Conferência do Clima na África do Sul busca evitar retrocesso
Nesta segunda-feira (28) começa em Durban, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 17), que mais uma vez busca avançar rumo a um acordo global de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.
Esta edição, no entanto, mais do que para buscar um avanço nas negociações, é importante para evitar um retrocesso: o Protocolo de Kyoto, único acordo existente segundo o qual a maioria dos países desenvolvidos (os Estados Unidos, segundo maior emissor, não participam porque não ratificaram internamente o acordo) têm metas de redução das emissões, expira em 2012 e, se não for estendido, não haverá nada em seu lugar.
Atualmente, o maior emissor de gases-estufa do mundo é a China, mas ela resiste em se comprometer com metas de corte enquanto os EUA não o fizerem. Rússia, Japão e Canadá, por sua vez, alegam não ver sentido em assumir novo compromisso enquanto os maiores poluidores não o fazem.
A União Europeia representa o maior bloco de países ricos dispostos a negociar algum compromisso. A conferência de Durban, no entanto, acontece num momento conturbado, em que a salvação da economia parece mais urgente que a do clima.
A crise econômica também deve prejudicar outra grande meta da COP 17, que é normatizar o funcionamento do “fundo verde”, um mecanismo de financiamento de ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nos países pobres. A ideia é que haja US$ 100 bilhões ao ano disponíveis até 2020, mas não se sabe até agora exatamente quem vai colocar a mão no bolso para levar a proposta adiante.
O Brasil aposta suas fichas numa renovação do Protocolo de Kyoto. O negociador brasileiro embaixador André Corrêa do Lago alerta que “há praticamente um consenso de que nunca mais vai se conseguir um acordo total”. Daí a importância de não se deixar morrer este. Corrêa do Lago ressalta que desde a assinatura do protocolo, em 1997, havia a determinação de que o primeiro período de compromisso seria revisto entre 2008 e 2012.
“Nenhum país quer sair de Kyoto pra fazer mais do que faria em Kyoto. Todo mundo quer fazer menos”, comentou o diplomata brasileiro na última semana, em Brasília.
Os países emergentes, como o Brasil, defendem que as nações ricas, que emitiram mais gases-estufa durante décadas, devem assumir metas mais rígidas, e usam a pobreza que parte de suas populações enfrentam como argumento de que devem ter maior margem de emissões, para poderem se desenvolver. É o que nas negociações reiteradamente chamam de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”. (Fonte: Dennis Barbosa/ Globo Natureza)
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