Se tem alguém que pode ensinar muito sobre sustentabilidade na Rio+20 é o prefeito de Vitória-Gasteiz, no País Basco, Javier Maroto. A cidade foi escolhida a “capital verde da Europa” em 2012. Para ele, o tema deve ser discutido a partir das cidades e não em âmbito supranacional como está ocorrendo na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
“É necessário que as cidades tenham uma papel muito mais protagonista. Uma das questões que mais devem mudar é que as decisões que se tomam em grandes órgãos supranacionais não sejam tomadas ali e levadas para as cidades”, opinou Maroto. “As cidades é que tem de dizer que procedimentos precisam e podem tomar. É uma forma que poderia fazer a Rio+20 diferente e poderia ter transformado também o protocolo de Kyoto, que hoje não é cumprido por várias potências”, acrescentou.
Ciente das cobranças dos países em desenvolvimento por comprometimento das nações ricas neste momento de crise econômica, o prefeito defende que sustentabilidade, na Europa, já é assunto obrigatório. “Não é uma opção, mas sim uma obrigação. Mais do que nunca é necessário fazer mais com menos. Não se pode fazer um planeta mais sustentável se as cidades não estão incluídas nisso. Mais de 80% das pessoas estão nas cidades hoje em dia”, observou o prefeito.
No governo de Vitória-Gasteiz há um ano, Maroto divide os méritos do reconhecimento da cidade como exemplo de sustentabilidade com os próprios adversários políticos e demais prefeitos que passaram pelo poder. “Uma cidade não se faz sustentável em quatro ou oito anos. É um projeto a longo prazo. É muito importante que haja unidade política. Na minha cidade, todos os partidos políticos assinaram um acordo de intenções sustentáveis. Se não houvesse isso, não seria possível mudar. É uma trajetória de décadas.”
Para Maroto, outro fator crucial é o comprometimento da sociedade. “É impossível uma cidade se tornar sustentável só com o prefeito e o governo. É necessário que os cidadãos queiram isso. Não se pode aplicar políticas de reciclagem por decreto, se os cidadãos não fizerem seu papel”, explicou o prefeito. “No caso das cidades verdes, temos trabalhado por décadas para conscientizá-los. Hoje eles querem ser verdes”, disse.
Vitória-Gasteiz tem pouco mais de 200 mil habitantes e 99% de seus habitantes moram numa distância de até 300 metros de equipamentos de saúde, educação e de áreas verdes. A cidade também tem feito muitos investimentos para tornar o uso da água mais eficiente e tem ambiciosa meta que o consumo caia para menos de 100 litros por habitante/dia. Há projetos eficazes de gestão de resíduos e de emissão de carbono através da utilização de transporte público e ciclovias. Os primeiros projetos sustentáveis da cidade tomaram forma em 1995, quando Vitória-Gasteiz assumiu compromisso com a agenda 21. (Fonte: Giuliander Carpes/ Portal Terra)
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