Cientistas usam microchips em abelhas para investigar esvaziamento de colmeias
Especialistas em Salamanca, na Espanha, estão realizando um projeto pioneiro que envolve colocar microchips em abelhas para investigar as causas por trás dos elevados índices de mortalidade entre elas.
“Iniciamos o projeto porque na região de Salamanca temos muitos problemas com o desabelhamento das colmeias”, disse à BBC o presidente da Asociación de Apicultores de Salamanca, Castor Fernández.
“Iniciamos o projeto porque na região de Salamanca temos muitos problemas com o desabelhamento das colmeias”, disse à BBC o presidente da Asociación de Apicultores de Salamanca, Castor Fernández.
“Falamos em desabelhamento quando a colmeia fica despopulada e morre. Durante anos, aqui, tem havido (um índice de) 80% de despopulação, ou seja, de cada 100 colmeias, morrem 80. É algo muito, muito grave”.
Segundo Fernández, quando as abelhas desaparecem, a rainha deixa de colocar ovos para que se formem novas colmeias. Após um período, a colmeia morre.
“Não sabemos se as abelhas vão embora ou se morrem ali perto. Não sabemos o que ocorre, por isso surgiu a ideia dos microchips para ver se encontramos algum remédio”.
Os minúsculos chips são acoplados ao tórax das abelhas. Cada vez que elas passam pela entrada da colmeia, um leitor de microchips registra dados que são arquivados em um computador.
Chips – Os pesquisadores José Orantes Bermejo, dos Laboratorios Apinevada, em Granada, e Antonio Gómez Pajuelo, apicultor, estão monitorando abelhas em colmeias saudáveis, onde não houve qualquer contaminação por pesticidas, e em colmeias onde foram identificados resíduos de pesticidas.
“Estamos colocando identificadores passivos (sem baterias) para identificar cada abelha de forma individual. Esses dispositivos têm um tamanho aproximado de 2 x 1,6 mm e espessura de aproximadamente 0,5 mm . O peso aproximado é de 5 mg e a abelha pode carregar (o chip) sem problemas”, disse Bermejo à BBC.
Ele explicou que colocar o chip na abelha não é difícil, embora seja uma operação delicada que requer que o inseto esteja adormecido.
“Temos abelhas marcadas com microchips em colmeias situadas em ambientes saudáveis, sem resíduos de pesticidas, e em colmeias em ambientes onde há resíduos de pesticidas em níveis não letais – provocados de forma experimental – encontrados com frequência em colmeias normais”, disse à BBC seu colega Pajuelo.
Pajuelo disse que a pergunta que a equipe pretende responder é a seguinte: Esses índices de resíduos, encontrados com relativa frequência, afetariam tanto a vida das abelhas a ponto de fazer com que elas morram aos poucos? E será que essas mortes levariam a colmeia a perder quantidades importantes de abelhas ao longo do inverno, tornando-se despopulada?
Pesticidas – Segundo Pajuelo, estudos feitos até o momento vêm levando especialistas a concluir que o desaparecimento das abelhas se deve a uma conjunção de três fatores: má nutrição durante o outono por problemas nas florações nesse período, falta de controle sobre o ácaro Varroa destructor, que parasita as abelhas, e o uso de pesticidas – os agrícolas, usados externamente, e aqueles usados dentro da colmeia no combate ao ácaro varroa.
“Os pesticidas são tóxicos para as abelhas e, em doses baixas, interferem na produção dos péptidos antimicrobianos do seu sistema imunológico”, disse Pajuelo.. “Restos de pesticidas utilizados em torno ou dentro da colmeia contra o varroa acabam ficando dissolvidos na cera e dali passam para a parte gordurosa do pólen armazenado pelas abelhas” – os experimentos da equipe teriam demonstrado.
O pesquisador explicou que quando esse pólen é consumido pelas larvas e abelhas adultas, ocorre uma intoxicação leve, que não seria suficiente para matar as abelhas, mas que pode encurtar suas vidas e aumentar a incidência de doenças.
“A influência deste último fator é o que tentamos demonstrar marcando as abelhas com chips que nos permitem ‘ler’ seu período de vida”. (Fonte: Portal iG)
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