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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Governo planeja 34 novas usinas hidrelétricas até 2021, sendo 15 delas na Amazônia Legal



Unidades de Conservação



Região da Amazônia ganhará 15 novas usinas hidrelétricas – Demanda até 2015 exige 30 novas instalações em todo o Brasil.



A oferta de energia elétrica no País tem de crescer 42.600 megawatts (MW) nos próximos dez anos, e o Brasil vai colocar em operação entre três e quatro usinas hidrelétricas por ano para atender à demanda. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já planejou a entrada em operação de 34 novas usinas hidrelétricas até 2021, sendo 15 delas na Amazônia Legal. Matéria em Caderno Desafios Brasileiros – O Globo / O Estado de São Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4617.

Para Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, ampliar a oferta de energia hidrelétrica é condição básica para o desenvolvimento econômico, e a instalação de usinas nos rios amazônicos é inevitável. “Não podemos abrir mão de construir hidrelétricas. Preservar o meio ambiente não é uma decisão excludente. É preciso achar um meio de a hidrelétrica ajudar a preservar”, diz Tolmasquim. Matéria em Caderno Desafios Brasileiros – O Globo / O Estado de São Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4617.

A EPE propõe construir hidrelétricas do tipo plataforma, que depois de prontas ficariam isoladas na floresta, acessíveis apenas por helicóptero, inspiradas na extração de petróleo no mar. Mas, durante a construção, reconhece Tolmasquim, é impossível não abrir estradas e criar acampamentos para os operários. “Não tem como fazer sem construir estradas, mas elas podem ser reflorestadas.”

A inevitabilidade da construção de novas hidrelétricas, principalmente na Amazônia, tem como premissa a necessidade de atender ao consumo cada vez maior de energia no País. O brasileiro ainda consome três vezes menos que o americano. Por isso, a tendência é consumir mais. “A sociedade tem de decidir se ela quer ser abastecida de energia elétrica. E a alternativa às hidrelétricas são usinas térmicas a óleo, gás natural ou carvão. É uma energia muito mais cara, que prejudica mais o meio ambiente”, afirma o diretor-executivo da Brasil Hydro, Flavio Miguez de Mello.

Se mantido sem alterações estratégicas, o estudo da EPE para 2021 prevê que, à exceção das hidrelétricas, que representarão 12,6% da oferta de energia total no País, a participação das demais fontes renováveis passará dos atuais 1,4% para apenas 1,6%. Com 2.200 horas de insolação, o Brasil sequer incluiu a energia solar no planejamento energético até 2021. E quando se trata de ventos, o volume no Brasil é duas vezes maior do que a média mundial.

Para se discutir o futuro das hidrelétricas é preciso também discutir o padrão de consumo de energia no país e o gerenciamento da oferta. Dois estudos recém-lançados por organizações não governamentais (ONGs) apontam caminhos. “É preciso quebrar o paradigma de grandes hidrelétricas”, diz o professor Paulo Henrique de Mello Sant’Ana, da Universidade Federal do ABC (UFABC), coordenador de um estudo patrocinado pela WWF-Brasil.

Sant’Ana lembra que países como a Dinamarca têm 30% de sua energia gerada pelos ventos e que a Alemanha, com muito menos sol que o Brasil, já é o terceiro país do mundo em energia solar, atrás de China e Estados Unidos. “No lugar de expandir a oferta, temos de aprender a gerenciar a demanda. Estamos diante de uma revolução energética, e o Brasil não está olhando para frente”, diz.

Para o professor, alternativas para reduzir o ritmo frenético de construção de novas usinas estão em programas capazes de mudar o padrão de consumo.

Ponto frágil – Dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) mostram que 8% da energia produzida no Brasil se destinam apenas ao chuveiro elétrico. Isso corresponde a 15 mil MW no horário de pico, entre 17h e 22h.

Segundo a Abrava, cada metro quadrado de coletor solar instalado para aquecer água pode evitar 56 metros quadrados de área inundada por hidrelétricas. No estudo “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21″, patrocinado por cinco ONGs, incluindo o Greenpeace, o consultor em planejamento energético Roberto Kishinami afirma que o país precisa urgentemente planejar o aumento de sua eficiência econômica.

Ele lembra que a eficiência energética dos motores elétricos de uso industrial passou de 39,8% em 1984 para 47,1% em 2004. Segundo ele, um programa que reunisse os fabricantes de motores e instituições de pesquisa poderia, a curto prazo, promover a troca dos equipamentos antigos por outros com maior eficiência, reduzindo o custo e a necessidade de uso de energia nas indústrias, que respondem por metade do consumo total.

“A política brasileira é de gerar e distribuir energia no atacado, mas a tendência é descentralizar. O uso da energia solar é descentralizado, por domicílio ou empreendimento”, explica Marcelo Mesquita, especialista em gestão de energia e consultor da Abrava.

O consultor chama atenção ainda pelo fato de as hidrelétricas receberem investimentos de R$ 190 bilhões e os programas de eficiência energética alcançarem no máximo R$ 10 bilhões no período. Os investimentos em usinas eólicas e de biomassa receberam do PAC apenas R$ 9,7 bilhões.

Ao optar por produzir energia na Amazônia, distante dos centros de consumo, o País tem de investir mais em linhas de transmissão. Só em interligações e para usar a energia a ser gerada pelas usinas de Belo Monte, Teles Pires e Tapajós (a ser licitada em 2013) estão revistos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) investimentos de R$ 37,4 bilhões. A distância tende a agravar as perdas do sistema.

Segundo dados da EPE, o índice de perdas do setor elétrico, de 16,9% em 2012, chegará a 2021 em 16,1%, uma redução inferior a um ponto percentual. Para se ter uma ideia, no Chile esse índice fica em 5,6%; na Argentina em 9,9% e na Colômbia em 11,5%.

Os problemas nas linhas de transmissão têm sido apontados como os principais responsáveis pelos diversos apagões registrados no País. Em 2007, o Tribunal de Contas da União realizou auditoria para verificar as perdas e, no ano passado, o Ministério Público Federal abriu inquérito civil público para obrigar as autoridades a implementarem projetos eficientes que reduzam, efetivamente, as perdas energéticas.

O professor da Faculdade de Administração e Economia da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, Eliezer Martins Diniz, afirma que as decisões sobre a construção de hidrelétricas ainda são tomadas com critérios unicamente econômicos.

“É preciso ter bom senso nesta hora. É importante gerar energia e reduzir a desigualdade social, mas preservar o meio ambiente é também evitar desigualdade entre gerações futuras. Falar em desenvolvimento econômico e social não pode ser um alvará para passar por cima de questões ambientais”, afirma.

EcoDebate, 06/11/2012

Começa Fórum de Bacias


O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente (MMA), Pedro Wilson Guimarães, representará a ministra Izabella Teixeira, na abertura do XIV Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob) que acontece esta semana (de 5 a 9/11) em Cuiabá. A programação inclui cursos de capacitação, apresentação de experiências pelos comitês de bacias, mesas de diálogos com especialistas, além de oficinas temáticas.

O encontro discute este ano o tema “Comitês de Bacias: Trabalhando Soluções para a Sustentabilidade da Gestão das Águas”. Participaram do evento representantes dos governos federal, estadual e municipal, usuários, organizações não governamentais (ONGs), universidades e todos os interessados no tema, vindos do Brasil e exterior.

Desafios - O Encob tem como objetivo possibilitar que os comitês de bacias e demais atores identifiquem as oportunidades e desafios para a promoção da gestão integrada das águas, de forma participativa e descentralizada, alem de apontar para toda a sociedade a efetiva sustentabilidade dos recursos hídricos.

O Encob é realizado pela Rede Brasil de Organismos de Bacias (Rebob), o Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas, o governo do Estado de Mato Grosso e parceiros como o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Águas (ANA). A Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA está organizando três oficinas no XIV Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas: “Programa Marco para a Gestão Sustentável da Bacia do Prata – participação pública, comunicação e educação”; Diretrizes e prioridades do Plano Nacional de Recursos Hídricos” e “Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata”.

Atualmente, o Brasil conta com cerca de 180 Comitês de Bacias Hidrográficas, dos quais dez são federais (de rios de domínio da União) e o restante é constituído de Comitês Estaduais (de rios de domínio dos Estados e do Distrito Federal). (Fonte: Rafaela Ribeiro/ MMA)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cerca de 75% dos cemitérios públicos do país têm problemas ambientais e sanitários



Pouco mais de sete em cada dez cemitérios públicos brasileiros têm problemas de ordem ambiental e sanitária, de acordo com estudo do geólogo e mestre em engenharia sanitária Lezíro Marques Silva. O levantamento, concluído em 2011, reuniu dados de mais de mil cemitérios do país, entre públicos e privados. O pesquisador, que é professor da Universidade São Judas, explica que os problemas começam na superfície, com a proliferação de animais vetores de doenças, e continuam no subsolo, com a contaminação do lençol freático.

“Se o necrochorume escapa do túmulo, ele pode entrar em contato com o lençol freático, criando uma mancha de poluição que atinge quilômetros de distância a ponto de contaminar poços e rios”, explica o geólogo. O necrochorume é um líquido formado durante a decomposição de cadáveres enterrados, similar ao gerado pelos resíduos sólidos em aterros sanitários. “Ele é rico em substâncias tóxicas como putrecina, cadaverina e alguns metais pesados”, explica.

Lezíro Marques informou ainda que a contaminação do lençol freático ocorre em quase a totalidade dos cemitérios públicos com problemas ambientais e sanitários. Ele destaca que a saturação desses equipamentos públicos agravam ainda mais os prejuízos provocados por essas condições. “Com o esgotamento da capacidade de sepultamento, o que sobra são terrenos do ponto de vista geológico inadequados, como lençol freático raso, área de várzea e morro”, critica.

O professor Walter Malagutti, do Departamento de Geologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que também desenvolve pesquisa na área, explica que não havia a preocupação de observar os critérios geológicos para construção de cemitérios. “Pode ocorrer de alguns terem sido implantados em locais inadequados. Muitos estão em áreas nobres, como as regiões centrais.”

Ele avalia que o ideal seria considerar os mesmos critérios dos aterros sanitários, como lençol freático mais profundo possível, rocha impermeável e distância dos centros urbanos, para construção de cemitérios.

Walter Malagutti explica ainda que os cemitérios são fonte renovável de contaminação, pois, diferentemente dos aterros, eles não costumam ser desativados. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos, quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”, relata. Segundo o professor da Unesp, um diagnóstico ambiental dos locais de enterro já existentes e a observação de critérios geológicos para a implantação de novos cemitérios são algumas medidas para amenizar a situação.

Já a pesquisa desenvolvida por Lezíro Marques resultou no desenvolvimento de substâncias capazes de neutralizar o necrochorume, reduzindo o nível de contaminação. “A grande meta é não permitir que o líquido extravase”, destacou. Para tanto, foi criada uma espécie de colchão a ser colocado na sepultura, o qual possui um líquido que elimina os efeitos dos poluentes. Uma ação semelhante é conseguida por uma substância que lava o subsolo retirando o necrochorume. “Tem solução, mas pouco é feito”, avalia.

O geólogo destaca ainda a necessidade de uma legislação mais específica, que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue uso de substâncias neutralizadoras do necrochorume.

Os pesquisadores concordam que a cremação seria a solução mais adequada para a preservação do meio físico. Eles avaliam, no entanto, que a questão cultural é o principal empecilho para o uso da técnica. “A cremação é muito incipiente no Brasil. E isso não tem a ver diretamente com o custo. Enquanto se paga entre R$ 350 e R$ 400 para cremar um corpo, o enterro mais simples custo no mínimo R$ 2 mil. É uma questão cultural”, avalia Lezíro. (Fonte:Camila Maciel/ Agência Brasil)

Húmus pode ser uma alternativa para tratar solo contaminado por cromo, cobre e chumbo


Aplicação de vermicomposto reteve 100% do cobre, do cromo e do chumbo presentes em solos arenosos e argilosos


No Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, uma pesquisa realizada pelo químico Leandro Antunes Mendes mostrou que a vermicompostagem é eficaz para remediar solos contaminados por cromo, cobre e chumbo. A vermicompostagem é o processo realizado a partir da decomposição de resíduos orgânicos por minhocas, o que dá origem ao vermicomposto (ou húmus), material comumente utilizado como fertilizante.

O trabalho foi realizado para a dissertação de mestrado Utilização de vermicomposto com vistas à remediação de solos contaminados com cromo, cobre e chumbo, apresentada em 11 de outubro no IQSC. “A adição de 2,5 gramas de vermicomposto em 7,5 gramas de solo foi capaz de reter 100% das espécies metálicas, tanto no solo arenoso como no argiloso, comprovando que o vermicomposto também é eficaz como descontaminante”, diz o pesquisador, que teve a orientação da professora Maria Olimpia de Oliveira Rezende, do Laboratório de Química Ambiental.

Mendes ressalta que os testes foram realizados em laboratório e tiveram o objetivo de testar a eficácia da técnica, e não sua aplicação. O químico lembra que, atualmente, existe uma busca por soluções tecnológicas verdes, que não afetem o meio ambiente, e solos contaminados por metais costumam ser tratados com solventes, material poluente. “Já sabíamos que o vermicomposto apresenta a propriedade de reter metais, então decidimos testar a técnica”, explica.

Os testes mostraram também outra vantagem: com o uso da vermicompostagem, os metais não ficam disponíveis no meio ambiente e não ocorre a lixiviação, processo em que a chuva carrega as substâncias para o lençol freático.

Testes
O pesquisador trabalhou com dois tipos de solo: arenoso e argiloso. O uso de cromo foi escolhido por se tratar de um produto muito utilizado em curtumes. Já o cobre e o chumbo, apesar de serem contaminantes, também são essenciais para as plantas, mas em pequenas quantidades.

Os solos utilizados para o estudo (arenoso e argiloso) foram retirados do campus II da USP, em São Carlos, em uma área livre de contaminação. Os testes foram realizados no Laboratório de Química Ambiental do IQSC, coordenado pela professora Maria Olimpia de Oliveira Rezende.

No Laboratório, o pesquisador lixiviou uma solução contendo os metais nos dois tipos de solo. A vermicompostagem usada foi comercial, comprada de uma empresa privada. Apesar de naturalmente o solo argiloso apresentar uma maior capacidade de retenção (quando comparado ao solo arenoso), a proporção de vermicomposto usada foi eficaz para remediar os dois solos, retendo 100% dos metais.

“A partir dos resultados obtidos, podemos sugerir que sejam realizados outros estudos em áreas maiores, bem como pesquisas ligadas a fitotoxicidade, para analisar se os metais chegam a atingir a parte aérea da planta”, sugere. Outra sugestão é verificar se a adição de uma proporção menor de vermicomposto também irá levar a 100% de retenção de metais.

Imagem: Wikimedia

Mais informações: email lmendes7@hotmail.com, com o pesquisador Leandro Antunes Mendes

Matéria de Valéria Dias, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 05/11/2012