florestal.
Nas empresas, chegamos ao promissor triple botton line dos relatórios corporativos de sustentabilidade, mas neles o mundo real do tripé econômico, social e ambiental da sustentabilidade tem se resumido, em geral, apenas a cartas de boas intenções, com relatos do cumprimento de obrigações legais e limitada prática filantrópica. No grande espectro, obviamente, há de tudo, mas constituem honrosas exceções os casos de gestão de negócios e investimentos com avanços concretos no rumo da sustentabilidade. Por outro lado, são comuns comportamentos distintos de grandes corporações multinacionais conforme o país de atuação – neste caso variando do positivo ao bastante negativo, conforme a falta de exigência local e do controle dos stakeholders dos países de suas matrizes. Há, ainda, a quase absoluta falta de conhecimento e controle das empresas sobre suas cadeias de suprimentos, notadamente em aspectos relativos ao cumprimento das legislações trabalhista e ambiental.
Da arena da sociedade civil, de onde se propagam muitas boas ideias para os governos e para as empresas, frequentemente saem posições radicais ultrapassadas ou utopias sem sentido e no campo do desenvolvimento sustentável não foi diferente, sendo um destaque da inconsistência sócio-ambientalista a incrivelmente aceita mítica das “populações tradicionais” amistosas para com a natureza, uma ideia defendida por Rousseau no século XVII que não resiste a nenhuma análise científica consistente. Com essa mítica vêm a delimitação e a destinação política de áreas na forma de reservas para extrativistas diversos e populações quilombolas, em geral em franco confronto com a conservação da natureza e necessária justa inclusão socioeconômica dessas populações via produção. Fundamentada em boa medida em visão idealista e nostálgica sobre a propriedade coletiva, que mais favorece a tragédia dos comuns que qualquer solução ecológica e socioeconômica consistente, a ideia tem raízes no esquerdismo mais ultrapassado e policamente correto que carece de inteligência. O grau de baixa agressão à natureza dessas populações, quando de fato existe, nada mais é que resultado apenas do baixo grau de tecnologia (e de educação) e da falta de capital para adquiri-la, algumas vezes combinadas com baixas densidades demográficas.
Mencionando demografia impossível não pôr em pauta a sistemática e genérica desconsideração, ou omissão intencional, da questão populacional global para a sustentabilidade. Malthusiana ou não, essa questão é mais do que relevante, mesmo que regional ou nacionalmente, como no Brasil, esta possa ser uma questão secundária. O aumento populacional ainda é um fator crítico para a sustentabilidade num planeta limitado, de recursos finitos e já abarrotado de gente, e as suas consequências afloram a todo momento e em todo lugar, em geral noticiadas como genocídios tribais, migrações ilegais em massa, revoltas populares pelo acesso a água e outros recursos, entre outros.
Então, de que sustentabilidade trataremos na Rio+20? A considerar os rascunhos dos documentos declaratórios da convenção, tudo indica que da mesma que prevaleceu nas duas décadas transcorridas entre 1992 e 2012. Afinal, “uma mentira reconfortante é, em geral, uma opção mais palatável que uma verdade inconveniente”, porque está imporá resoluções com dores, e assim seguiremos pintando de verde ou adjetivando de sustentável tudo aquilo que social, econômica ou politicamente interessar, independentemente da qualidade do futuro que legaremos.
*Miguel S. Milano é Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciências Florestais. Ele também é membro do conselho de administração da Associação O Eco, responsável pela publicação do site ((o))eco.