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terça-feira, 31 de maio de 2011

Energia eólica ganha impulso e reforça matriz renovável no País
Setor registrou crescimento nos últimos dois anos e necessita de profissionais capacitados para atuar na área.
O Brasil aposta no potencial dos seus ventos para ampliar o leque de opções e garantir a sustentabilidade no fornecimento de energia. O investimento em energia eólica ganhou força nos últimos dois anos. Atualmente, a energia eólica no Brasil possui aproximadamente 1,1 GW (gigawatt) de potência instalada, o equivalente a quase uma usina nuclear brasileira (Angra 1 tem 0,65 GW e Angra 2 tem potência de 1,35 GW).
Antigamente, os famosos moinhos captavam o vento para moer grãos, por exemplo. Agora eles receberam uma nova tarefa: produzir energia elétrica. O mecanismo funciona geralmente por intermédio de um dispositivo que transforma a energia dos ventos em energia elétrica e mecânica.
O coordenador de Tecnologia e Inovação em Energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Eduardo Soriano, lembra que a primeira turbina foi instalada na Dinamarca (Europa), em 1976, para geração de energia elétrica conectada à rede. “Hoje existem mais de 30 mil turbinas eólicas no mundo. Elas também começaram a crescer em tamanho. Antes elas cabiam numa sala, por exemplo, hoje os postes que seguram as turbinas podem ter até 120 metros de altura”, observa.
Apesar do crescimento recente, utilizar o potencial dos ventos ainda é novidade no País. O primeiro leilão de comercialização de energia, voltado exclusivamente para fonte eólica, foi realizado em 2009. O resultado foi a contratação de 1,8 Gigawatt (GW), distribuídos em 71 empreendimentos de geração eólica em cinco estados das regiões Nordeste e Sul. Já no leilão de 2010, foram contratadas mais 70 usinas eólicas, com potência total de 2 GW, também distribuídos em vários estados.
Vantagens – Um dos motivos que estimulam o investimento em energia eólica no país é o preço competitivo no mercado em relação às outras energias. Eduardo Soriano avalia a trajetória de queda do valor atribuído à energia nos últimos anos. Segundo ele, as primeiras instalações tinham preços cerca de duas a três vezes maiores na comparação com o custo atual.
“Nos últimos anos, houve leilões específicos para energia eólica. Os primeiros preços beiravam R$ 300,00/megawatts hora. No leilão de 2009 foi em torno R$ 148,00 e no leilão 2010 foi de R$ 130,00. Então se pode ver que houve uma redução de preços da energia eólica no Brasil e ela está entrando de uma forma muito competitiva”, informa o especialista em energia do MCT.
Outro ponto favorável à energia eólica é a necessidade em se compor matrizes energéticas mais limpas, renováveis e menos poluentes. O Brasil já é um dos países que têm mais energias renováveis na sua matriz energética. Em torno de 45% da energia produzida no Brasil vêm de fonte renovável, sendo 90% na geração de energia elétrica.
A energia eólica contribui para a manutenção dos altos índices de energias renováveis da matriz energética brasileira, mas na avaliação de Soriano, ela não pode ser encarada com uma solução definitiva e o Brasil não pode desprezar outras opções. Ele alerta que é fundamental para um país não depender de só uma fonte de energia.
“Tem que diversificar as fontes. Vamos supor que o vento pare. Não vai ter energia?”, indaga. “Então é preciso ter uma diversificação, um pouco de energia eólica, hidráulica, termonuclear, termelétrica, carvão e óleo. É preciso ter as várias fontes funcionando em conjunto para que se possa ter uma segurança energética”, sustenta.
Por conta da instabilidade dos ventos, a energia eólica compõe o sistema brasileiro de distribuição de energia e não chega a atender uma cidade específica. É conectada às várias linhas de distribuição de energia espalhadas pelas diversas regiões brasileiras.
Além da região Nordeste, os ventos do Sul do País e também do Rio de Janeiro concentram os ventos com potencial para a geração de energia, especialmente, na faixa do litoral. Ao contrário de locais como a Dinamarca, que possui usinas eólicas no mar, no Brasil elas estão instaladas em terra.
Investimento – O investimento governamental também incentiva o crescimento do setor. As primeiras instalações surgiram a partir de um programa do Ministério de Minas e Energia, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que subsidiou a energia eólica no Brasil, além de outras alternativas como a geração a partir da bioenergia e a energia hidráulica de pequeno porte.
Desde 2002, o MCT investe recursos em pesquisa, principalmente na produção de peças, parques e sistemas para geradores eólicos, tais como: conversores, elementos mecânicos de torres, sistemas de controle, aerogeradores de pequeno porte, pás etc.
Em 2009 e 2010, o ministério implementou editais de subvenção econômica com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), direcionado para empresas, nos quais foram aprovados 14 projetos envolvendo recursos da ordem de R$ 25 milhões (incluindo as contrapartidas empresariais).
Tais investimentos, aliados aos incentivos governamentais para a implantação da energia eólica na matriz energética, têm alavancado no Brasil o mercado de peças e partes, o que está contribuindo com o aumento dos índices de nacionalização dos aerogeradores que estão sendo produzidos no País por diversas empresas. Alguns itens como pás, estão sendo exportados para diversos países do mundo.
Agora o grande desafio a ser superado é a falta de mão de obra especializada e de laboratórios capacitados. Para isso, o MCT deve lançar, ainda neste ano, um edital, no valor em torno de R$ 15 milhões, para formar recursos humanos de alto nível (pós-graduação, mestrado e doutorado) e criar laboratórios nos diversos estados, com prioridade para os locais com projetos em energia eólica.
A carência de profissionais na área de energia é uma situação preocupante na avaliação de Eduardo Soriano. De acordo com ele, está faltando engenheiros e técnicos no mundo inteiro na área de projetos, de implantação e de operação de energia eólica. O que representa uma deficiência que precisa ser suprida para dar suporte a esse crescimento da energia eólica.
“Para ser competitivo, não basta ter só ventos, equipamentos e uma política de implantação de energia eólica. Precisamos ter também recursos humanos e laboratórios pra dar suporte a esse crescimento da energia eólica no Brasil”, reforça Soriano.
Fonte: MCT
EcoDebate, 31/05/2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Código Florestal como foi aprovado na Câmara poderá agravar mudanças climáticas, alertam cientistas do IPCC

Quatro dos cientistas brasileiros que fazem parte do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), alertaram para o possível agravamento sobre o clima com a entrada em vigência da atual versão do Código Florestal aprovada pela Câmara. Segundo eles, o aumento da pressão sobre as áreas de florestas comprometerá os compromissos internacionais firmados em 2009 pelo Brasil na Conferência de Copenhague, de diminuir em até 38,9% a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia até 2020.
Os cientistas, que são ligados à Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), falaram sobre o assunto durante um seminário que abordou as conclusões de um relatório do IPCC sobre energias renováveis, realizado na última quinta-feira (26).
Para a cientista Suzana Kanh, as posições internacionais assumidas pelo país serão prejudicadas, se o Senado não mudar o texto do código aprovado pela Câmara ou se a presidenta da República, Dilma Rousseff, não apresentar vetos. “O impacto do código é muito grande, na medida em que o Brasil tem a maior parte do compromisso de redução de emissão ligada à diminuição do desmatamento. Qualquer ação que fragilize esse combate vai dificultar bastante o cumprimento das metas brasileiras”, afirmou.
A cientista alertou que haverá mudanças climáticas imediatas no Brasil e na América do Sul com o aumento da derrubada de florestas para abrir espaço à agricultura e à pecuária, como vem ocorrendo no Cerrado e na Amazônia. “Com o desmatamento, há o aumento da liberação de carbono para a atmosfera, afetando o microclima, influindo sobre o regime de chuvas e provocando a erosão do solo, prejudicando diretamente a população”.
O cientista Roberto Schaeffer, professor de planejamento energético da Coppe, disse que a entrada em vigor do Código Florestal, como aprovado pelos deputados, poderá prejudicar o investimento que o país faz em torno dos biocombustíveis, principalmente a cana, como fontes de energia limpa. “Hoje os biocombustíveis são entendidos como uma das alternativas para lidar como mudanças climáticas. No momento em que o Brasil flexibiliza as regras e perdoa desmatadores, isso gera desconfiança sobre a maneira como o biocombustível é produzido no país e se ele pode reduzir as emissões [de GEE] como a gente sempre falou”, disse.
O geógrafo Marcos Freitas, que também faz parte do IPCC, considerou que o debate em torno do código deveria ser mais focado no melhor aproveitamento do solo, principalmente na revitalização das áreas degradadas. “O Brasil tem 700 mil quilômetros quadrados de terra que já foi desmatada na Amazônia, e pelo menos dois terços é degradada. Se o código se concentrasse nessa terra já seria um ganho, pois evitaria que se desmatasse o restante. A área de floresta em pé é a que preocupa mais. Pois a tendência, na Amazônia, é a expansão da pecuária com baixa rentabilidade”, afirmou.
Para ele, haverá impactos no clima da região e do país, se houver aumento na devastação da floresta decorrente do novo código. “Isso é preocupante, porque a maior emissão [de GEE] histórica do Brasil, em nível global, tem sido o uso do solo da Amazônia, que responde por cerca de 80% de nossas emissões. Nas últimas conferências [climáticas], nós saímos bem na foto, apresentando cenários favoráveis à redução no desmatamento na região. Agora há uma preocupação de que a gente volte a níveis superiores a 10 mil quilômetros quadrados por ano”.
A possibilidade de um retrocesso ambiental, se mantida a decisão da Câmara sobre o código, também foi apontada pelo engenheiro Segen Estefen, especialista em impactos sobre os oceanos. “Foi decepcionante o comportamento do Congresso, uma anistia para quem desmatou. E isso é impunidade. Uma péssima sinalização dos deputados sobre a seriedade na preservação ambiental. Preponderou a visão daqueles que têm interesse no desmatamento. Isso sempre é muito ruim para a imagem do Brasil”, disse.
O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli, enviou uma carta à presidenta Dilma, sugerindo que ela vete parte do código, se não houver mudanças positivas no Senado. Secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Pinguelli alertou para a dificuldade do país cumprir as metas internacionais, se não houver um freio à devastação ambiental.
“O problema é o aumento do desmatamento em alguns estados, isso é um mau sinal. Com a aprovação do código, poderemos estar favorecendo essa situação. Seria possível negociar, beneficiando os pequenos agricultores. Mas o que passou é muito ruim”, afirmou Pinguelli, que mantém a esperança de que o Senado discuta com mais profundidade a matéria, podendo melhorar o que foi aprovado na Câmara. (Fonte: Vladimir Platonow/ Agência Brasil)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Antropoceno. Será o início de uma nova era geológica? artigo de Fernando Reinach
Em 1885, durante o Congresso Geológico Internacional de Bolonha, na Itália, um grupo de cientistas decidiu que a era geológica em que vivemos seria denominada Holoceno. Há duas semanas, em Londres, um grupo semelhante se reuniu na Geological Society para discutir se não seria o caso de declarar o fim do Holoceno e o início de uma nova era geológica, o Antropoceno.
Essa discussão não passaria de uma quirela semântica, não fosse a definição de Antropoceno: a era em que a força das atividades humanas se sobrepõe às grandes forças da natureza. O novo nome seria o reconhecimento de que esse momento chegou.
As eras geológicas são demarcadas pelos eventos que deixaram cicatrizes no planeta. O Holoceno inicia quando acaba o último período glacial, há 12 mil anos, quando o gelo deixa de cobrir parte da Europa, os oceanos sobem 35 metros e a Inglaterra se torna uma ilha. O Jurássico se inicia quando os dinossauros sofrem sua grande extinção, provavelmente causada pelo impacto de um meteoro, há 200 milhões de anos. O Cambriano é demarcado pelo surgimento dos primeiros organismos multicelulares, há 542 milhões de anos. A primeira era, Hadeana, inicia-se com o surgimento da Lua, há 3,6 bilhões de anos.
Eventos que mudaram o curso da história da Terra. A atividade humana e seu efeito justificam uma nova era geológica? Sabemos o suficiente sobre nosso impacto para declarar o início do Antropoceno? Esses temas foram discutidos em Londres.
Em 2002, Paul Crutzen, ganhador do Nobel de Química pela descoberta do mecanismo da destruição da camada de ozona, propôs que estávamos no início do Antropoceno. Nos últimos anos, a ideia ganhou força.
Quando descobrimos o uso do fogo, conquistamos uma vantagem sobre as outras espécies, que se consolidou com a agricultura, que possibilitou o surgimento das cidades e liberou tempo para o aprimoramento das artes e da tecnologia. Desde então, o Homo sapiens tem modificado o planeta. Desmatamos, domesticamos e extinguimos animais, pintamos e bordamos nos territórios conquistados.
Até recentemente, essas atividades eram localizadas, afetando uma superfície pequena. Incapazes de mudar perceptivelmente o sistema de forças físicas e biológicas, como os fluxos atmosféricos, os movimentos tectônicos, a circulação dos oceanos e a dispersão de novas espécies, que determinam o macroambiente no planeta.
Assim como as populações indígenas da Amazônia, que desmatam pequenas áreas, fazem roças, pescam e caçam, mas não afetam o equilíbrio da floresta, os cientistas creem que a atividade humana até a Revolução Industrial tampouco teria afetado o destino do planeta. Mas será que a aceleração dessas atividades desde o início do uso do carvão e do petróleo impactam o planeta de maneira semelhante ao surgimento dos organismos multicelulares, o desaparecimento dos dinossauros ou o fim da última época glacial?
Se a resposta for sim, estamos no Antropoceno; se não, continuamos no Holoceno. Entrar no Antropoceno significa retirar o poder de definir o futuro do planeta da mão das forças da natureza e colocar esse poder nas mãos da nossa espécie.
Os defensores do Antropoceno argumentam que a queima de combustíveis fósseis e o aumento do gás carbônico modificam a dinâmica da atmosfera. A produção e uso de fertilizantes nitrogenados e a contaminação de mares e rios alteram o equilíbrio dos ambientes marinhos. O uso intensivo de água doce altera o equilíbrio hídrico. A redução da biodiversidade altera o balanço de forças da seleção natural. Eles creem que temos o planeta em nossas mãos.
Quem acha que é cedo para declarar o início do Antropoceno argumenta que, apesar de esses processos existirem e terem grande impacto, ainda representam forças muito menores que as que governam o ambiente planetário. Bastariam alguns terremotos ou outros eventos não controlados (um novo asteroide) para mostrar nossa insignificância. Declarar o início do Antropoceno seria o ato último da arrogância humana. Acreditam que somos comandados pelas forças da natureza.
É o início de uma discussão que levará anos, mas cujo resultado moldará a percepção do papel que nossas ações desempenham. Vale a pena acompanhar esse debate.
Fernando Reinach é Biólogo
MAIS INFORMAÇÕES: THE ANTHROPOCENE: ARE HUMANS NOW OVERWHELMING THE GREAT FORCES OF NATURE? AMBIO, VOL. 36, PÁG. 614, 2007
Artigo originalmente publicado em O Estado de S.Paulo

Estrela com três milhões de vezes o brilho do Sol é encontrada

Uma estrela com 3 milhões de vezes o brilho do Sol foi encontrada pelo Very Large Telescope (Telescópio Muito Grande, em inglês), um equipamento do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês). A imagem do astro foi divulgada nesta quarta-feira (25).
Os astrônomos estimam que a estrela – chamada VFTS 682 – teria 150 vezes a massa do Sol e uma temperatura de 50 mil graus Celsius. Segundo os especialistas do ESO, o astro chama a atenção por se encontrar relativamente “isolado” no céu. Normalmente, estrelas com essas características são achadas em aglomerados estelares.
A estrela fica dentro de uma galáxia satélite à Via Lactea chamada Grande Nuvem de Magalhães. Ela é visível a olho nu nos países do hemisfério sul como uma pequena mancha no céu, próxima à Pequena Nuvem de Magalhães, outro conjunto de estrelas a rodar em torno da nossa galáxia.
O VLT está localizado no Chile, em uma das regiões com as melhores condições para observação em todo o planeta. (Fonte: G1)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Aprovação de Código Florestal foi precipitada, dizem cientistas

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e ABC (Academia Brasileira de Ciências) divulgaram juntas uma nota nesta quarta-feira (25) que critica a aprovação do Código Florestal pela Câmara dos Deputados.
“A SBPC e a ABC consideram precipitada a decisão tomada na Câmara dos Deputados, pois não levou em consideração aspectos científicos e tecnológicos na construção de um instrumento legal para o país considerando a sua variabilidade ambiental por bioma”, ressaltou o documento.
Nele, os presidentes das duas entidades ressaltaram que nunca houve convite oficial do Congresso para que a ABC e a SBPC participassem das discussões sobre o substitutivo da lei florestal.
As entidades criaram um grupo de trabalho composto por cientistas das diferentes áreas e, em fevereiro, divulgaram um relatório afirmando que as APPs (áreas de preservação permanente), como matas em margens de rio, não poderiam ser alteradas – como prevê o texto-base aprovado na madrugada desta quarta-feira.
Nesta semana, os dois órgãos solicitaram ao governo mais dois anos para construção de um código com base científica e tecnológica. (Fonte: Sabine Righetti/ Folha.com)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Câmara aprova o projeto do Código Florestal. Governo vai tentar modificar o texto no Senado
A Câmara dos Deputados acaba de aprovar por 410 votos a favor, 63 contrários e 1 abstenção o novo Código Florestal. Ainda devem ser votados alguns destaques que pretendem alterar o texto do relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Apenas o P-SOL e o PV recomendaram voto contrário à matéria.
Aprovado o texto-base, os deputados rejeitaram, de uma só vez, os destaques apresentados pelos deputados que pretendiam alterar parte do relatório de Aldo Rebelo. Os destaques, propostos principalmente por deputados do PV, que tentavam suprimir partes do parecer, receberam do relator parecer pela rejeição.
Em seguida foi iniciado o debate da emenda proposta pelo PMDB, de autoria do deputado Paulo Piau (PMDB-MG). Destacada pelo PMDB, ou seja, para ser votada nominalmente, o dispositivo dá aos estados e ao Distrito Federal (DF), assim como a União, o poder de legislar sobre a política ambiental.
Esse ponto é considerado um dos mais polêmicos e altera o Artigo 8º do texto de Aldo Rebelo. O líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), anunciou que, caso ele seja aprovado e não for retirado no Senado, a presidenta Dilma Rousseff irá vetá-lo.
O destaque foi defendido com veemência pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele afirmou que a aprovação do destaque não significa derrotar o governo, mas será uma vitória da agricultura e da produção brasileira.
Vaccarezza rebateu dizendo que a própria presidenta Dilma teria dito que a emenda é “uma vergonha para o Brasil”. “A emenda muda a essência do texto do deputado Aldo Rebelo”, disse.
Governo vai tentar modificar Código Florestal no Senado
Mesmo antes da aprovação, na noite de ontem (24), o projeto do Código Florestal pela Câmara dos Deputados, o governo avisou que vai trabalhar no Senado para promover modificações no texto apresentado pelo relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O governo não concorda com alguns dispositivos contidos no substitutivo aprovado pelos deputados.
Caso os senadores promovam as mudanças no texto aprovado pelos deputados, nova batalha será travada na Câmara, porque o projeto retorna à Casa e nova votação terá que ser feita pelos deputados. Só depois da última aprovação é que o texto seguirá à sanção presidencial. A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, poderá vetar algum dispositivo do código ou sancioná-lo por inteiro.
“O governo não admitirá nenhuma emenda ou artigo que transfira para os estados a legislação ambiental, que anistie desmatadores, que consolide o que já foi desmatado. Nossa posição é clara. Nós vamos legalizar o que existe e o que pode ser legalizável da agricultura, e vamos proteger o meio ambiente. Somos contra qualquer política que não coíba os desmatamentos”, disse o líder governista, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O líder afirmou ainda que o governo tem divergência em relação a alguns pontos do texto aprovado pelos deputados. Além disso, pretende proteger os pequenos produtores que têm propriedades até quatro módulos fiscais às margens dos rios para evitar que essas propriedades sejam comprometidas com reflorestamentos. “Queremos estabelecer punição maior para quem reincidir em desrespeito ao meio ambiente. E vamos encaminhar para a pequena agricultura uma política que não comprometa 100% das propriedades”.
O projeto do Código Florestal tramita na Câmara desde 1999. Há quase dois anos, o então presidente da Casa e hoje vice-presidente da República, Michel Temer, criou uma comissão especial para analisar todas as matérias relativas ao código. Nesse período, a comissão realizou quase 100 audiências públicas e ouviu praticamente todos os setores envolvidos na questão.
No final do ano passado, a comissão especial aprovou o parecer apresentado pelo relator Aldo Rebelo. De lá para cá, várias negociações foram feitas envolvendo governo, ruralistas, ambientalistas, comunidade científica, entre outros. Nessas negociações, Rebelo promoveu mudanças em seu parecer e apresentou uma emenda substitutiva global, que foi aprovada hoje pelos deputados.
Mesmo com os avanços conseguidos com as negociações, o texto foi alvo de muitas críticas por parte de ambientalistas, integrantes do PV , P-SOL e da própria base do governo. O líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), disse reconhecer os avanços, mas criticou pontos do novo relatório. “O texto é mais equilibrado, mas ainda tem equívocos que temos de modificar”.
O Projeto de Lei 1.876/99, do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara, altera a lei ambiental que estava em vigor desde 1965. Na atual legislação ambiental está prevista a obrigação de reserva legal em todas as propriedades rurais. O percentual de preservação varia de acordo com o bioma: é 80%, na Amazônia, 35%, no Cerrado, e 20% nas outras regiões.
Pelo texto aprovado hoje, por exemplo, as propriedades até quatro módulos fiscais (medida que varia de 20 hectares a 400 hectares) não serão obrigadas a recompor a área de reserva legal desmatada. Para esses casos, não haverá obrigatoriedade de percentual mínimo de preservação, será válida para o cálculo qualquer quantidade de vegetação nativa existente até julho de 2008.
Reportagens de Iolando Lourenço, Ivan Richard e Danilo Macedo, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 25/05/2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Fotossíntese artificial: Folhas artificiais podem ajudar a gerar energia para o mundo
Apenas Deus pode fazer uma árvore, diz o poema. Mas os cientistas estão trabalhando na criação de folhas artificiais capazes de produzir combustíveis diretamente a partir da luz solar, água e dióxido de carbono, da mesma forma que as folhas de verdade fazem. Algum dia as novas folhas poderiam ajudar as pessoas a aquecerem seus lares e abastecer seus carros.
“Se a natureza é capaz, nós também somos”, disse Gary Brudvig, um professor de química de Yale que estuda a fotossíntese, o processo pelo qual as plantas convertem e armazenam energia do sol. “Nós queremos usar os princípios da natureza para projetar uma folha artificial”, ele disse, acrescentando que grupos de pesquisa de várias partes do mundo estão trabalhando na ideia. Reportagem de Anne Eisenberg, The New York Times.
As folhas artificiais não farfalharão suavemente em uma brisa de verão, nem mudarão de verde para vermelho e cairão no solo no outono. Em vez disso, elas provavelmente serão películas finas de plástico contendo materiais que absorvem luz, ou mantas, de materiais como plástico-bolha, abertas sobre um campo, absorvendo a luz do sol e o vapor de água e então emitindo, por exemplo, hidrogênio ou metanol.
“Folhas artificiais são inspiradas nas folhas, mas não se parecem com elas”, disse Nathan S. Lewis, um professor de química do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena. Ele é o principal pesquisador de um projeto de cinco anos de fotossíntese artificial, que recebeu uma verba de até US$ 122 milhões do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
“Nós lideraremos um esforço nacional e internacional para produção de combustíveis diretamente a partir da luz solar”, disse Lewis, cujo Centro Conjunto para Fotossíntese Artificial [Joint Center for Artificial Photosynthesis http://solarfuelshub.org/ ] é um dos três Centros de Inovações em Energia criados pelo Departamento de Energia.
O centro está atualmente contratando químicos, engenheiros de software, teóricos e outros para trabalhar tanto no desenvolvimento de fotossíntese artificial quanto em protótipos que realizem a conversão e armazenamento, disse Lewis.
As folhas artificiais não são novidade nos laboratórios, disse Brudvig, de Yale, mas elas são caras demais, frágeis demais ou ineficientes demais para competir comercialmente com os sistemas de combustíveis fósseis.
Lewis concorda. “Por exemplo, um sistema pode ser barato e eficiente, mas não é duradouro”, ele disse. Nos próximos cinco anos, entretanto, ele e seu grupo construirão protótipos projetados para superar esses problemas. “Nós reuniremos os melhores esforços de todo o mundo”, ele disse, “e empregá-los em um sistema capaz de absorver a luz solar na energia certa para produção de combustível”.
Um criador das folhas artificiais, Daniel Nocera, um professor Henry Dreyfus de energia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, quer começar as colocando nos telhados das casas nos países em desenvolvimento. Ele demonstrou a mais recente versão de sua folha artificial em um encontro nacional da Sociedade Americana de Química, em março.
A demonstração está detalhada em dois artigos que estão prestes a ser publicados, ele disse –um na “Proceedings of the National Academy of Sciences”– e outro artigo no qual ele ainda está trabalhando. “Nossa meta é transformar cada casa em sua própria usina de força”, ele disse.
A folha é feita de materiais baratos e funciona com água comum, ele disse. Para a demonstração, ele usou um pedaço fino de silicone do tamanho de uma carta de baralho. O silicone foi coberto com catalisadores criados por ele e seu grupo, que aceleram a quebra da água em hidrogênio e oxigênio.
“Em um lado do silicone, o hidrogênio começa a borbulhar, e o oxigênio começa a borbulhar do outro lado”, disse Nocera.
Os catalisadores são colocados diretamente no silicone, de modo que não há necessidade de redes extensas, como nas células fotovoltaicas padrão, para conversão da luz solar em corrente e decomposição da água em hidrogênio e oxigênio. Também não é necessária nenhuma membrana extensa. Ele planeja coletar e usar o hidrogênio como combustível.
Seu sistema é projetado não para um uso relativamente alto de energia de um lar típico americano, mas para lares com necessidades mais modestas. Uma das vantagens é que a água que é dividida em hidrogênio e oxigênio não precisa ser pura –Nocera às vezes usa água comum do Rio Charles, em Cambridge, Massachusetts, para suas demonstrações. Normalmente na eletrólise, os micro-organismos na água, por exemplo, precisariam ser removidos para evitar reações concorrentes, disse Daniel R. Gamelin, um professor de química da Universidade de Washington, em Seattle, que também trabalha na fotossíntese artificial.
Outra vantagem do sistema de Nocera, disse Gamelin, é que o hidrogênio não precisa ser entregue nos lares das pessoas, mas poderia ser criado no local. “A tecnologia é importante”, ele disse, “porque as pessoas nos países de terceiro mundo poderiam gerar o hidrogênio no local em que desejam usá-lo”.
Em 2008, Nocera formou uma empresa, a Sun Catalytix, em Cambridge, Massachusetts, com financiamento do Tata Group, da Índia, e da Polaris Ventures Partners, entre outros. Ele disse que seus parceiros na empresa estão trabalhando no desenvolvimento comercial da tecnologia.
“Eles estão bem além da ciência e na área de engenharia e confiabilidade”, ele disse. “Eles estão construindo e avaliando protótipos para sistemas para os pobres.”
Harry B. Gray, o químico da Caltech em cujo laboratório tanto Nocera quanto Lewis já foram aprendizes, disse que aguarda ansiosamente pela publicação de Nocera que fornecerá informação detalhada sobre os catalisadores na folha de silicone.
“Nós precisamos de catalisadores robustos, feitos de materiais abundantes na terra, para nos ajudar a atingir a meta de sistemas com escalabilidade para produção de combustíveis solares”, ele disse.
Esses sistemas poderiam ser transformadores, disse Brudvig, de Yale.
“Nós não temos um sistema no momento que possa ser usado comercialmente para fotossíntese e que possa competir com os combustíveis fósseis”, ele disse. “Mas o desenvolvimento de um é de importância central se quisermos passar de uma economia de energia baseada em combustíveis fósseis para uma economia de energia renovável.”
Tradução: George El Khouri Andolfato
EcoDebate, 24/05/2011

Sucesso da civilização inca se deve a dejetos de lhamas

Machu Picchu, a famosa cidade inca nos Andes peruanos, celebrará em julho o centenário de sua “descoberta” pelo mundo exterior, em um evento imponente, mas há indicativos de que as origens do local tenham sido menos glamourosas.
Segundo pesquisa publicada no periódico Antiquity, especializado em arqueologia, a civilização inca pode ter crescido e evoluído graças aos dejetos das lhamas.
Foi a transição da caça e coleta à agricultura, 2,7 mil anos atrás, que permitiu aos incas se acomodar e prosperar na área de Cuzco onde fica Machu Picchu, diz o autor do estudo, Alex Chepstow-Lusty.
O pesquisador do Instituto Francês de Estudos dos Andes em Lima afirma que o desenvolvimento da agricultura e o plantio de milho é um fator crucial para o crescimento de civilizações. “Cereal faz as civilizações”, diz.
Chepstow-Lusty passou anos analisando os depósitos orgânicos na lama de um pequeno lago chamado Marcaccocha, que fica localizada entre uma selva e Machu Picchu.
Sua equipe encontrou uma correlação entre as primeiras aparições de colheitas de milho entre 7000 a.C. – o que mostra a primeira vez que o cereal teria sido plantado naquela altitude – e um aumento vertiginoso no número de parasitas que se alimentam de excrementos animais.
Os pesquisadores concluíram que a transição ampla à agricultura só foi possível com um ingrediente extra: fertilizantes orgânicos usados em grande escala.
Em outras palavras, muitos dejetos de lhamas.
Legado – As lhamas eram e ainda são comumente usadas nos Andes peruanos para carregar produtos e prover carne e lã.
O lago Marcaccocha se localiza próximo a uma antiga rota de comércio, e lhamas que transportavam bens entre a selva e as montanhas costumavam parar ali para beber água e “fazer suas necessidades”.
“Isso proveu fertilizantes, facilmente coletados – como ocorre hoje – pela população local para as plantações ao redor”, afirma Chepstow-Lusty.
À medida que os incas adotaram o milho – rico em calorias – em sua alimentação, sua sociedade se desenvolveu na região de Cuzco.
Cerca de 1,8 mil anos desde o início da transição para a agricultura, uma onda prolongada de clima cálido permitiu que os incas realmente prosperassem e construíssem grandes assentamentos de pedra, como Machu Picchu e Ollaytaytambo.
Faz muito tempo que a civilização acabou, destruída por conquistadores espanhóis nos anos 1500. Mas seus descendentes, os quéchuas, ainda usam os dejetos de lhama como fertilizantes e como combustível para aquecimento.
“O vale está repleto de indígenas que seguem esse estilo de vida de 2 mil anos”, relata Chepstow-Lusty.
Quando os convidados chegarem a Machu Picchu para celebrar os cem anos desde que o explorador Hiram Bingham mostrou ao mundo a existência do local, talvez eles possam agradecer à humilde lhama ao vislumbrar as construções. (Fonte: Portal iG)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cinzas de vulcão podem chegar à Escócia, França e Espanha, diz órgão

A nuvem de cinzas provocada pela erupção do vulcão islandês Grimsvotn pode alcançar o norte da Escócia na terça-feira e pode chegar ao oeste da França e ao norte da Espanha na quinta-feira, se as emissões continuarem com a mesma intensidade, informou neste domingo (21) o Eurocontrol, organismo europeu de controle aéreo, em sua página do Twitter.
“Prevemos que a nuvem de cinzas alcançará o norte da Escócia na terça-feira, 24 de maio”, afirmou. “Se as erupções vulcânicas continuarem com a mesma intensidade, a nuvem pode alcançar o oeste do espaço aéreo francês e o norte da Espanha na quinta-feira, 26 de maio”.
O Eurocontrol afirma que não está previsto nenhum fechamento de espaços aéreo neste domingo nem na segunda-feira na Europa, com exceção da Islândia.
O alerta é baseado nas mais recentes previsões meteorológicas para cinco dias, mas está sendo tratado com cautela por causa das incertezas sobre a forma como o vulcão irá se comportar e interagir com o clima.
Os aeroportos islandeses foram fechados no domingo devido ao temor de que as cinzas do vulcão Grimsvotn, que entrou em erupção no sábado, pudessem ameaçar a segurança dos passageiros.
Com os ventos atualmente soprando as cinzas para o norte, as autoridades disseram que havia pouco risco de qualquer interrupção no espaço aéreo europeu ou transatlântico durante as próximas 24 horas.
Neste domingo, as autoridades da Islândia decidiram suspender os voos no país. O vulcão lançou uma coluna de fumaça a 20 km de altitude.
No ano passado, outro vulcão islandês, o Eyjafjallajokull, praticamente parou a Europa, quando autoridades decidiram suspender o tráfego aéreo temendo que as finas partículas vulcânicas pudessem provocar panes nos motores de aeronaves. (Fonte: G1)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ministra anuncia entrada do Exército na operação contra desmatamento

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou nesta quinta-feira (19) que o Exército entrará na operação de fiscalização contra o desmatamento.
A decisão foi anunciada depois da primeira reunião do “gabinete de crise”, criado em razão do aumento registrado na taxa de desmatamento em março e abril em Mato Grosso. Em março e abril, o estado teve 80% do total da devastação detectada na Amazônia Legal, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Participaram da reunião os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, da Defesa, Nelson Jobim, e da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Segundo a ministra, ainda participarão do esforço extra a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional e agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de outros estados, como Rio Grande do Sul, Paraná, e Rio de Janeiro. “Os agentes do instituto ficarão, direto, 60 dias em campo, para analisar o que aconteceu”, declarou Izabella.
A ministra não deu detalhes da atuação de cada órgão na fiscalização. “São ações de inteligência. Então, não posso adiantar detalhes. Mas os resultados falarão por si”, prometeu.
Segundo Izabella, a determinação para se colocar um freio no desmatamento partiu da própria presidente Dilma Roussef, e é uma posição de Estado. “Com todos os incentivos que são dados, e avanços técnicos, é inadmissível que isso aconteça”, vaticinou.
A ministra também condenou o uso do mecanismo chamado como “correntão” para o desmate, que é irregular. “Ainda não temos um quadro de como aconteceu esse desmatamento. Sabemos que 62% dos municípios do Mato Grosso, e que a região atingida é concentrada”, declarou.
Izabella Teixeira afirmou ainda que mais nove munícipios da Amazônia deverão ser incluídos na lista de maiores desmatadores, o que inviabiliza novas licenças de desmatamento. Hoje são 22.
Ibama – A ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, defendeu a atuação do Ibama, criticada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). “Não tomei conhecimento da crítica, mas os números estão aí para comprovar a eficiência do órgão. O desmatamento caiu de 24 mil km² em 2004 para 6 mil km² em 2010″, destacou.
Izabela ainda afirmou ter absoluta confiança no instituto. ” O Ibama sempre esteve à frente das operações de controle e é a estrutura desse combate”, afirmou. Rebelo é o relator do novo texto do Código Florestal, que faz concessões e dá anistia a quem desmatou até 2008. (Fonte: Tiago Falqueiro/ G1)

Relator do Código Florestal critica Ibama por desmate na Amazônia

Um dia após o governo anunciar aumento no desmatamento da Amazônia, o relator da reforma do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), negou nesta quinta-feira (19) que a proposta tenha sido uma das causas desse fenômeno.
Rebelo rebateu as críticas de ambientalistas e responsabilizou a “ineficácia” do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) como o principal motivo pelo desmate.
Dados divulgados pelo governo indicam um aumento de ao menos 27% no desmatamento acumulado na Amazônia entre agosto de 2010 e abril de 2011, em comparação com o mesmo período do ano passado.
O sistema de monitoramento por satélite Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), conseguiu detectar também um crescimento anormal da derrubada da floresta nos últimos dois meses, quando a discussão sobre reformas no Código Florestal esquentou.
“Uma causa fundamental é a falta de fiscalização. A ineficácia de quem deveria fiscalizar e não consegue. Essa é uma causa evidente. Eu espero que o Ibama se torne uma burocracia mais eficaz para fiscalizar desmatamento ilegal que não tem conseguido. O contribuinte paga caro e eles não tem conseguido impedir”, disse Rebelo.
Mesmo sendo o período de chuvas na região, momento em que o desmate é mais trabalhoso e costuma cair, a destruição cresceu 473% em março e abril deste ano em relação a esses meses de 2010.
O relator subiu o tom do discurso contra as ONGs (organizações não governamentais) ambientalistas e disse “esperar” que a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) encontre uma explicação para mais desmatamento.
“Pode ser que tenha sido estimulado pelas ONGs que espalharam que o código estimularia o desmatamento. As mesmas ONGs com as quais fiz acordo para vedar na proposta qualquer tipo de novo desmatamento.”
Texto final - Rebelo saiu em defesa da emenda que líderes da base aliada e da oposição prometem apresentar para alterar em seu texto durante a votação na próxima terça-feira.
Segundo ele, a solução dos líderes, que não conta com aval do Palácio do Planalto, é positiva. Pela emenda, o uso das APPs (Áreas de Preservação Permanente) ficam liberadas.
Os governos federal e estadual terão prerrogativa de editarem cada um o seu PRA (Programa de Regularização Ambiental).
Para Rebelo, a ideia é que os Estados, que possuem maior contato com as realidades locais, também participem do sistema, permitindo que os casos sejam analisados individualmente, levando em consideração estudos socioambientais e econômicos.
O governo queria que as APPs fossem regulamentadas por decreto. “Qualquer área de APP pode ser recuperada se esses estudos determinarem que, para a preservação de solo e água dessas áreas, elas não podem ser ocupadas. Qualquer uma poderá ser desocupada pela União ou pelo governo estadual”, comentou.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), admitiu que, se o texto aprovado pelo Congresso não for perto do que o Planalto espera, a presidente Dilma Rousseff poderá vetar.
O relator reforçou que seu texto terá isenção de reserva legal para propriedade com até quatro módulos e que não será permitido o fracionamento de terra para que proprietários tentem se beneficiar da medida.
Rebelo reconheceu que antes de finalizar seu texto, lido na semana passada em plenário, retirou “pontos polêmicos” da Lei de Crimes Ambientais, como a proibição para que instituições financeiras repassem crédito para propriedades embargadas.
“Tiramos aquilo que dava polêmica porque era da Lei de Crimes Ambientais, mas há acordos do Banco do Brasil com o Ministério do Meio Ambiente vedando créditos para propriedades que sofrem embargo”. O ponto era uma sugestão do governo. (Fonte: Márcio Falcão/ Folha.com)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Estudo mostra que o Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos
O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, disse ela.
O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.
Aquífero ameaçado
O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.
A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.
Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”, explica.
Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero”, diz.
Captação
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano.
O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas.
Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total. Entretanto, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maior delas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore.
Reportagem do DCI, socializada pelo MST.
EcoDebate, 19/05/2011

Rio+20 é oportunidade para economia sustentável, diz primeiro-ministro da Suécia

O primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, afirmou nesta quarta-feira (18) que a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) Rio+20 será uma oportunidade para o crescimento da economia sustentável no mundo. A Rio+20 está marcada para junho de 2012, no Rio de Janeiro, e deve reunir líderes mundiais para debater o desenvolvimento sustentável.
“A Rio+20 será uma oportunidade para discutirmos a economia verde e a redução da pobreza”, afirmou Reinfeldt, em visita à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A passagem do primeiro-ministro pela Fiesp faz parte de sua primeira viagem oficial ao Brasil e à América Latina. Reinfeldt chegou na terça-feira (17) ao Brasil.
Durante seu discurso a empresários brasileiros e suecos, Reinfeldt reiterou o comprometimento de seu governo com a “economia verde”. Disse que o desenvolvimento sustentável é a única forma de garantir qualidade de vida para a população mundial no futuro.
Reinfeldt disse também que as mudanças necessárias para que a produção mundial seja mais sustentável não precisam reduzir o crescimento mundial. Pelo contrário, elas podem colaborar com a criação de mais empregos e para uma melhor distribuição de renda.
“A redução do impacto ambiental não significa a redução do crescimento”, afirmou o primeiro-ministro. “Isso pode gerar oportunidades de crescimento.”
A Suécia, segundo Reinfeldt, é um exemplo disso. Desde 1999, a economia do país cresceu 50%. Ao mesmo tempo, as emissões de carbono caíram 17% em seu território.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ratificou o exemplo sueco para o desenvolvimento sustentável e disse que o Brasil pode aprender muito com o país. Segundo ele, os dois países são parceiros de negócios a mais de cem anos. Podem ainda ampliar essa relação, principalmente, para trocar informações sobre a implementação da economia verde. (Fonte: Vinicius Konchinski/ Agência Brasil)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Apenas 8% dos municípios fazem a coleta seletiva de lixo

Diariamente o Brasil produz 150 mil toneladas de lixo, das quais 40% são despejadas em aterros a céu aberto. O destino adequado do lixo é um problema que afeta a maioria das cidades – apenas 8% dos 5.565 dos municípios adotam programas de coleta seletiva.
Os dados são de um estudo realizado pelo Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem e mantida por empresas privadas.
O Brasil tem hoje uma Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei Federal 12.305, de 2 de agosto de 2010, e regulamentada pelo Decreto Federal 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Considerada uma vitória do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, o projeto tramitou por 20 anos no Congresso Nacional.
“Nós entramos no circuito porque a primeira lei sequer citava os catadores”, explica Severino Lima Junior, da coordenação nacional do movimento. Segundo ele, a lei é uma das melhores da América Latina .”Hoje a gente tem dados mostrando que 90% do material reciclado passou pela mão de um catador, seja ele de cooperativa ou de rua e lixões.”
A coordenadora de Consumo Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fernanda Daltro, diz que a aprovação da lei foi o resultado de uma grande mobilização de todos os setores envolvidos: a sociedade, o setor produtivo, o governo e os catadores. “A demora da tramitação foi necessária para a adequação de todos os interesses destes setores, do próprio mercado, para atender as exigências, e dos governos, para entender a importância de uma política para os resíduos sólidos.”
A partir do segundo semestre de 2012 os brasileiros poderão ter regras fixas e determinadas pelo governo federal para o descarte adequado de produtos como eletroeletrônicos, remédios, embalagens, resíduos e embalagens de óleos lubrificantes e lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista .
Pela lei, os governos municipais e estaduais têm dois anos de prazo para a elaboração de um plano de resíduos sólidos. (Fonte: Ana Lúcia Caldas/ Radiobrás)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado

Cerca de um terço dos alimentos produzidos por ano no mundo é desperdiçado, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira (11) pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO).
Segundo o estudo, que foi elaborado entre agosto de 2010 e janeiro deste ano pelo instituto sueco SIK, 1,3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçados por ano. A quantidade equivale a mais da metade de toda a colheita de grãos no mundo.
O estudo afirma que o mundo emergente e os países desenvolvidos desperdiçam aproximadamente a mesma quantidade de alimentos: 670 milhões de toneladas por ano nos países ricos e 630 milhões nos países em desenvolvimento.
No entanto, eles seguem um padrão diferente de desperdício. Nos países mais pobres ou em desenvolvimento, a maior parte dos alimentos é perdida durante o processo de produção e transporte. Já nas nações mais ricas, a maior parte do desperdício acontece quando os alimentos já foram comprados pelos consumidores.
Segundo o relatório da FAO, nos países ricos muitos alimentos vão para o lixo antes mesmo de expirar a data de validade.
As médias de desperdício per capita também são muito maiores em países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per capita é de seis a 11 quilos.
Impacto ambiental – O relatório destaca o impacto negativo do desperdício no meio ambiente. “Isso invariavelmente significa que grande parte dos recursos empregados na produção de alimentos é usada em vão, e que os gases que provocam o efeito estufa causados pela produção de alimentos que é perdido ou desperdiçado também são emissões em vão”, afirma o relatório.
O documento da FAO afirma que no mundo emergente o problema maior é a falta de estrutura produtiva. Já nos países ricos, o principal fator seria o comportamento dos consumidores.
A quantidade total de alimentos desperdiçados nos países industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase equivalente à quantidade total de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de toneladas).
Na América Latina, o maior índice de desperdício se dá na produção de frutas e vegetais. Segundo a FAO, mais de 40% das frutas e vegetais produzidos são desperdiçados durante o processo de produção, pós-colheita e embalagem.
Os dados do relatório “Perdas alimentares globais e desperdício alimentar” serão discutidos em um congresso internacional promovido pela FAO em Dusseldorf na próxima semana, intitulado Save Food!. (Fonte: Portal iG)